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AyotzinapaMéxico - Diário Liberdade - Nos dias 26 e 27 de setembro a polícia municipal de Iguala (Guerrero) atacava cruelmente várias dezenas de estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, deixando 3 mortos (um deles selvagemente torturado), mais de 20 feridos e 43 desaparecidos.


Após estes factos, e durante o último mês, as mobilizaçons de protesto estenderom-se por todo México sob a legenda "Vivos os levarom, vivos os queremos". Assim, na manhã da quarta-feira 29 de novembro vários/as estudantes da Assembleia Interuniversitári ocuparom duas rádios universitárias na Cidade de México com o objetivo de emitir um manifesto para exigir a apariçom com vida dos normalistas sequestrados e para convocar novas mobilizaçons, incluído um paro nacional para o próximo 5 de novembro.

A seguir reproduzimos o comunicado difundido polo estudantado mexicano.

"A todos/as os/as estudantes do nosso país

Ao povo de México

Passaram mais de trinta dias desde a desapariçom forçada de 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa. Desde o 26 de setembro, a dor de 43 famílias converteu-se na dor de todo um povo; a esperança de encontra-los tornou-se pele e alma de toda umha naçom. Desde esse dia, o governo mexicano ficou nu diante do mundo inteiro. Os acontecimentos de Iguala demonstrarom que a violência nom é apenas consequência de um sistema económico e político desigual e injusto, cuja açom beneficia unicamente aos donos do dinheiro, mas representa, realmente, umha política sustentada desde o Estado para executar o arrebato dos direitos sociais e o espólio dos recursos naturais deste país. O ataque contra os nossos irmãos de Ayotzinapa é a face mais crua da repressom e a brutalidade, cuja finalidade é eliminar um dos poucos projetos sobreviventes emanado da gesta revolucionária de 1910: as normais rurais.

Os normalistas rurais, apesar dos mandatos dos poderosos, negam-se a desaparecer. Contra eles desencadeou-se, desde há vários anos, umha campanha de desprestígio amplamente divulgada nos meios massivos de comunicaçom; contra eles empreendeu-se umha batalha ideológica para apresenta-los, diante da opiniom pública, como um grupo minoritário oposto aos supostos benefícios de um projeto educativo que se apresenta como modernizaçom e progresso. Na verdade, a meta dos poderosos é impor um projeto contraposto ao público, o gratuito e sem carácter crítico, como parte da explosom privatizadora expressada, igualmente, na reforma educativa e no conflito do IPN.

O acontecido em Iguala é, abertamente, a amostra mais confiável da descomposiçom política dos governantes e as suas instituiçons. À sua sombra, sob a sua proteçom, com a sua complacência a todos os níveis governamentais, o poder do 'crime organizado' tem-se incrementado a níveis inimagináveis. Governantes e criminosos fam parte do mesmo, entre um e o outro nom existe diferença. A quem é que vamos, entom, exigir justiça? A quem exigimos o castigo aos responsáveis materiais e intelectuais de um crime como este?

A fúria contra os estudantes de Ayotzinapa desvelou o desprezo dos poderoso pola gente humilde; o prescindível que é a vida de 43 jovens indígenas e camponeses, e de milheiros de pessoas mais, se for para avançar na entregar o país. Os estudantes da normal rural de Ayotzinapa digerom que esta é a sua última batalha, as quiçá seja, para milheiros de estudantes, para milheiros de pessoas por todo o país, do início de um grande combate. Para milhóns dispostos a se mobilizar, será a sua primeira batalha. A pergunta é: como articulamos tanta indignaçom e raiva?

México nom pode nem deve continuar com esta lógica de rapina onde os ganhos e os benefícios se concentram em apenas umha quantas mãos, onde as dívidas e as mortes as paga quem trabalha de maneira honesta e com sacrifício diário; México nom pode nem deve continuar com a lógica do horror onde a violência e a morte se tornam no pão de cada dia; México nom pode nem deve continuar sob um regime de total impunidade.

Nas semanas passadas, os estudantes de diversos centros educativos do país realizamos distintas manifestaçons, o nosso clamor é unânime: queremos vivos os 43 companheiros, queremo-los de volta já. Nessa exigência vai também o clamor de milheiros de pessoas que repudiam as acçons de aqueles que dim representar os interesses da naçom; vai a decisom de milheiros de estudantes de defender o projeto de educaçom pública e gratuita. Nessa exigência concentra-se, do mesmo jeito, o desejo de que este país mude desde o fundo, desde o mais profundo das suas raízes. De que, através da nossa organizaçom e luita, garantamos que isto jamais se repita.

Por isso nos mobilizamos. México deve mudar, necessita mudar. Os mexicanos nom merecemos um governo que mata estudantes e protege governadores assassinos; nom merecemos a impunidade ante a morte e o espólio; nom merecemos a barbárie de Tlatlaya nem as mortes em Ciudad Juárez nem os feminicídios; nom merecemos o injusto aprisionamento de centos de luitadores sociais; nom merecemos o espólio dos nossos solos, em aras de um suposto progresso; nom merecemos esta barbárie à que nos conduzirom.

Por estes motivos, a quem que nos viu nas ruas, a quem marchou com nós, a quem nos deu um grito de alento, a quem acha justa a nossa luta, chamamo-los a mobilizar-se, a fazer-se um com nós. A quem que nos viu com reticência e incompreensom, a quem se molestarou com as nossas mobilizaçons, dizemos-lhes o seguinte: nós nom somos os responsáveis deste conflito, o governo em todos os seus níveis é o culpável direto de toda esta situaçom; chamamo-los a refletir e a somar-se a esta luita que apenas inicia, é a hora da gente trabalhadora e honesta.

A todos os estudantes do país, a todos os centros educativos de México, convocamo-los a terceira jornada de mobilizaçom global em solidariedade com Ayotzinapa para este 5 de novembro. Queremos mudar o país, para isso precisamos, mais que nunca, a mais ampla unidade em resistência. Companheiros estudantes: a história obriga-nos a caminhar unidos; a história obriga-nos a fazer história, a nom ceder na luita por um México justo e livre.
A todos os camponeses, os operários, as donas de casa, os desempregados, os colonos, chamamo-los a esta luita. Desde o aparelho governamental, nada mudará. É a hora dos humildes.

Exigimos a imediata apresentaçom com vida dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa e o castigo aos responsáveis intelectuais e materiais dos factos em Iguala

A renúncia de Ángel Aguirre, se bem responde à mobilizaçom popular, nom é mais que umha cruel tentativa do governo federal por lavar-se a cara e as mãos; nom nos enganam: exigimos que sejam castigados sem concessons os funcionários dos três níveis de governo que, até agora, demonstrarom ser incapazes de solucionar.

Iniciamos a construçom da organizaçom que precisamos para tomar com as nossas mãos a edificaçom doutro futuro. Acordamos forjar a unidade de todos os que estamos fartos desta situaçom, para fazer sentir o poder da nossa voz e da nossa força. Por isso, chamamos a todos os estudantes do país que ainda nom se levantarom a fazer parte desde movimento nacional.

Chamamos os trabalhadores e trabalhadoras a unir-se nesta luita, levantando-se contra o controlo "charro" e contra a exploraçom. Chamamos os camponeses que resistem aos megaprojetos a incorporar-se com toda a sua força a esta grande corrente nacional. Chamamos os professores da CNTE a recuperar o papel histórico do seu grémio e organizar a luita em todas as escolas de todos os recantos do país.

Chamamos os colonos, as donas de casa, os vendedores ambulantes e toda a populaçom, para decidir entre todos nós que país queremos e para construí-lo juntos. Nom mais silêncio cúmplice, nom mais temor nem dúvidas, nom esperemos mais: chegou a hora de agir!


• No marco da jornada de luita convocada desde Ayotzinapa, convocamos à marcha interuniversitária na sexta-feira 31 de outubro às 16 horas, da unidade Zacatenco do IPN até a Secretaria de Governaçom

• Chamamos todo o povo mexicano à Marcha que se realizará o próximo 5 de novembro, às 16 horas, de Los Pinos a El Zócalo.

• Convocamos a construir a 3ra Jornada de acçom global por Ayotzinapa, trabalhando para impulsionar um Paro Nacional do setor educativo para o 5 de novembro, pola apresentaçom com vida dos nossos companheiros, polo fim da violência de estado e em defesa da educaçom pública e gratuita, onde os estudantes e o magistério democrático poidamos marchar juntos e impulsionar mobilizaçon populares a nível nacional para essa data.

• Convidamos os estudantes mobilizados a escolher vozeiros para participar na próxima Assembleia Interuniversitária a realizar-se o sábado 1 de novembro na ESIA, unidade Zacatenco, a partir das 10 am. Aliás, reiteramos a necessidade de discutir a modalidade e representatividade para as reunions.

• Convocamos a impulsionar, desde as assembleias estudantis do movimento, o Encontro Estudantil contra a violência de estado e em defesa da educaçom pública e gratuita. Para isso, chamamos a que as assembleias discutam estes eixos e os possíveis mecanismos de organizaçom permanente dos estudantes.

É a hora do México indomável, os estudantes da UNAM, com o espírito dos 43 normalistas, com o espírito de Villa, Zapata, Magón; com o exemplo dos estudantes de 1968, declaramos que nom haverá passo atrás nesta caminhada. Só nos fica o futuro, por ele luitamos.

Que a dor se transforme em esperança!
Vivos os levarom, vivos os queremos!"


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