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031111_pauGaliza - Galizalivre - Neste sábado o CS O Pichel de Compostela acolhe um obradoiro da arte marcial galego-portuguesa chamada o jogo do pau.


Falamos com Denis Fernandes da Sala Compostelana de Esgrima Antiga (SCEA), umha das organizadoras do evento, que é uma associaçom dedicada ao estudo, recuperaçom e prática das artes marciais da tradiçom ocidental. Neste ámbito, trabalham armas e técnicas bem documentadas coma as escolas medievais de espada longa alemás e italianas, ou as tradiçons renacentistas peninsulares da Verdadeira Destreça das Armas, todas elas amplamente documentadas em tratados e manuscritos do acervo bibliotecário europeu. Também investigam a recuperaçom de tradiçons populares ainda vivas, como é o caso do Jogo do Pau galego.

Em Portugal o jogo do pau parece que goza de relativa boa saúde. E na Galiza?

Em Portugal leva-se jogando ao pau de jeito "moderno" – no senso em que podemos conceber na atualidade as artes marciais, regulamentadas e com técnicas fixas, etc – desde há coisa de quatro décadas (ou mesmo desde o S.XIX se se contar o primeiro ressurgir da disciplina). Antes disso, empregava-se para a auto-defesa e para arranjar brigas de "move-me aqui esses marcos", mas nom se tratava de uma atividade regulada e codificada. Agora, após um processo de recuperaçom, converteu-se numa espécie de (minoritário) desporto nacional.

Eles tenhem, portanto, a vantagem de levarem quase meio século a trabalhar a disciplina. Aqui é uma técnica de luita quase esquencida polas novas geraçons, mas ainda existem velhos que sabem jogar ao pau e defender-se com ele. Temos uma tradiçom oral e uma experiência de primeira mao da que aprender diretamente, e há gente, como o Isidro que nos vem dar aulas neste sábado, a tentar recuperá-la.

Há ainda zonas do país em que se pratique esta arte marcial a nível popular?

As origens do Jogo do Pau estám, em Portugal, nas regions do Minho e Trás-os-Montes, e daí move-se para Lisboa no s.XIX. Nada surpreendentemente, na Galiza há documentada uma tradiçom semelhante. Em que áreas ou em que extensom vai-no-lo aclarar Isidro sábado. O que si che podo adiantar, por conversas que mantivem com ele ao respeito, é que existem velhos que jogárom e lembram como jogá-lo, e ainda hoje arranjam algumas disputas com as armas que tenhem de mao – sejam paus, foucinhos...

Que poderá aprender a gente que se acheguar neste sábado à Gentalha ao vosso obradoiro?

O obradoiro, ainda que se anuncia como um obradoiro de Jogo do Pau, é também uma introduçom às armas populares na Galiza, das quais Isidro nos vai falar e trazerá também alguma mostra. Logo desta exposiçom teórica, faremos umas duas-três horinhas de exercícios guiados com o pau, aprendendo pancadas, paradas, etc.

Sabedes de outras artes marciais galegas que ainda se pratiquem ou das que fique constância histórica?

Consta-nos que algumha cousa há, mas nom muito. Existem associaçons de luita tradicional galega, por exemplo... Eu reconheço ter certa desconfiança destas iniciativas, que caem com muita frequência num excessivo enxebrismo e no "autenticamente galego". Nom é exatamente essa a nossa área de trabalho na SCEA – nós recuperamos e praticamos artes marciais históricas europeias, com uma visom globalista que inclui desde as escolas alemás ou italianas de espada longa, até a roupeira dos impérios português ou espanhol, com incidências menores noutras técnicas como a luita de quarterstaff irlandês. É desde experiências como estas e desde o conhecimento da recuperaçom do Jogo do Pau em Portugal que nos achegamos com curiosidade à perspetiva de uma tradiçom marcial popular que, em muitos casos, ainda está viva.

O facto innegável é que nesta terra tivérom que existir, como em todo o mundo, numerosos modos de luita com todo tipo de armas e sem elas. Porém, a opressom cultural à que foi submetido o nosso país durante séculos conseguiu que esta ciência caisse no esquencimento, ou pervivesse – como é o casso do Jogo do Pau – na tradiçom oral. A falta duma elite nacional que a convertesse em lazer e em elemento identitário, a codificasse por escrito e a transmitisse até a modernidade impossibilitou processos de recuperaçom daquelas, como os acontecidos em Portugal.

Para finalizar, podes acrescentar qualquer cousa que esquecêssemos, e obrigadas por tudo.

Nom queremos ficar sem sublinhar que o evento deste sábado, que será das 16:00 às 20:00, é aberto a todo o mundo que quiger assistir – e que depois iremos, evidentemente, partilhar umas cervejas e passá-lo bem doutro jeito. Aguardamos por vos!


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