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aguaspBrasil - Diário Liberdade - [Eduardo Vasco] O Estado de São Paulo vive há meses uma crise de água sem precedentes causada pelos capitalistas com um grande apoio do Governo do PSDB. O "volume morto" (reserva subterrânea da represa, cuja qualidade aparentemente não é muito boa) do Sistema Cantareira, que abastece boa parte da região – como a própria capital –, está na casa dos 10% de sua capacidade.


A falta de chuva não é desculpa para a crise. Há 30 anos o volume do Sistema Cantareira não é ampliado. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) tinha a obrigação de aproveitar o excesso de água das fortes chuvas que caíram nos últimos anos, principalmente em 2011.

Racionamento às escondidas

O governador Geraldo Alckmin insiste que não há e nem haverá racionamento, e a grande mídia compra essa mentira. Apesar disso, parece que o povo está acordando em relação a esse tema. De acordo com uma pesquisa do DataFolha de agosto, a maioria da população acredita que Alckmin fornece somente os dados que interessam à sua gestão.

Segundo outro estudo do mesmo órgão, até metade de agosto 46% dos cidadãos da cidade de São Paulo relatou falta de água. O Ibope também divulgou uma pesquisa recente que mostra que 38% dos eleitores sofreram interrupção no abastecimento de água em suas casas nos últimos três meses, sendo 50% na capital e 55% na sua região metropolitana.

Leia também: 'A água vai ser o novo divisor socioeconômico', diz socióloga

O governo do PSDB diz que não há racionamento – uma verdadeira mentira, há anos o povo do subúrbio sofre com falta de água, principalmente os pobres das comunidades que vivem em habitações precárias – e mesmo assim já gastou mais do que se tivesse feito um racionamento transparente.

Um mês atrás, a Folha publicou reportagem mostrando que a queda na produção de água do Sistema Cantareira nos cinco meses anteriores já era equivalente a uma situação de racionamento, com um rodízio de três dias sem água para cada 1,5 dia com abastecimento.

Lucros exorbitantes para os empresários e sucateamento da infraestrutura

Toda esta crise é o resultado dos acordos do governo do PSDB (que emprega há 20 anos uma política neoliberal no Estado) com os grandes capitalistas. A Sabesp está à poucos passos de sua completa privatização.

"A Sabesp orgulha-se de afirmar que tem ações no mercado de capitais e figura na lista de empresas na Bolsa de Nova Iorque há mais de dez anos, além de distribuir importantes dividendos a acionistas da empresa. Esse tipo de gestão para um serviço público essencial, como é o caso da água e esgoto, está longe do ideal, isso fica claro. (...) E a tendência de privatizar serviços públicos, uma política comum nas ações do Governo de SP, não tem bons resultados quando se observa a Sabesp", analisa Paulo Fiorilo em um artigo no site Brasil 247.

Realmente, a empresa controlada pelos direitistas tucanos e seus amigos empresários não tem a menor intenção de servir ao povo paulista, apenas aos interesses privados. São incontáveis somas de dinheiro público que vão para seus bolsos. Por ano, a Sabesp fatura R$ 11 bilhões em tarifas cobradas dos consumidores.

Pouco mais de um mês atrás, o jornalista Altamiro Borges escreveu na Carta Maior: "De 2004 a 2013, a Sabesp distribuiu R$ 4,8 bilhões de lucros aos seus acionistas no Brasil e no exterior. Neste mesmo período, porém, ela não cumpriu as diretrizes fixadas pela outorga do Sistema Cantareira de 2004, quando houve outra crise de abastecimento em São Paulo e já eram estabelecidas ações e investimentos para atender às demandas da população. À época, Geraldo Alckmin já ocupava o Palácio dos Bandeirantes, em seu primeiro mandato, e também pediu para a população economizar água, enquanto apontava a falta de chuva como razão para o desabastecimento". Nenhuma das medidas foi executada plenamente. "Além disso, para saciar o apetite dos acionistas por lucros, houve redução dos investimentos no setor e a Sabesp ainda demitiu trabalhadores e reduziu a manutenção do sistema."

Como o Governo do Estado se recusou a melhorar a infraestrutura, o sistema de fornecimento de água foi sucateado. Em programa da Globo News, Marilene Ramos, do Centro de Regulação da Fundação Getúlio Vargas, apontou que "entre 30% e 40% da água fornecida para a população se perde no próprio processo de abastecimento".

Alckmin e o PSDB adoram dar o dinheiro do povo para as empresas privadas. A empresa ModClima foi contratada, no começo do ano, por R$ 4,5 milhões para produzir chuva artificial sobre os reservatórios, o que não surtiu nenhum efeito, a não ser a transferência de dinheiro dos cofres públicos para os empresários – e, possivelmente, para o bolso do governador.

No final de agosto, a Sabesp proporcionou R$ 11 milhões a mais para as empresas que lhe prestam serviço de publicidade (Lew Lara, Fisher América e White), elevando para quase R$ 45 milhões seus gastos com essas empresas desde março.

As obras do bombeamento do "volume morto" tiveram um custo de R$ 80 milhões. O equipamento para bombear a água funciona à base de diesel porque ainda não foi conectado à rede elétrica e os gastos já chegam a mais de R$ 3 milhões em quatro meses.

Violação dos direitos humanos

O fornecimento de água deveria ser completamente estatizado, para proporcionar o elemento mais básico e essencial à vida para toda a população, porém é mais interessante para os poderosos que isso seja privatizado e eles lucrem com isso.

Também porque os ricos dificilmente sofrerão racionamento como ocorre há muito tempo com os trabalhadores da periferia. Um levantamento da Sabesp mostrou que os bairros nobres da cidade de São Paulo são os que menos economizam água.

"Quando os únicos que sofrem com a falta de água são os pobres, pessoas que não têm voz na sociedade, as coisas não mudam", diz em entrevista à Folha a portuguesa Catarina de Albuquerque, relatora das Nações Unidas para a questão da água. Mas adverte: "Quando as pessoas que são ameaçadas com a falta de água são as com poder, com dinheiro, com influência, aí as coisas podem mudar, porque eles começam a sentir na pele".

Ela fala sobre os desmandos na privatização da água, o que afeta a maior parte da população. "No caso de uma empresa pública prestar um serviço que equivale a um direito humano, deveria haver maior limitação na distribuição dos lucros aos acionistas."

Para a própria relatora, o desabastecimento, especialmente para o povo mais desfavorecido, é uma violação dos direitos humanos. "A partir do momento em que parte dos recursos é enviada a acionistas, não estamos cumprindo as normas dos direitos humanos e, potencialmente, estamos face a uma violação desse direito."

Efeitos da falta de água para os trabalhadores

Os trabalhadores pobres da periferia são os que mais sofrem, pois são as regiões mais afastadas do centro que a Sabesp elege de bode expiatório. Algumas cidades do interior do Estado já declararam estado de calamidade. Na região metropolitana há racionamento, embora a empresa às vezes diga que está fazendo "serviços de manutenção".

A falta de água também afeta a saúde e os serviços, além de gerar desabastecimento elétrico. A própria produção sofre os efeitos da crise, e os trabalhadores, como sempre, são os primeiros a sentirem as consequências.

Uma pesquisa feita em maio pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) revelou que até então mais de 3 mil trabalhadores haviam sido demitidos devido à falta de água, que reduziu o ritmo da produção e fez cair a produtividade das indústrias. Segundo a Fiesp, a tendência é que a situação se agrave ainda mais nos próximos meses.


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