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chavismoVenezuela - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A imprensa capitalista tem aumentado a campanha sobre o aprofundamento da crise na Venezuela. A disparada da inflação e o aumento do desabastecimento se encontram entre os principais problemas, em grande medida provocados pela queda abrupta dos preços do petróleo e a paralisia do chavismo para diversificar a economia.


A força do chavismo está no apoio das massas. Foto: Ministério da Comunicação da Venezuela.

Em outubro e em novembro, o governo precisará desembolsar US$ 5 bilhões para pagar dívidas públicas e da PDVSA (Petróleos da Venezuela), a empresa estatal de petróleo.

A direita golpista, que está ligada abertamente à ala direita do imperialismo norte-americano, tenta desestabilizar o governo por meio de uma campanha feroz que inclui o desabastecimento, a entrada de paramilitares colombianos e a tentativa de rachar a base do chavismo.

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O problema central se relaciona com o golpe fracassado, de 2002, contra Hugo Chávez, e o fracasso de 2003 com a greve da PDVSA impulsionada pela direita e o imperialismo. Uma parte das massas se armou e acabou colocando em xeque os golpistas. Isso levou ao forte enfraquecimento da direita que não conseguiu se reerguer até hoje.

No ano passado, após o fracasso da movimentação golpista impulsionada pela ala mais radical da direita venezuelana, liderada por Leopoldo López, a direita, unificada na MUD, passou a apostar nas eleições. Mas qual é a chance da MUD vencer as eleições?

As chances existem e o descontentamento na classe média tem aumentado. As condições de vida têm piorado. A disparada do dólar dificulta o acesso a produtos importados e às viagens.

Força e fraqueza do chavismo

Apesar da crise capitalista avançar a todo vapor na Venezuela, principalmente por causa da queda do preço do petróleo, a força do chavismo está no apoio de massas sustentado em cima das Misiones, os programas sociais. A direita não tem nada para oferecer, além de uma nova onda de neoliberalismo e ataques contra esses programas sociais
. A direita busca entregar a PDVSA de maneira integral para os monopólios, seguindo o modelo imposto no México, na privatização da Pemex.

O fator que definirá as eleições, além da pressão do imperialismo, é o próprio chavismo. Parte do chavismo, principalmente a burocracia ligada à direção da PDVSA, busca reduzir o repasse de recursos públicos para os programas sociais que, hoje, consomem 40% do orçamento público, e aumentar a “eficiência” das empresas públicas, principalmente da PDVSA.

O próprio chavismo tem adotado medidas bastante tímidas para enfrentar o desabastecimento, além do fechamento da fronteira com a Colômbia nos estados de Tachira, Zulia e Apure, com o objetivo de evitar o desvio de produtos que são subsidiados.

O chavismo sofre dos males próprios do nacionalismo burguês. Em primeiro lugar, o medo a se apoiar de maneira firme nas massas para enfrentar o imperialismo. No lugar, tenta a conciliação e as concessões para manter a “legalidade” e a “governabilidade”.

A tentativa imperialista de dividir a base do chavismo

O PSUV, fundado em 2008, tenta reduzir a queda da maioria parlamentar com o objetivo de evitar a implosão do Partido. A política de dividir a base de apoio dos governos nacionalistas tem sido a política preferencial do imperialismo no último período.

A facção que controla o PSUV está encabeçada pelo presidente Nicolás Maduro e o presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello, que sucederam o carismático comandante Hugo Chávez após sua morte, em 2013, e que desempenhava o papel unificador das várias facções chavistas. Essa ala controla o poder exectivo, o parlamento e o judiciário.

O enfraquecimento eleitoral pode levar ao primeiro plano as alas mais direitistas do PSUV, aquelas que buscam a aproximação e acordos com a Administração Obama e a direita. A política dessa ala passa pela redução dos gastos sociais e dos subsídios e a abertura parcial aos monopólios da PDVSA, a empresa estatal de petróleo, responsável pelo grosso do PIB.

A mudança de política pode acarretar protestos sociais e até a implosão eleitoral nas eleições de 2019.

Alguns rachas de menor porte já começaram a acontecer. No início deste ano, o grupo Marea Socialista saiu do PSUV, apesar de manter a adesão ao chavismo, alegando que a facção majoritária é corrupta e que exclui as demais do poder. A resposta veio em maio quando o Colégio Nacional Eleitoral barrou a participação de Marea Socialista nas próximas eleições.

O ex-ministro do Interior, Miguel Rodriguez Torres, concorre a uma vaga na Assembleia Nacional como independente.

O problema todo tem como origem a queda dos recursos públicos por causa dos preços do petróleo terem despencado e a economia sofrer a pressão do imperialismo acentuada pela falta de uma mínima diversificação da produção industrial.

A burguesia nacional mantém acordos com o imperialismo e, como um setor da burguesia, busca os lucros. Mas para mantêm-los se vê obrigada também a enfrentar o imperialismo apoiando-se nas massas, que na Venezuela mantêm um alto grau de radicalização. A estes dois componentes da política do nacionalismo chavista se soma o aprofundamento da crise capitalista mundial que se dirige, de maneira acelerada, a um novo colapso.

A crise deverá colocar em cena um novo e fundamental componente social, as massas trabalhadoras que deverão romper com o chavismo e se organizar de maneira independente.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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