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AlbertoPasqualini

Brasil - Diário Liberdade - [Norberto Liberator Neto] Cemitério São João Batista, bairro do Botafogo, Rio de Janeiro. Dentro de uma sepultura em estado de abandono, inclusive sem lápide, estão os restos mortais de um dos maiores pensadores e atores políticos da história do Brasil.


Foto: Alberto Pasqualini. Por Alexsandro Witkowski.

A informação é do historiador Roberto Bittencourt da Silva, autor de “Alberto Pasqualini: Trajetória Política e Pensamento Trabalhista”, sua tese de doutorado e biografia política do homem que lançou as bases do trabalhismo brasileiro. Bittencourt foi até o cemitério, pediu para encontrar o túmulo onde estava aquele que era objeto de seu estudo. Tentativa falha: o nome de Pasqualini não constava na lista de pessoas célebres ali enterradas. Mas quem foi Alberto Pasqualini e por que sua vida foi tão importante? No próximo dia 23, data em que o senador completaria 113 anos, é bom relembrar ou aprender – e não esquecer.

Engana-se quem pensa que foi Getúlio Vargas o formulador do pensamento trabalhista brasileiro, linha ideológica essencialmente nacional e que culminou nas maiores conquistas sociais que o país teve (férias remuneradas, FGTS, convênio de assistência médica, voto feminino, direitos dos trabalhadores do campo, 13º salário etc). Pasqualini escreveu diversos artigos e livros no sentido de dar ao PTB (vale lembrar que o PTB da época era um outro partido, com linha ideológica muito diferente do atual) uma ideologia concisa, um programa que representasse de fato um ideal. No entanto, iniciara a carreira política no extinto Partido Libertador, sendo cassado quando da implantação do Estado Novo por Vargas. Foi só mais tarde que Pasqualini filiou-se ao partido do presidente, tendo influenciado em diversas medidas do governo federal, e representando uma corrente interna considerada radical de esquerda – corrente de onde surgiram, entre outros, Leonel Brizola e João Goulart (Jango), chamada de “Linha Pasqualini”.

Designado por Jango para escrever o programa partidário e ideológico do PTB, Pasqualini tornou suas ideias, vistas como radicais, a posição oficial do partido. Definiu, assim, a essência do trabalhismo como sendo a busca por um Estado que promova a justiça social, distribuindo as riquezas e eliminando o que chamou de usuras sociais – que seria o enriquecimento graças ao trabalho e esforço alheios, ou seja, a exploração do homem pelo homem. Também propôs um mercado comum na América do Sul, muito antes das primeiras propostas para criação do Mercosul. O que o programa do PTB apresentado por Pasqualini propunha era uma sociedade igualitária, de economia planificada, socialista. Mais do que isso, um socialismo de fato brasileiro, que entenda as particularidades nacionais e trabalhe na direção de respeitá-las, para ser de fato eficiente. Tais ideias foram incorporadas ao programa do PDT, infelizmente um partido descaracterizado atualmente.

Resgatar a memória de Pasqualini, hoje limitada a círculos acadêmicos especializados e a militâncias de partidos que se reivindicam herdeiros do trabalhismo clássico, é resgatar a história do Brasil e das ideias que levariam à base de construção de um caminho essencialmente brasileiro para o socialismo, sem importar modelos da Rússia, Cuba ou China, como costumavam fazer os movimentos marxistas. Este caminho nacional, adaptado para a realidade brasileira, é o que Brizola e Darcy Ribeiro chamariam de socialismo moreno. O trabalhismo de Pasqualini, Jango, Brizola e Darcy é a via brasileira da busca de uma sociedade justa, igualitária e verdadeiramente democrática, onde o poder emane do povo e não de barões da mídia, dos bancos e do agronegócio. Enquanto tudo isso parece longe de se concretizar, que, pelo menos, a memória de quem o tentou possa ser resgatada e preservada.


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