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270216 jcBrasil - PCB - [Afonso Costa] A irreverência dos brasileiros diz que o ano começou no dia 15 de fevereiro. Passaram as festas de final de ano, o calor de janeiro já invadiu as praias, acabou o carnaval. As aulas recomeçaram, as crianças voltaram às ruas.


Enquanto tentamos levar a vida com nossas peculiaridades, apesar das dificuldades, os donos do capital atuaram na surdina como é do seu feitio, fechando acordos espúrios, jogando areia em nossos olhos e partilhando o Brasil entre si. Escancaram as portas para a privatização dos serviços públicos:

“Foi publicada no Diário Oficial da União da quinta-feira, 11, decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite a contratação pelo Poder Público de organizações privadas, sem licitação, para serviços de ensino, pesquisa científica, saúde, cultura, desenvolvimento tecnológico e proteção e preservação de meio ambiente. A publicação da decisão, proferida em abril de 2015, é mais um facilitador do desmonte do serviço público, que prejudica usuários e trabalhadores.

Na decisão, por 7 votos a 2, os ministros reconheceram a validade da lei 9.637/1998, norma que havia sido questionada apenas pelo PT e pelo PDT quando ainda faziam oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso, autor da lei. Os votos contrários à norma foram dos ministros Marco Aurélio e Rosa Weber” (Sintrajuf/RS e ConJur).

Como se isso não bastasse está para entrar em votação no Senado, com anuência da presidente Dilma e apoio decisivo do presidente da casa, Renan Calheiros, o projeto que diminui a atuação da Petrobrás na exploração no pré-sal, de autoria do senador José Serra (SP). O projeto permite a exploração de campos de petróleo do pré-sal sem a presença, até agora obrigatória, da empresa brasileira. A menina dos olhos do capital internacional.

Como lucro para os capitalistas nunca é demais, também está tramitando, a ser votado a qualquer momento, o Projeto de Lei do Senado (PLS) que cria a Lei de Responsabilidades das Estatais, baseado em medidas que favorecem a privatização das últimas empresas efetivamente públicas, como a Caixa Econômica Federal e outras.

Os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário se uniram para favorecer o capital de uma forma poucas vezes vista. O governo conseguiu se livrar, pelo menos provisoriamente, da tentativa de impeachment, ganhando tempo e ar para tentar resolver a crise econômica – impossível com sua subserviência ao capital financeiro – e levar seu mandato até o fim. Os hospitais, os remédios, os pagamentos dos servidores, a educação e demais serviços públicos pouco importam. Em agosto tem as Olimpíadas, circo garantido. O mosquito agradece.

Nas páginas dos jornais e nas telas das tevês o impeachment foi desaparecendo, desaparecendo, o vice Temer fez as pazes com a presidente, o deputado Cunha perdeu espaço em sua base no estado do Rio de Janeiro (viva Picciani?), o senador Aécio Neves, antes intocável, foi mencionado (finalmente) em denúncias de corrupção. Até FHC entrou na dança. O governador Alckmin não, continua ileso apesar das merendas, pois tudo indica ser o próximo candidato do PSDB ao Planalto (tucano não, o pássaro não merece).

Enquanto isso Lula é linchado pela mesma mídia, a das famílias e pastores. Entre as duas bandas de uma mesma bunda a burguesia mudou sua opção preferencial, não lhe interessa mais a aliança prioritária com a aristocracia operária, que já cumpriu seu papel de bombeiro da luta de classe. Diante da crise, o capitalismo clama por acelerar sua investida sobre os bens e serviços públicos. O PT reclama, grita, mas não esperneia. A duras penas e custo altíssimo para o país e o povo brasileiro salvou, por enquanto, o governo Dilma.

A burguesia avançou em seu projeto de maximizar o lucro, de privatizar mais do que nossas riquezas e nosso trabalho, nossas vidas. A chantagem da Standard & Poor’s tem sua serventia.

O atual ministro da Fazenda andou sumido – o antigo foi para os EUA dirigir mais uma instituição financeira internacional. O projeto de atacar ainda mais a Previdência deverá ser o ovo de Páscoa. Afinal, entrega-se tudo, mas aos poucos, é o meio de se manter no poder. Por isso ficou a cargo do Ministério do Emprego e da Previdência Social apresentar os “estudos” que indicam mais perdas para os trabalhadores. As mulheres, os trabalhadores rurais e os servidores públicos são os alvos da vez.

Os estudantes de Goiás estão enjaulados, os servidores e terceirizados sem salários, os povos da terra são vitimizados diariamente, o rio Tapajós, a joia da Amazônia, finalmente foi poluído, em São Paulo a escola pública perdeu mais de um mil salas de aulas. A ferocidade da sanha capitalista não tem limite.

Quanto pior melhor é uma inverdade sem fundamento histórico. Quanto pior, pior mesmo, mas em que pese a ofensiva da burguesia as reações em nível nacional não param de se multiplicar: estudantes, professores, servidores públicos, operários, sem terra, indígenas, comunidades se levantam em todo o país. Ainda não articulados e organizados em nível nacional, mas se levantam,

O povo não é bobo! Seu caminhar nem sempre é identificável, previsível; porém, quando começa, é imparável.

Afonso Costa é Jornalista


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