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jovens argentina 1 foto cosecha rojaArgentina - ADITAL - [Marcela Belchior] Um total de 98% das vítimas são homens e mais da metade delas pediram identidade sigilosa por temor a represálias dos agentes de segurança. Além disso, 19% dos vitimados têm idade abaixo dos 18 anos, quase um terço têm menos de 13 anos de idade e 60% deles concluíram apenas o Ensino Fundamental ou menos.


Foto: Cosecha Roja.

A primeira vez em que foi torturado pela polícia argentina, Gonzalo Encina tinha apenas 15 anos de idade. Conduzia uma motocicleta pela localidade de González Catán, na Região Metropolitana de Buenos Aires, e perdeu o controle quando oficiais começaram a persegui-lo na pista. Caiu do veículo, machucou-se e acabou detido pelos agentes. Na delegacia, policiais jogaram sal nas feridas do adolescente e as pisaram, dizendo, em tom de ameaça: "você vai ter gangrena!".

No ano seguinte, o detiveram mais uma vez, agarrando-o pelos cabelos e batendo no jovem. Aos 17 anos, em Gregorio de Laferrere, a oeste da região da Grande Buenos Aires, o jovem foi levado para a cela de uma delegacia e torturado, sob fortes ameaças dos policiais. Da última vez em que cruzou com os agentes de segurança, em setembro de 2014, o adolescente foi morto.

Encina é um exemplo de como a juventude e outros grupos da sociedade vêm sendo tratados pelas forças do Estado na Argentina. Somente nos últimos seis meses, foram registrados 485 casos de tortura na Província de Buenos Aires, segundo o Informe sobre torturas e tratamentos desumanos da Defensoria Pública da região, publicado no último dia 06 de março. Criado há 15 anos, o registro estatístico contém documentados mais de 10 mil casos de abusos das forças de segurança contra a população argentina.

"Ocupamo-nos de sistematizar os casos revelados pelos defensores durante entrevistas com os detidos", afirmou o defensor Mario Coriolano, em entrevista ao site Cosecha Roja. Segundo os dados coletados, 64% dos torturadores registrados no último ano pertencem à Polícia Bonaerense e 33% são agentes penitenciários.

Perfil de vítimas e torturas

Um total de 98% das vítimas são homens e mais da metade delas pediram identidade sigilosa por temor a represálias dos agentes de segurança. Além disso, 19% dos vitimados têm idade abaixo dos 18 anos, quase um terço têm menos de 13 anos de idade e 60% deles concluíram apenas o Ensino Fundamental ou menos.

Em 59% dos casos, a tortura é praticada por meio de golpes, sendo o restante composto por ameaças, agressões com arma branca, asfixia, ações de hostilidade e roubo de pertences. Algumas das vítimas relataram como eram castigadas pelos policiais na técnica que chamam de "submarino", na qual os policiais afundam a cabeça do jovem em um saco de nylon ou o uso de spray de pimenta nos olhos do detido antes de afogá-lo num tacho de água.

Segundo o Cosecha Roja, alguns jovens sofrem o isolamento, técnica de tortura bastante praticada pelos policiais em delegacias e penitenciárias, violando o direito à educação, lazer e contato com a família. Através dessa prática, os adolescentes são deixados sozinhos na cela, sem nenhum tipo de comunicação e por um longo período de tempo, geralmente sem iluminação e em condições higiênicas insalubres, influindo diretamente na saúde mental e física do detido.

Em 23 casos, os adolescentes relataram que foram roubados ou tiveram destruídos seus pertences, causando danos materiais e também simbólicos aos jovens. De acordo com o Informe, os objetos "significam o fruto do esforço de seus entes queridos, que, do lado de fora dos muros, se preocupam e designam os poucos meios econômicos que têm para cercá-los de elementos que os permitam viver mais dignamente".

Acesse informe completo.

(com informações de Cosecha Roja).


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