Foto: Ichiro Guerra (CC BY-NC 2.0)
A Selic é usada como referência em algumas operações públicas, fundamentalmente, para os empréstimos que o BC e os bancos públicos fazem para os capitalistas. Ou seja, é um instrumento para repassar dinheiro público subsidiado. Uma parte dos títulos públicos são cotados em cima da Selic, mas o percentual deles, indexado pela Selic, tem sido reduzido e trocado por outros mecanismos de indexação. Na prática, os títulos públicos passaram a render, na média, 2% a 3% acima da taxa Selic.
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Os lucros dos bancos, apesar de continuarem em patamares estratosféricos, têm caído, impactados pelos altos provisionamentos para cobrir a falta de pagamentos. O aumento da Selic tem provocado a retomada dos aumentos das taxas de juros sobre a população. As estelionatárias tarifas bancárias representam outros dos mecanismos para engordar os lucros dos banqueiros.
Os principais países, em escala mundial, usam o mesmo mecanismo para manter a economia capitalista funcionando, o que equivale a garantir os lucros dos capitalistas com recursos públicos. O dinheiro público quase sem limites é emprestado pelos governos a baixíssimas taxas que, a seguir, é emprestado a taxas muito maiores ou aplicado diretamente na especulação financeira, rendendo suculentos lucros, em operações denominadas carry trade (toma lá e dá cá).
O grau de concentração da crise capitalista mundial no estado burguês continua aumentado sem parar. Os investimentos públicos estão paralisados. O parasitismo público atinge níveis assustadores. Nenhuma grande empresa, no Brasil ou em qualquer país do mundo, hoje conseguiria se sustentar pelas próprias pernas. Essa situação reflete o esgotamento histórico do sistema capitalista, que somente consegue funcionar mediante operações altamente artificiais, ao mesmo tempo que representa uma semente da sociedade futura, o socialismo, dentro do capitalismo, da mesma maneira que o crescimento das cidades e do comércio representavam uma semente da sociedade burguesa no seio da Idade Média.
Para o próximo ano, está previsto um novo colapso capitalista em larguíssimas proporções. Os fatores materiais que estão na base da pacificação das massas, cada vez mais, ficam comprometidos. Esta é a base do inevitável confronto entre a burguesia e o proletariado.