Freddy Rendón Herrera, paramilitar responsável por múltiplos massacres. Foto: Telesur.
Na quinta-feira passada, 30 de julho, o paramilitar colombiano Freddy Rendón Herrera, conhecido como “Alemão”, foi solto da prisão depois de cumprir uma pena alternativa pela lei de Justiça e Paz. Freddy Herrera era comandante do bloco Hélmer Cárdenas das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), grupo terrorista de extrema-direita que combatia as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Freddy Rendón Herrera, um dos mais sanguinários paramilitares de direita da Colômbia, assumiu a responsabilidade por 1.500 assassinatos. Apesar disso, saiu livre no marco das negociações de paz com a guerrilha de esquerda, usadas pelo governo para livrar a direita de seus crimes. Herrera ainda enfrenta, no entanto, acusações de tráfico de drogas nos EUA.
O tráfico de drogas sempre foi uma das fontes de renda dos paramilitares colombianos, além do apoio do próprio governo. Esse fato é convenientemente ocultado pela imprensa capitalista, sempre em campanha contra as FARC, chamadas de “narcoguerrilha” pelos jornais de direita.
O “Alemão” é irmão de outro paramilitar fascista, Daniel Rendón Herrera, que perdeu o direito de ser julgado pela lei especial de Justiça e Paz por não ter se desmobilizado. Os paramilitares de extrema-direita também foram responsáveis por uma série de expulsões de camponeses de suas terras, permitindo que grandes áreas fossem apropriadas pelo “agronegócio”.
Através da repressão, do assassinato, da perseguição e do massacre, militares e paramilitares conquistam as áreas mais ricas em reservas naturais para as empresas norte-americanas e impõem uma ditadura fascista em todo o país disfarçada de Estado democrático de direito.
Por trás dessas operações estavam os EUA, financiando e treinando o exército colombiano e apoiando os paramilitares com o Plano Colômbia.
Em vigor desde agosto de 2000, o Plano Colômbia é responsável direto pela morte de 14 pessoas em média por dia. Segundo documentos levantados pela Anistia Internacional, pela Human Rights Watch e pelo próprio Departamento de Washington na América Latina, só no primeiro mês de 2001 ao menos 200 civis foram mortos em 27 massacres. Desde 1999, 78% destes massacres são realizados por grupos paramilitares, como a AUC, um dos beneficiados pelo Plano Colômbia.
Freddy Rendón Herrera foi o segundo comandante paramilitar colombiano a ser libertado recentemente. Em maio, Rodrigo Pérez Alzate já havia saído livre, também beneficiado por um acordo sob a lei de Justiça e Paz.
O governo da Colômbia já gastou mais de US$ 4 bilhões com o Plano, financiado pelos EUA. Com a eleição do presidente Barack Obama nos EUA e de Manuel Santos na Colômbia, a estratégia mudou para uma tentativa de conter as FARC por meio de negociações. Muitos guerrilheiros, militantes de esquerda e camponeses morreram assassinados durante as operações do Plano Colômbia. Os paramilitares de extrema-direita, vivos, já estão livres.