Após reunião com a bancada do partido na manhã da última sexta-feira, dia 24, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), declarou que "se depender da bancada do PSDB, protocolamos este pedido (de impeachment) entre terça e quarta-feira (dias 27 ou 28 de abril)".
"A decisão (da bancada) foi tomada, o impeachment é cabível e não precisamos aguardar mais nenhum parecer. Respeitamos a posição do ex-presidente Fernando Henrique e dos senadores que discordam, mas a Casa que decide é a Câmara. A bancada tem clareza de que o momento enseja o impeachment" e que, "95% da bancada" apoia a decisão, disse.
Mas na noite da mesma sexta-feira, voltou atrás e disse: "Talvez tenha me expressado mal. Vou na terça pela manhã tomar um café com o Aécio para levar a posição da bancada, para ouvi-lo. Ouvi-lo mesmo, porque a decisão tem que ser conjunta" (sic); completando, "vou levar a posição da bancada. Para a bancada, não tem mais o que aguardar. Já temos os elementos e daí vamos decidir conjuntamente". A motivação seria crime de responsabilidade com base nas chamadas pedaladas fiscais e por suposta omissão da petista no esquema de corrupção da Petrobras.
A reunião que teria sido convocada para discutir a infraestrutura do País, se tornou em uma reunião para tomar posição sobre o golpe. Mas o deputado, empolgado com o resultado da reunião acabou dando com a língua nos dentes. E logo teve a orelha puxada por lideranças do partido. O impeachment é a alternativa para a derrubada do governo, mas não tem de ser anunciado, tem de ser colocado em prática.
A justificativa apresentada por Aécio é que seria necessário aguardar o parecer dos juristas. O partido aguarda um parecer do professor Miguel Reale Júnior. Outro parecer já favorável ao impedimento da presidenta foi do Ives Gandra Martins. Mas como alertou Martins, o momento ideal para se pedir o impeachment é quando o país "estiver ingovernável"; é um "processo eminentemente político. O elemento jurídico vai contar pouco na decisão. O PSDB devia esperar mais um pouco", disse.
Aécio Neves publicou nota em nome da direção do partido onde disse que um "eventual pedido de impeachment da presidente da Dilma Rousseff será tomada com 'cautela e responsabilidade que têm pautado nossa posição até aqui". FHC declarou pedir o impeachment nesse momento é "precipitação".
O deputado de Minas Gerais, Marcus Pestana, saiu em defesa do líder, "não há discordância. Nem Fernando Henrique Cardoso, nem José Serra. Está todo mundo escandalizado com o descalabro. O que há é muito em cima das evidencias jurídicas. Só que o Carlão (Sampaio) nos últimos dias avançou".
Como foi destacado no jornal O Estado de São Paulo, Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Paulinho do Solidariedade acham que a estrutura do governo foi usada para fins eleitorais, e o pedido de impeachment precisa ser feito imediatamente. Se existe alguma divergência, é o fato de que o golpe não pode se parecer com um golpe.