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gw 1Brasil - Diário Liberdade - “Não sairemos de nossas terras nem vivos e nem mortos”, “ vamos resistir e morrer pelas nossas terras”.


Esta nota pública de Aty Guasu apresenta o motivo central das lutas infinitas e da resistência permanente declarada dos povos indígenas Guarani e Kaiowá pela recuperação da parcela das terras tradicionais (tekoha) Ypo’i, Guaiviry, Kurusu Amba, Apyka’i, Te’yi Jusu, Itaguá, entre outros tekoha em despejo judicial, localizadas no atual Cone Sul de Mato Grosso do Sul.

Frente à ordem judicial de expulsão dos indígenas de parte das terras, os povos indígenas Guarani e Kaiowa declaram: “Não sairemos de nossas terras nem vivos e nem mortos”, “ vamos resistir e morrer pelas nossas terras”.

1- Idosa rezadora Xurite Lopes foi assassinada pelos fazendeiros no tekoha Kurusu Amba em janeiro de 2007 é um dos motivos principal da resistência dos povos Guarani e Kaiowa em tekoha Kurusu Amba-Coronel Sapucaia-MS frente à ordem de despejo judicial.

2- Os professores indígenas Genivaldo e Rolindo foram assassinados e cadáveres ocultados pelos fazendeiros no tekoha Ypo’i são motivos centrais da resistência Guarani e Kaiowa em tekoha Ypo’i-Paranhos-MS diante da ordem judicial de expulsão dos indígenas.

3- O idoso rezador Nisio Gomes foi assassinado e cadáver ocultado pelos fazendeiros, em novembro de 2011, esse é o motivo da resistência dos povos Guarani e Kaiowá no tekoha Guaiviry-Aral Moreira-MS frente à ordem judicial.

4- O jovem Denilson Barbosa foi assassinado pelo fazendeiro em fevereiro de 2013 no tekoha Pindo Roky, Itagua, Tey’ijusu-Caarapó-MS. Esse é o motivo da resistência dos povos Guarani e Kaiowa na região de Caarapó-MS frente à ordem de despejo judicial.

5- No tekoha Apyka’i-Dourados-MS, seis indígenas Guarani e Kaiowa foram assassinados pelos fazendeiros. Esse um dos motivos da resistência dos povos Guarani e Kaiowá no tekoha Apyka’i frente à ordem judicial de expulsão dos indígenas Guarani e Kaiowá.

Já passados mais de sete (07) anos não ocorreu demarcação das terras indígenas Ypo’i, Kurusu Amba, Guaiviry, Pindo Roky, Tey’i Jusu, entre outros tekoha demandados, a demarcação é paralisada por parte do governo federal. Os fazendeiros assassinos dos Genivaldo e Rolindo, Nisio Gomes, Xurite Lopes, Denilson, entre outros não são punidos pela justiça federal. No entanto, no mês de julho, a Justiça Federal-MS expediu sete (07) ordens de despejo aos indígenas, decidindo contrariamente à sua permanência nas terras indígenas demandadas em demarcação. Contudo, mais de quinze (15.000) mil indígenas resistem e decidem permanecer definitivamente nos tekoha já reocupados, mandando uma só mensagem ao governo e justiça federal dizendo que não sairão dos tekoha: “Não sairemos de nossas terras nem vivos e nem mortos” “ vamos resistir e morrer pelas nossas terras”; assim se manifestam à justiça federal. Assim, diante desse contexto tenso de aflição e perplexidade, diante de um eminente despejo por forças policiais, milhares de indígenas Guarani e Kaiowa do cone sul do Estado de Mato Grosso do Sul se transladam aos tekoha em apoio às lutas e à resistência dos povos Guarani e Kaiowa.

Para deixa claro à justiça e ao governo federal que os povos Guarani e Kaiowa nunca desistirão de tekoha demandados relatamos a história da reocupação dos tekoha Kurusu Amba e Ypo’i, resistência definitiva dos povos Guarani e Kaiowá na última década.
Uma parcela da terra indígena tekoha Kurusu Amba-município de Coronel Sapucaia foi reocupada pelos indígenas Guarani e Kaiowa no dia 06 de janeiro de 2007. De fato, no dia 09 de janeiro de 2007, as barracas de 80 famílias indígenas foram atacadas a tiros e expulsos de forma violenta por homens armados das fazendas. Durante essa ação de ataque e despejo violento, a rezadora idosa Xurite Lopes, com 73 anos, foi assassinada por vários tiros dos jagunços das fazendas.

As famílias indígenas foram largadas à margem da rodovia. Alguns meses depois disso, em maio de 2007, mais de 200 indígenas voltaram a reocupar o tekoha Kurusu Amba. Pela segunda vez, as famílias passaram a sofrer violências de fazendeiros sendo despejada novamente, no dia em que vários indígenas ficaram feridos.

Em dezembro de 2007, pela terceira vez, as famílias voltaram a retomar o tekoha Kurusu Amba. Novamente os indígenas foram atacados e expulsos pelos pistoleiros das fazendas.

Mais de 300 Guarani e Kaiowa evidenciam que em um ano (o de 2007) tentaram reocupar o tekoha Kurusu Amba por 3 (três) vezes, mas sofreram três despejos dos fazendeiros, porém não desistiram e nunca desistirá de tekoha Kurusu Amba.

No dia 24 de novembro de 2009, ocorreu quarta reocupação do tekoha Kurusu Amba. Os pistoleiros das fazendas tentaram atacar e expulsar os indígenas com os mesmos métodos de expulsão e violências anteriores, mas não conseguiram mais fazer expulsão dos indígenas de Kurusu Amba. Os indígenas resistiram à ação dos pistoleiros. Após três expulsões, os indígenas garantiram a sua permanência na parte pequena do tekoha Kurusu Amba reocupada. Assim sendo, os fazendeiros recorreram à Justiça Federal da 1ª Instância, em Ponta Porã-MS, solicitando uma ordem de reintegração de posse. A Justiça Federal em Ponta Porã atendeu a solicitação dos fazendeiros e autorizou o despejo dos indígenas do tekoha Kurusu Amba. Essa ordem de despejo foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em São Paulo. Em dezembro de 2014, sete (07) anos depois, os indígenas reocuparam mais uma parcela da terra Kurusu Amba. Em julho de 2015, a Justiça Federal em Ponta Porã-MS atendeu novamente o pedido dos fazendeiros e ordenou a expulsão dos indígenas de Kurusu Amba. Diante da decisão judicial, os indígenas passam então a enviar as suas decisões através de cartas à Justiça Federal e ao governo federal, comunicando que decidem resistir à ordem de despejo. “ não sairemos de nossas terras nem vivos e nem mortos”.

A parte da terra indígena tekoha Ypo’i-município de Paranhos, foi reocupado pelos indígenas no dia 31 de outubro de 2009, segundo dia da reocupação, as famílias reocupantes de tekoha Ypo’i foram atacadas, massacradas e despejadas por um conjunto de pistoleiros armados da Fazenda São Luiz. No momento em que o professor indígena Genivaldo Vera foi sequestrado e assassinado durante essa primeira tentativa de reocupação de tekoha Ypo’i. O professor Rolindo Vera foi também capturado, assassinado e seu cadáver ocultado pelo grupo de pistoleiros.

No dia 18 de agosto de 2010, centenas de indígenas Guarani e Kaiowa decidiram reocupar pela segunda vez a parte da terra tekoha Ypo’i onde resistem até os dias de hoje. Diante da paralisação da demarcação do tekoha Ypo’i, em abril de 2015, mais de 400 indígenas reocuparam mais um pedaço do tekoha Ypo’i. Em julho de 2015, a justiça federal em Ponta Porã-MS ordenou a expulsão dos indígenas Guarani e Kaiowa do tekoha Ypo’i, porém os indígenas declaram: “não vamos sair de nossa terra Ypo’i nem vivos e nem mortos”. De modo igual declaram os indígenas do tekoha Guaiviry, Apyka’i, Tey’i Jusu, Itaguá, e todos os tekoha. Essa é a decisão definitiva dos povos Guarani e Kaiowa. “É nunca desistir de nossos tekohas reivindicados”.

Tekoha Guasu Guarani e Kaiowa, 06 de agosto de 2015.

Aty Guasu Guarani e Kaiowa luta contra o genocídio


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