“A democracia [portuguesa], que se define constitucionalmente como democracia representativa, na qual as soluções alternativas têm um lugar próprio para serem apresentadas, neste momento, está na rua” afirmou D. José Policarpo, segundo o site do jornal “Público”, considerando que “o que está a acontecer é uma corrosão da harmonia democrática, da nossa constituição e do nosso sistema constitucional.”
O patriarca acentuou ainda que os problemas não se resolvem “contestando, indo para grandes manifestações” ou fazendo uma qualquer “revolução”, criticando a “reacção colectiva a este momento nacional, que dá a ideia de que a única coisa que se pretende é mudar o Governo”.
O patriarca de Lisboa defende ainda que “há sinais de que os sacrifícios levarão a resultados positivos”, quer no país quer na Europa.
No entanto, e contraditoriamente ao seu apelo ao cumprimento resignado das políticas austeritárias do Governo, a Igreja recusa-se a pagar IMI.
Segundo o site do jornal “Correio da Manhã”, o ministro das Finanças teria tentado acabar com as isenções do pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), que os templos e edifícios destinados à formação e à pastoral têm. Porém, a Igreja Católica opôs-se ao fim da isenção, justificando-se com a Concordata.
"A Concordata é um tratado internacional que tem de ser cumprido", disse o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa ao “Correio da Manhã”.
Lamentavelmente, o patriarca não ergue a sua voz em defesa das vítimas do desemprego e das políticas de austeridade e pelo contrário justifica o Governo e a sua política. Porém, quando se trata dos privilégios da Igreja Católica, a Conferência Episcopal é inflexível e não está disposta a fazer sacrifícios.
Foto: José Policarpo (esquerda) e o líder da Igreja Católica, o ex-nazista Joseph Ratzinger.