Ilustração de Fernando Shoiti Schatzmann (CC BY 2.0)
A política de aumento dos juros é imposta pelo imperialismo como o principal mecanismo de contenção da inflação e tem como objetivo garantir os lucros dos bancos. Trata-se de um círculo vicioso, onde a alta da inflação impacta em cheio os preços dos produtos básicos, ao mesmo tempo que a contração do crédito impacta a capacidade de compra dos trabalhadores, que têm visto os ingressos serem fortemente corroídos.
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O aumento do endividamento privado tem levado a um maior aperto na concessão de crédito pelos bancos.
Por trás do aumento da inadimplência encontra-se a política orquestrada pelo governo do PT de manter um certo crescimento da economia brasileira em cima do repasse de enormes volumes de recursos públicos através do mercado financeiro. O crédito tem aumentado a ritmos de 20% ao ano nos últimos anos. Agora, devido ao aprofundamento da crise mundial, o imperialismo norte-americano exige que sejam aumentados os recursos que são repassados para os bancos.
As políticas públicas se encontram numa encruzilhada sem saída em todos os setores da economia. O aumento dos juros somente pode conduzir ao aumento do endividamento da população e das tendências recessivas, o que, por sua vez, provocará o aumento da inadimplência. Se as taxas de juros não subirem, aumentará a inflação, o que provocará a corrosão dos ingressos das massas e, portanto, também, a subida da inadimplência e a queda dos lucros dos bancos, que é a prioridade imposta pelo imperialismo.
Quando a inflação aumenta e o poder de compra cai, evidentemente aumentam os atrasos no pagamento de dívidas. Os mecanismos de contenção da crise capitalista no Brasil tiveram como um dos pilares uma enxurrada de crédito viabilizada com recursos públicos a partir de 2009. Uma grande parte das dívidas foi contraída a prazos longos, principalmente na compra de imóveis e automóveis. Grandes bolhas foram acumuladas e ameaçam explodir no próximo período.
Políticas recessivas somente conduzem a crises maiores: a história ensina!
A economia brasileira se encontra sufocada pelo crescente aperto do imperialismo, em primeiro lugar, o imperialismo norte-americano, que tenta manter os lucros dos monopólios por causa das perdas sofridas nas demais regiões do mundo e o esgotamento da especulação financeira.
Estamos entrando numa fase parecida com a que o Brasil passou no início dos anos de 1980, quando Delfim Neto encabeçou as políticas recessivas para controlar a inflação e conter as tendências revolucionárias que tinham se desenvolvido a partir da crise mundial do petróleo e levado ao colapso da ditadura militar. Essas políticas levaram ao aprofundamento da crise e a um ascenso operário de largas proporções. Em 1983 foi fundada a CUT e, em 1985, aconteceram 15 mil greves. O ascenso foi contido por meio dos planos Cruzado e as políticas neoliberais. O que está colocado agora é a retomada do ascenso, mas uma escala ainda maior por causa do aprofundamento da crise capitalista em escala mundial, principalmente nos países desenvolvidos.