Foto: Lama em distrito de Mariana, interior de MG, depois de rompimento de barragem. Por A. Cruz/ABr.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outros movimentos populares do norte de Minas Gerais paralisaram hoje (7) a Ferrovia Centro Atlântica, administrada pela Vale, no trecho entre Montes Claros e Belo Horizonte. O ato é em solidariedade aos atingidos pelo desastre em Mariana (MG), ocorrido em 5 de novembro, com o rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco, da qual a Vale é detentora de 50% das ações.
O movimento pede também que o governo federal e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) cumpra o compromisso firmado em fevereiro deste ano em relação à posse de terra de áreas ocupadas pelo MST no estado mineiro.
“Ele [ministro Patrus Ananias] se comprometeu a dar emissão de posse em uma área do MST no dia 20 de Fevereiro, se comprometeu [a dar resposta] em 60 dias. Em agosto, nós paramos uma rodovia e houve, novamente, o comprometimento para setembro, e agora estamos organizando esta manifestação e queremos uma resposta concreta dele”, explicou Oswaldo Samuel, do MST.
Ele destaca que o ato é também em solidariedade aos atingidos pela tragédia em Mariana (MG). “Faz um mês do crime da mineradora [Samarco] ligada à Vale lá em Mariana e a empresa não se comprometeu de verdade com os moradores”, apontou.
Samuel explica que, no norte de Minas Gerais, as mineradoras estão cada vez mais presentes. “Nós temos visto como é ação delas no ponto de vista da truculência que elas usam para entrar nas terras camponesas para avaliar o subsolo e para implementar a mineração”, relata.
Acordos
Samuel explica que o acordo feito em fevereiro com o Ministério do Desenvolvimento Agrário incluía os acampamentos Eloy Ferreira, Garrote, Professor Mazan e João Pedro Teixeira. Ele informou que, no Eloy Ferreira, os documentos já foram acertados com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Minas Gerais, mas não houve, até o momento, encaminhamento para Brasília.
Já a fazenda Corguinho, do acampamento Garrote, está ocupada há três anos e, antes, estava abandonada há mais de dez anos. No caso do acampamento João Pedro Texeira, Samuel informou que a fazenda possui dívidas que superam o valor da propriedade. Os militantes cobram a adjudicação da fazenda, que é tomada de posse pelo credor da dívida, para fins da reforma agrária.
O Brasil de Fato procurou o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.