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donbassUcrânia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A crise capitalista na Ucrânia se desenvolve a todo vapor, ameaçando se transformar numa nova Grécia. 


De fato, após o golpe do ano passado, e a perda da Crimeia e a guerra civil no leste, o país entrou em gigantesca crise. Está em andamento um golpe dentro do golpe.

Qual é o significado da recente escalada dos conflitos no Donbass, as ex províncias do leste da Ucrânia?

Nos últimos dias, as tropas dos golpistas de Kiev bombardearam um hospital da cidade de Donetsk, enviaram tanques ao aeroporto da cidade, onde os confrontos continuam, e promoveram ataques contra o povoado de Shirokino, localizado na costa do Mar de Avov, apenas a alguns quilômetros do importante porto de Mariupol. Movimentações militares também foram reportadas em algumas regiões ocupadas de Lugansk, como em Papasnaya e em Lisitchansk. Nesta última cidade, assim como acontece em Slavyansk, onde começou a resistência armada contra os golpistas do Maidan, a presença militar é ostensiva já que essas cidades, habitadas majoritariamente por russos, abrem caminho à capital da Ucrânia, Kiev.

O acordo de Minsk 2, assinado no passado mês de fevereiro, nunca foi implementado de maneira integral. Se bem a artilharia pesada foi retirada, conforme previsto, os conflitos com armas leves continuaram em vários locais.

No Donbass, nas autoproclamadas repúblicas populares de Lugansk e Donetsk, ninguém acredita que o cessar-fogo é definitivo. As provocações dos golpistas têm sido constantes. A humilhante derrota do exército ucraniano em Debaltsevo, onde tinha sido concentrado em torno a 40% do total do efetivo, revelou o extremo grau de desmoralização. Tropas em número vinte vezes maior foram derrotadas, e abandonaram a região deixando todo o armamento. O governo golpista tenta repor o armamento perdido por meio da "ajuda" dos Estados Unidos e reativando a produção a partir das fábricas, principalmente as localizadas em Kharkov, ao nordeste do país.

A crise capitalista na Ucrânia se desenvolve a todo vapor, ameaçando se transformar numa nova Grécia. De fato, após o golpe do ano passado, e a perda da Crimeia e a guerra civil no leste, o país entrou em gigantesca crise. Está em andamento um golpe dentro do golpe. Os grupos de extrema direita, como o Pravy Sektor (Setor de Direita), o Azov, o Partido Svoboda (Liberdade), que contam com ampla influência no executivo, têm aumentado as críticas contra o governo. No geral, os grupos fascistas não entram em combate, mas são usados como polícias militarizadas com o objetivo de semear o terror. Recentemente, o governador indicado da província de Dmitripetrovsk (sul da Ucrânia), provocou um levante contra o governo central, e chegou a ameaçar com enviar 2.000 mercenários a Kiev. Ele faz parte dos chamados oligarcas, que controlam o país sob a tutela do imperialismo. A província de Kharkov, localizada ao norte de Lugansk, de maioria russa, vive uma situação similar.

Os batalhões das repúblicas do Donbass continuam se fortalecendo. A artilharia possui alto poder de fogo, fundamentalmente por meio dos grads, que possuem um alcance de 25 quilômetros. A moral dos combatentes é alta. Muitos deles combatem para libertar as cidades vizinhas, que se encontram sobre o controle dos golpistas, e, em muitos casos, onde moram as suas famílias.

Quem está por trás da retomada dos conflitos?

Os Estados Unidos continuam armando o governo golpista de Kiev. Por meio dos Emirados Árabes Unidos forneceram bilhões em armas. Ao mesmo tempo, começaram a chegar na Ucrânia blindados, diretamente, sem intermediários. Foi agendado um treinamento da Guarda Nacional da Ucrânia pela 173 Brigada do Exército Norte-americano, atualmente estacionada na Itália, prevista para começar no dia 20 de abril. Chama a atenção que pouca atenção tem sido dada para esse fato pela imprensa mundial, incluída a imprensa russa, enquanto a campanha da imprensa anglo norte-americana e os comunicados da OTAN (Organização do Atlântico Norte) têm reforçado a propaganda da suposta iminente invasão da Ucrânia pela Rússia.

No próximo ano, acontecerão novas eleições gerais nos Estados Unidos. A ala direita do imperialismo, que já possui maioria nas duas câmaras do Congresso, com altíssima probabilidade, deverá controlar também o executivo. A direitização do regime político se expressa também no lançamento da candidatura de Hillary Clinton pelo Partido Democrata, que se apresenta como a sucessora do governo de Bill Clinton, cujos governos, na década de 1990, representaram a continuidade das políticas neoliberais da Administração de Ronald Reagan. A burguesia imperialista norte-americana, e a reação mundial, tenta conter a escalada da crise por meio do fortalecimento da extrema direita e da agressividade militar.

O governo da Federação Russa segue uma política integralmente defensiva, tentando evitar novas sanções econômicas, que têm o potencial de provocar a deterioração da situação econômica e a desestabilização do regime político. O Donbass tem sido usado como moeda de negociação com Kiev e as potências imperialistas, e como mecanismo para evitar que a Ucrânia ingresse na OTAN. Se o ingresso se concretizar, cresce o potencial do aperto ao cerco sobre a Rússia e o ataque contra a Crimeia.

A Alemanha e a França buscam a aproximação com a Rússia, tão desesperadamente como a própria Rússia, de olho no mercado da União Euroasiática, o que inclui o acesso às fartas riquezas minerais e a dependência energética. Essa política é boicotada pelos Estados Unidos. A cúpula dos governos dos dois países já se pronunciaram no sentido de que a Rússia não está se preparando para invadir a Ucrânia. O general francês Christophe Gomar, o chefe da inteligência militar, o fez no dia 25 de março no Parlamento, e o ministro alemão de Assuntos Exteriores, Frank-Walter Steimeier, o fez no dia 13 de abril.

O aumento das contradições interimperialistas entre o bloco anglo-norte-americano, por um lado, e da Alemanha e a França, pelo outro, se expressa em que estes últimos têm reduzido os gastos militares nos últimos anos. Somente os países da Europa Oriental têm aumentado o orçamento militar, principalmente os países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), a Polônia e a Romênia. O aperto de cerco da OTAN sobre a Rússia tem enfrentado dificuldades devido a essas contradições, o que tem levado à alternativa do fortalecimento de negociações, que mais são pressões, bilaterais.

A evolução dessas contradições tem como base o aprofundamento da crise capitalista mundial. A burguesia imperialista norte-americana lidera a pressão no sentido de uma saída de força para a crise. O crescimento da extrema-direita e da política golpista tende a se generalizar.

O aumento das contradições do imperialismo com a Rússia

As contradições com o governo da Rússia têm se exacerbado de maneira acelerada. O imperialismo norte-americano tenta impedir o avanço da Rússia na região cercando o país com bases da OTAN nos países vizinhos. A crise escalou quando os Estados Unidos derrubaram o governo nacionalista de Ianukóvich por meio de grupos nazifascistas, no mês de fevereiro ano passado, num país que, junto com a Bielorússia e a Armênia, são considerados "amortecedores" da agressão imperialista.

Para a Federação Russa se trata de um componente político vital impedir a entrada da Ucrânia na OTAN. A manutenção da atual situação no Donbass (Lugansk e Donetsk) impede o ingresso da Ucrânia na OTAN e o fortalecimento da direita pró-imperialista no interior da Rússia.

Neste momento, o apoio ao governo Putin bate recordes de aprovação. O parlamento é composto por apenas quatro partidos, encabeçados pela Rússia Unida. Todos eles estão alinhados, em alguma medida, com o governo.

O imperialismo está de olho no petróleo e no gás russo, além da produção de armas. A Rússia é o segundo maior exportador mundial de armas. O investimento público tem sido direcionado neste sentido. Recentemente, o ministro da Defesa declarou que a Rússia poderá instalar armas nucleares na Crimeia, o embaixador na Dinamarca ameaçou tornar o país alvo de ataques nucleares caso participar o chamado escudo nuclear da OTAN, foi anunciada a construção de um avião, em substituição ao Antonov, até 2026, de alta capacidade de carga, capaz de atingir qualquer lugar no globo em menos de 10 horas, e foi liberada a venda da versão melhorada dos mísseis S300 ao Irã.

O calcanhar de Aquiles do governo nacionalista russo é exatamente o mesmo de todos os governos nacionalistas, a fragilidade econômica e a dependência do imperialismo. A economia russa é muito unilateral e depende, em grande medida, da importação de produtos manufaturados.


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