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140914 paulo roberto costaBrasil - PSTU - Após a revelação da escandalosa compra da refinaria de Pasadena no Texas, em que a Petrobras pagou inacreditável 1,2 bilhão de dólares pela refinaria que havia sido comprada pouco antes por 42 milhões, outro escândalo promete agitar ainda mais o cenário eleitoral.


O depoimento do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso durante a operação Lava Jato da Polícia Federal, coloca na roda figurões da política, envolvendo uma ampla gama de partidos, ministros e governadores.

O ex-diretor da estatal foi preso em março, conseguiu ser solto e voltou à cadeia em junho. Contra ele pesam, entre outras coisas, uma conta com 23 milhões de dólares na Suíça. Diante da situação, Costa resolveu salvar a pele aderindo ao programa de delação premiada. Ele já havia ameaçado abrir o bico, dizendo que, se falasse o que sabia, "não haveria eleições". Ao que parece ele resolveu contar pelo menos parte da história.

Segundo informações da revista Veja, o ex-diretor da Petrobras teria relatado à Polícia Federal um megaesquema de superfaturamento de contratos da estatal com uma série de empresas, e o desvio de recursos a políticos e partidos. A propina de 3% sobre o valor dos contratos seria direcionada a partidos da base aliada. Um mecanismo bastante parecido ao que veio à tona nas denúncias do mensalão em 2005, mas em valores bem maiores.

O ex-diretor da Petrobras seria responsável por firmar os contratos superfaturados cujos recursos seriam lavados pelo doleiro Alberto Youssef, também preso em março. Acredita-se que Youssef tenha movimentado um montante de R$ 10 bilhões. Depois, parte dessa grana desviada seria repassada aos políticos da base aliada. A ponte entre a estatal e os partidos seria ninguém menos que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Ainda segundo a revista, Costa teria citado como integrantes do esquema três governadores: Roseana Sarney do Maranhão (PMDB), o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), morto no mês passado. Estariam na lista ainda o presidente do Senado, Renan Calheiros e o da Câmara, Henrique Alves, o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão (todos do PMDB), e outros 24 deputados federais.

As obras superfaturadas impressionam pelos valores. Só a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, tem orçamento estimado em 20 bilhões de dólares, valor equivalente a quase 20 vezes seu preço inicial. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, também figura entre a lista de obras superfaturadas.

O pânico que toma conta do governo não é por menos. Roberto da Costa foi diretor de abastecimento e refino da Petrobras de 2004 a 2012. Inicialmente indicado pelo PP, ele foi ganhando simpatia e influência entre políticos das mais variadas siglas e empresários. Além de políticos importantes, esse novo escândalo respinga inevitavelmente em Dilma, já que a presidente foi ministra de Minas e Energia e do próprio Conselho de Administração da Petrobras.

Recursos públicos, negócios privados

Por enquanto, o escândalo se resume ao vazamento do depoimento divulgado pela revista Veja, que tem os seus próprios interesses nessa história. Além de atacar as candidaturas de Dilma e Marina, a fim de beneficiar o tucano Aécio Neves, a revista não esconde seu viés privatista, sempre tentando associar a corrupção ao caráter estatal da empresa. Pelo barulho que vem fazendo e a repercussão que provoca no governo, no entanto, as denúncias parecem ter consistência.

Esse novo caso de corrupção mostra como o governo utiliza a Petrobras como um verdadeiro balcão de negócios para saciar a fome dos partidos burgueses aliados. O loteamento de cargos e o desvio de recursos, porém, ao contrário do que fazem parecer o PSDB e parte da imprensa, não tem nada a ver com seu caráter estatal. Sob o governo do PT, ao contrário, avançou-se no processo de privatização da Petrobras. Hoje, 53% das ações da empresa estão nas mãos dos acionistas estrangeiros. A corrupção ocorre justamente no estreitamento das relações espúrias entre a estatal e as empreiteiras.

Mostra ainda como o financiamento dos políticos e partidos pelas grandes empresas e empreiteiras é um dos principais fatores que provocam corrupção. Trata-se de um investimento que as grandes empresas fazem esperando retorno tanto na forma de leis que as beneficiem como no puro e simples desvio de verbas. Isso se reflete na Petrobras no avanço do setor privado sobre a empresa, além das inúmeras obras superfaturadas.

As denúncias de Paulo Roberto Costa atingem Dilma, mas também Marina, que se coloca como representante da "nova política", mas não pensa duas vezes antes de tentar acobertar as irregularidades em que Eduardo Campos possa estar envolvido, como qualquer outro político faria. O PSDB, por outro lado, não tem a mínima moral para falar de corrupção, como mostraram os escândalos do aeroporto em Minas ou o "trensalão" de São Paulo, ambos devidamente abafados com a ajuda de parte da imprensa.

A corrupção na Petrobras reforça a necessidade da proibição do financiamento dos partidos pelas empresas, como também coloca a necessidade da campanha por uma Petrobras 100% estatal e controlada pelos próprios trabalhadores. Só assim deixará de ser esse balcão de negociatas e corrupção tocadas pelos partidos e empreiteiras.


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