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A milBrasil - PCO - No último sábado, 6 de dezembro, diversas organizações de direita, sob a fachada dos movimentos “Vem pra rua” e “Brasil Livre”, entre outros, realizaram mais uma manifestação na Av. Paulista pedindo a deposição da presidenta reeleita.


Engana-se quem pensa que as manifestações, como a que ocorreu no último sábado, são apenas expressão de uma corrente minoritária de opinião.

Seriam, segundo alguns, tão pequenas que devem ser desprezadas por sua insignificância numérica.

Usando argumentos como esse, setores da esquerda pequeno-burguesa justificam sua cegueira política. Fizeram do tamanho das manifestações motivo para ignorar sua importância política.

Porém, os argumentos levantados por quem está tentando tapar o Sol com a peneira estão sendo confrontados pela realidade. E a realidade mostrada nas ruas de São Paulo é a seguinte:

1) Já não é mais “só uma manifestação”. É a quarta, convocada pela direita em São Paulo sob a bandeira do “Fora Dilma”, apenas desde o final do segundo turno. Não é pouco, ainda mais se considerarmos que manifestação semelhante já ocorreu no primeiro semestre, no aniversário de 50 anosda “Marcha da Família” que antecedeu o golpe militar de 1964.

2) Já não se pode mais falar em uma “meia dúzia” de fanáticos de direita. A última manifestação foi numericamente superior às anteriores, o que pode ser facilmente verificado pelas fotografias e vídeos. Mais: não só foi maior, como seu tamanho é dado controverso na cobertura da própria imprensa burguesa. Aparentemente, as organizações Globo não conseguiram chegar a um acordo. O jornal O Globo afirma que haviam 8 mil pessoas na Av. Paulista no sábado. Já o portal G1 dizia que eram 4 mil, citando a Polícia Militar como fonte. Não sabem se as aumentam, ou se tentam escondê-las. De todo modo, tamanho já não é mais um problema. A direita, que não chegava a reunir 50 pessoas em uma manifestação, está levando às ruas, por baixo, 2 mil pessoas. Não é um movimento de massas, mas está longe de ser um número desprezível, justamente porque vem crescendo. Qual foi a última vez que a direita reuniu tantas pessoas?

3) Não se trata de manifestações de uma direita qualquer, genérica, indefinida. Tampouco se reduzem aos setores que reivindicam abertamente um golpe militar (e que por isso, obviamente, deveriam ser chamados de golpistas). Estavam convivendo harmoniosamente com a senhoras e senhores com suas caras pintadas de verde e amarelo, as marcas registradas do fascismo: o anti-comunismo, o racismo, a xenofobia. Não é qualquer coisa. É algo para ser levado em consideração.

A radicalização de setores da classe média mais estreitamente vinculados e dependentes da burguesia (e do imperialismo) em torno à campanha moralista “contra a corrupção” está empurrando a situação além do problema da derrubada do governo do PT.

O que se viu nas ruas no último final de semana é uma evidência concreta de que já está em sua primeira infância, dando seus primeiros passos, (e não mais em gestação) um movimento legitimamente anti-comunista, anti-povo e, consequentemente, de tipo fascista.

Intervenção militar

Como se não bastasse a presença dessa “reivindicação” em manifestações de rua para chamar a atenção de todo trabalhador e de todo jovem estudante preocupado com o que pode acontecer no País no próximo período, a manifestação do último sábado deixou claro que os setores de direita que ali se agruparam não estão apenas fazendo “política” no sentido parlamentar da palavra.

Quer dizer: não saíram às ruas apenas para fazer coro com as palavras proferidas pelos políticos da direita (de Bolsonaro a Aécio Neves) no Congresso Nacional e, assim, compor um quadro em que fazem o papel do apoio vindo “das ruas” à ação da direita burguesa por vias institucionais.

Os discursos nos carros de som (inclusive o de José Serra ao final da manifestação) não disfarçaram as simpatias por uma intervenção militar.

Embora não o tenha afirmado abertamente, a insinuação de um golpe de estado está presente e pode ser compreendida claramente no discurso do senador do PSDB de São Paulo.

"As coisas não vão se resolver em uma semana, um mês ou um ano. Mas precisamos estar prontos para o imprevisto, para o improvável. Não há história sem fatos inesperados" disse José Serra, sem especificar o que seriam "fatos inesperados". (O Globo, 6/12/2014)

Tudo vem de algum lugar

É nas bases, na “militância” reunida pelos organizadores do evento, que fica evidente o caráter fascistoide das forças que foram colocadas em movimento.

Faixas mandando Dilma e o PT “para Cuba”. Cartazes “denunciando” o comunismo como mal que se abate sobre o País e como o principal inimigo a ser combatido. Derrubar o governo do PT já parece apenas um ponto em uma pauta muito mais extensa, quer queira boa parte dos "manifestantes", ou não.

Essa manifestação não surgiu do nada. Pelo contrário, ela expressa um esforço de mobilização da direita e da extrema-direita. Coisa que, é preciso ressaltar, não se faz sem um investimento considerável em dinheiro.

A presença de José Serra e outros tucanos, o apoio do PSDB ao ato (Aécio Neves participou da convocação via internet), mostram um estreitamento da relação entre empresários da indústria de São Paulo, tradicionais apoiadores do PSDB, e a direita que saiu às ruas, segurando suas faixas e engrossando o caldo da campanha pelo impeachment e, disfarçadamente, pelo golpe militar.

Juntamente com o apoio e a "presença" da direita "institucional" correm, por debaixo dos panos, o dinheiro e os recursos materiais necessários para armar o bloco da direita.

É preciso acompanhar os acontecimentos políticos em detalhe. Antes de junho de 2013, não havia manifestação de rua da direita, qualquer que fosse o tamanho.

A direita levantou a cabeça em meio à crise política que se abriu com as manifestações de junho, justamente na manifestação seguinte à fatídica repressão policial ao protesto do dia 13 de junho em São Paulo.

Na ocasião, agiram ainda encobertos pela confusão política e a sucessão rápida de acontecimentos que não foram assimilados como um todo e de imediato pelos participantes. Mas sua intervenção foi inequivocamente um ato de agressão fascistoide contra a manifestação e, em particular, contra os partidos de esquerda.

Misturados entre anarquistas e apartidários, ocultando-se deliberadamente, procuraram dividir aquela manifestação e as seguintes tentando fazer com que a esquerda, que estava desde o princípio na luta, abaixasse suas bandeiras e se retirasse dos atos.

As engrenagens do golpe de estado estão sendo colocadas no lugar

Já existe um roteiro para a realização de uma das reivindicações da direita: a impugnação das contas do PT poderia colocar a legenda na ilegalidade e inviabilizaria uma possível candidatura de Lula, criando as condições ideais para o impeachment de Dilma. Não se trata de ficção, pelo contrário: são consequências lógicas necessárias dos acontecimentos.

Mas, para conseguir esse resultado a direita e as forças pró-imperialistas precisam ir além dos meios de que dispõem. Não bastam artigos de jornal, uma campanha cerrada de denúncias de corrupção na imprensa e discursos no Congresso Nacional.

Foi preciso que a direita lançasse mão da mobilização de forças sobre as quais não possui um controle seguro, mas que são um meio mais adequado, e necessário, ao objetivo.

A mobilização política de setores da pequena-burguesia e da burguesia, e as consequentes manifestações de rua, abriram as portas para a entrada em cena de um fator até então considerado apenas marginal: a organização política da extrema-direita, em que participam ativamente policiais, capangas, neonazistas e o rebotalho que compõe as hordas fascistas.

E uma vez que essas forças foram colocadas em movimento, que direito os elementos de vanguarda da classe operária, e todos os que se reivindicam da luta pelos direitos democráticos, teriam de ignorar tal fato político?

Por que acreditar que os golpistas se deteriam diante da derrubada do governo recém-eleito?

Por que parariam por aí? Por que deixariam intactos os sindicatos ("berços" do comunismo e da "corrupção dos trabalhadores"), organizações populares e partidos de esquerda?

Que motivo teríamos para fechar os olhos diante do perigo iminente?

Por uma frente única anti-fascista

É preciso levar a discussão dos acontecimentos recentes e o balanço da luta política em curso para as organizações da classe operária, sindicatos, associações de bairro e demais organizações populares, além da juventude trabalhadora e o movimento estudantil.

Devemos organizar, desde já, uma frente única anti-fascista para a defesa das organizações operárias, estudantis e populares.


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