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211015 mexMéxico - A Verdade - [Florentino López Martínez] Com profundo respeito e admiração, saúdo a incansável luta dos trabalhadores e do povo brasileiro que, em sua batalha diária, estão forjando um mundo sem opressão e exploração.


Como internacionalista, é um dever expor ao mundo a situação do México, chamando a solidariedade para as lutas que estamos realizando. Com este objetivo, escrevo estas linhas que tentam expor a situação geral que ocorre em nosso país.

O México avança aceleradamente para o precipício econômico. São vários os sinais que anunciam uma nova crise: a desvalorização do peso mexicano, que caiu em 30% frente ao dólar, e, como são muitos os produtos importados dos EUA, esta desvalorização está provocando o aumento do preço dos produtos básicos; a privatização da empresa de Petróleo Mexicana (Pemex), que está em marcha, e a queda dos preços do petróleo em nível internacional provocaram uma diminuição drástica do ingresso de capitais; o preço do óleo cru foi reduzido em 25%, no último ano, e está gerando um grande déficit no orçamento público. A dívida pública cresceu, nos últimos dois anos, em 50%, e hoje atinge metade do valor do Produto Interno Bruto. O PIB, que estava previsto para 4%, no início do ano, hoje se prevê em 2%.

Neste cenário, a chamada política de austeridade, prevê grandes cortes nos programas sociais em 2016, sem afetar os milionários salários dos altos funcionários nos diferentes níveis de governo, além do terrorismo fiscal para garantir, a todo custo, o pagamento de impostos para a população em geral. Assim, os trabalhadores do setor público sofrerão com as demissões, que já estão anunciadas, em particular, entre petroleiros, enfermeiros, médicos, professores e outros trabalhadores das instituições do governo. Com isso, está claro que a proposta do orçamento público de 2016 terá como objetivo principal colocar todos os custos da crise sobre a maioria da população e beneficiar um reduzido grupo da oligarquia financeira formada por apenas 33 famílias mexicanas.

A decomposição do sistema político mexicano está em sua máxima expressão. A fusão das instituições do Estado com o narcotráfico, em todos seus níveis, e o alto grau de corrupção são fatores, entre outros, que vêm degradando todas instituições e provocam um grande descrédito na população. O exército intervém abertamente em execuções extrajudiciais, e exemplo inequívoco disto está na execução dos 22 jovens de Tlatlaya, Estado do México, em junho de 2014; o massacre das crianças na incursão militar em Tanhuato, Michoacán, em 22 de maio de 2015; e o desaparecimento forçado de 43 estudantes normalistas do Estado de Guerrero, no dia 26 de setembro de 2014; a fuga do chefe do tráfico Guzmán, operada desde o próprio sistema penitenciário;; a revelação da mentira histórica que pretenderam montar sobre o desaparecimento dos 43 estudantes, revelação realizada por um grupo independente de especialistas, respaldados pela CIDH; assim como a desastrosa jornada eleitoral que organizou o Instituto Nacional Eleitoral; os escândalos de corrupção que foram evidenciados com a aquisição de luxuosas mansões por parte da família de Peña Nieto e de seu secretário da Fazenda, Luis Videgaray. Estas são apenas amostras de todo o grau de podridão em que se encontram as instituições do país.

Para manter-se no poder, mesmo nestas condições, este setor da grande burguesia e seus partidos políticos vêm acelerando o endurecimento dos mecanismos de controle sobre o povo. Foram impostas reformas em diversas matérias, desde as relacionadas às telecomunicações, permitindo um duopólio televisivo, até a intervenção nas comunicações privadas. Nas leis penais reforçaram os castigos e os delitos de ordem política. Nos últimos anos reforçou-se o equipamento militar, o exército saiu dos quartéis e todo o território nacional está praticamente militarizado. Atualmente, 700 presos políticos são mantidos no país, entre eles 28 companheiros da Frente Popular Revolucionária (FPR), que são reféns do Estado. Há um franco processo de fascistização.

Diante das medidas anticrise e a agressividade que cresce no Estado mexicano, os diversos setores inconformados saem às ruas a cada dia. As lutas mais representativas neste momento são várias, não seria possível mencionar todas. A luta dos professores foi aguda nas últimas semanas. Em quase todos os estados do país, os professores saíram para enfrentar a reforma educativa (administrativo-laboral), transformando-se em uma barricada importante, encabeçada pela Coordenação Nacional dos Trabalhadores em Educação. A Assembleia Nacional Popular é outro importante polo de luta que, dirigida pelos pais dos 43 estudantes desaparecidos, mantiveram-se, nos últimos 11 meses, em uma mobilização permanente e tem influência em todo o país.

Os temas fundamentais que estão na ordem do dia do movimento de massas mostram que é necessário romper com a dispersão e com as mobilizações espontâneas que são cotidianas, coordenar todas as formas de luta. Além disso, diante do crescimento da luta, todos veem que é urgente constituir um só movimento que aglutine toda a inconformidade e que trace um só plano de ação. Está sendo preparada ainda, para os dias 16, 17 e 18 de outubro, a 4ª Convenção Nacional Popular, a se realizar na Escola Normal Rural de Ayotzinapa, que terá a tarefa de traçar um só plano de ação para todo o país, para avançar na construção da Frente Única e da Greve Geral para os próximos meses.

Florentino López Martínez, presidente da Frente Popular Revolucionaria (FPR) e membro do Comitê de Coordenação Internacional


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