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091214 farc cubaColômbia - Opera Mundi - [Mariana Clini Diana] País é considerado o 2º mais perigoso na América Latina para jornalistas; grupos usam e-mails diretos ou comunicados para acusar repórteres de "propaganda.


Ameaças a profissionais de imprensa colombianos viraram um fato recorrente para os que cobrem os diálogos de paz com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Seja por e-mails diretos, seja por textos públicos, grupos de extrema-direita acusam os jornalistas de “fazerem propaganda” dos grupos guerrilheiros.

Em um comunicado divulgado no início de dezembro, o grupo extremista “Águilas Negras” acusou os jornalistas do canal de televisão pública Canal Capital, a rede TeleSur e o escritório da agência colombiana Reporteros Sin Fronteras de “prestarem serviço ao castro-chavismo”. O mesmo comunicado também ameaçava políticos e defensores dos direitos humanos “que servem de caixa de ressonância a um processo de paz onde o traidor Santos está entregando o país ao narcoterrorismo”.

Alguns dias depois, o mesmo grupo ameaçou, através de um e-mail, 17 profissionais de 13 meios de comunicações independentes de Tolima e Bogotá. A revista alternativa El Salmon Urbano, um dos meios ameaçados, foi acusada pelo grupo de “fazer muita propaganda às FARC e ao ELN". As duas ameaças fazem referência à cobertura que estes meios fizeram ao processo de paz entre governo e as FARC, e também ao recente sequestro do general Rubén Alzate.

“Um dos problemas é criticar ou mencionar alguma falha das Forças Armadas da Colômbia”, observa Fabiola León, correspondente da organização francesa RSF (Repórteres sem Fronteiras).  

Para a jornalista do RSF, existe uma intolerância em relação aos meios de comunicação que possuem uma visão mais crítica sobre como atua o governo e as forças militares colombianas. Além disso, acrescenta que a estigmatização também é um dos fatores que causam estas ameaças. Para grande parte da sociedade, “os defensores de direitos humanos, ou as pessoas de esquerda, já são estigmatizados de castro-chavistas”. Havana sedia as conversações de paz, e Cuba e a Noruega mediam as negociações.

Antes de 2003, as ameaças partiam, em sua maioria, de grupos guerrilheiros, aponta Juan Carlos Gómez Giraldo, diretor do programa de comunicação da Universidade de la Sabana. Depois, a desmobilização dos paramilitares gerou as denominadas bandas criminais, como o Los Urabeños e os Águilas Negras, que são os principais responsáveis das ameaças nos dias atuais.

“O paramilitarismo segue vivo através destes outros grupos, que se converteram em outros nomes”, observa o especialista. De acordo com Giraldo, os jornalistas que trabalham em regiões onde há maior influência destas bandas criminais são os que mais sofrem.

Cotidiano

As ameaças já faziam parte do cotidiano de muitos profissionais dos meios de comunicação do país. Antes, a maioria vinha de grupos como as próprias FARC ou o ELN ou de paramilitares. Mas, cada vez mais, elas são provenientes dos grupos de extrema-direita. Em setembro, o Los Urabeños divulgou novos “objetivos militares” compostos por oito comunicadores de diversos meios das cidades de Buenaventura e Cali, no departamento de Valle del Cauca. O motivo da intimidação foi a cobertura da captura de uma das integrantes do grupo ilegal.

Mas as ameaças destes grupos não se limitam aos casos dos últimos meses. As violações à liberdade de imprensa são tão habituais que eles dois já foram considerados “predadores da liberdade de informação” pela RSF, junto com o grupo islamista nigeriano Boko Haram, ou o presidente cubano Raul Castro. Nesta lista, entram grupos ou lideres que cometem, na visão da organização, as piores agressões contra jornalistas e meios de comunicação e não têm o que ela considera a punição devida.

Segundo lugar na América Latina

Em um relatório divulgado em setembro deste ano pelo RSF, a Colômbia é classificada em segundo lugar na lista dos países mais perigosos na América Latina para jornalistas, ficando atrás somente do México.

Entre janeiro e agosto deste ano, a Defensoria do Povo, uma espécie de “ombudsman” nacional para assuntos de direitos humanos, sinaliza que foi informada de 93 casos de jornalistas ameaçados, 51 mais que no mesmo período de 2013. Entre estes casos, 56 foram considerados de risco extraordinário, de acordo com a Unidade Nacional de Proteção, instituição pública responsável por dar proteção às pessoas com ameaças de morte.

Os departamentos de Valle del Cauca e Antioquia comprovam a afirmação. De acordo com a Fundacion para la Libertad de Prensa, estas regiões, que possuem forte presença de bandas criminais, foram as que mais apresentaram casos de violência contra comunicadores em 2014Segundo esta instituição, os departamentos já apresentaram 46 vítimas de diversos tipos de violações somente este ano.  

Apesar das violações de liberdade de expressão serem frequentes na Colômbia, Fabiola León acredita que existe uma forte resistência dos meios de comunicação e um pensamento de que a situação pode mudar. Para a jornalista, uma das formas de protestar contra as ameaças é difundi-las o máximo possível para inibir os autores das censuras. “Quanto mais se divulgua, menos se atua e há mais atenção em relação ao que pode acontecer”, acrescenta León. 


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