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231014 desaparecimentosMéxico - Solidnet - A repressão, desaparecimento e assassinato de nossos companheiros estudantes de Ayotzinapa e de nossos camaradas não ficarão impunes.


Declaração política do Comitê Central do PCM sobre a repressão e os assassinatos contra o povo trabalhador.

A repressão e o assassinato do povo trabalhador, do qual constituem os companheiros da Normal Rural de Ayotzinapa, revela que os elementos centrais da crise econômica, agora aprofundada com a política do regime da burguesia monopolista, não desapareceram. Ao contrário das declarações otimistas e até vitoriosas do governo dos monopólios, os efeitos mais agudos da crise econômica não foram superados. Os economistas da burguesia se esforçam para demonstrar com algoritmos e fórmulas matemáticas uma realidade que apenas está neles, em suas fórmulas e seus algoritmos. Porém, para os assalariados e os explorados, a realidade é outra: os preços dos artigos de consumo básico continuam aumentando incessantemente, o nível de consumo dos trabalhadores segue deprimido, o futuro é de mais pauperização, mais pobreza, desigualdade e marginalização.

As reformas estruturais impostas aos trabalhadores servem para aumentar os ritmos de exploração, para manter os salários em nos níveis de 20 anos, que lançam milhares de mexicanos à miséria, ao subemprego, à migração e, também, ainda que menor medida, às mãos do crime organizado, face dolorosa e repugnante da irracionalidade do sistema de dominação capitalista.

Estas reformas têm como objetivo rentabilizar o capital, sustentar a taxa de lucro com base no aumento dos ritmos da desvalorização do trabalho assalariado, outorgando facilidades a um número muito seleto de monopólios mexicanos, sócios das transnacionais norte-americanas e europeias, que consolidaram seu poder mediante a aplicação de políticas, onde as jornadas de trabalho, os salários e as condições gerais em que se desenvolveram seus assalariados são semelhantes as que existiam nos primórdios do capitalismo e/ ou nas fazendas porfiristas.

A burguesia monopolista, ancorada no devir dos centros imperialistas, sobretudo em uma potência em decadência, como os EUA, por sua relação de sócio menor, respondeu historicamente a estas situações aumentando seu controle ideológico sobre os assalariados e a maioria dos mexicanos. Também aumentando a alienação e exploração da mão de obra, assim como pondo em prática métodos de repressão e o cerceamento das liberdades políticas.

Para isso serviu o Pacto, que se traduz em um elemento-chave para fincar a hegemonia, com o apoio de uma classe política que se mostrou servil a seus interesses e que, inclusive, gozou das benesses da democracia burguesa. Triste papel desempenhado pela esquerda neo-lombardista (PRD, PT, MC, MORENA), parte integrante desta classe política em decadência, ligada ao crime e cúmplice e ator da repressão contra o povo trabalhador.

No entanto, como a estratégia midiática das maravilhas das reformas não funcionou, pois a acumulação de capital é insuficiente e o crescimento econômico foi praticamente nulo, já que os grandes centros imperiais iniciam processos de deflação e têm sintomas de paralisação econômica, as taxas de crescimento impediram a criação do mercado nacional, aprofundando o desemprego, o que gera luta, organização social, manifestações e resistência às vezes. A maioria ainda isolada, sem coerência, porém expressando-se com força. A burguesia monopolista e seu governo se preparam para entrar em uma nova fase: a da repressão, já que os mecanismos de controle mediante a hegemonia deixaram de ser funcionais. Transitamos de um processo de hegemonia, fincada no "Pacto pelo México", a um de repressão, em uma escalada da seleção a massiva.

Assim, a repressão e o assassinato dos companheiros de Ayotzinapa, como também o de nossos camaradas no ano passado, se inscrevem em um contexto de intensificação da luta de classes no México. A burguesia e seu governo buscam ativamente recompor o processo de acumulação capitalista, sobre a base de aumentar os ritmos de produção, castrando direitos, segurança trabalhista e gerando uma precariedade salarial profunda e prejudicial a milhares de assalariados e trabalhadores, assim como iniciando uma repressão seletiva, primeiro, e agora massiva, contra dirigentes, lutadores e setores sociais em resistência.

A violência do estado capitalista contra a classe trabalhadora não é algo novo. Ao longo da existência deste sistema de exploração e miséria, nós trabalhadores, assalariados do campo e da cidade, temos sofrido morte e destruição. O capitalismo mexicano, em sua fase de integração imperialista, pretende intimidar a população para desmobilizá-la e criminalizar o protesto popular, assassinando seus dirigentes e setores mais combativos. Os novos gerentes da oligarquia financeira no poder anunciam uma etapa de repressão para deter a luta social e reduzi-la a espaço eleitoral, da "modernidade" e da mobilização a partir das cúpulas dos partidos políticos. Assim, a mobilização e o protesto são pervertidos, limitados e manipulados.

Neste sentido, não é novidade que o clima de repressão contra os lutadores sociais se dê em uma entidade que há anos governa a chamada "esquerda institucional", já que pertence ao sistema de dominação capitalista que explora e assassina, no contexto da luta de classes, seus opositores e o povo trabalhador.

O clima de repressão cresce quando as condições de acumulação do capital através da possessão e exploração irracional de terras, minas e recursos naturais como os bosques e a água requerem maior domínio caciquista. Acostumados sempre, sob o abrigo, a proteção e o apoio de governantes venais, corruptos e associados com estes interesses capitalistas, e agora armados e protegidos pelos grupos do narcotráfico, os caciquistas tentam expandir seus domínios sobre estes bens e os governos perredistas com seu silêncio, impunidade e colusão contribuem para que estes poderes se mantenham e cresçam a custa do sofrimento do povo. A repressão contra os companheiros normalistas revela a estreita relação entra a burguesia, o poder político e o crime organizado, já que os centros de poder dos monopólios denunciaram que os protestos dos normalistas afetam suas "atividades comerciais", ou seja, a lavagem de dinheiro.

Guerrero, como muitos estados do país, não se livrou do caciquismo, da prepotência, da impunidade, do saqueio dos recursos naturais, hoje e sempre, em mãos das comunidades. Os caciques sempre atentaram contra os direitos do povo trabalhador. Ao longo da história deste estado, se produziram massacres e assassinatos impunes contra aqueles que se opõem a seu poder.

De pouco ou nada serviu a chamada "transição democrática" nesses estados, inclusive o de Guerrero. Estamos ante um processo acelerado decomposição da chamada "classe política" mexicana, que não distingue cores, nem nomenclaturas. Os interesses capitalistas, os negócios sobre os recursos naturais, a exploração irracional dos mesmos se mantém igual ou pior. Não podemos ter ilusões, o poder capitalista, baseado nos eixos descritos, se mantém, apesar de agora governarem com uma máscara "democrática" e "moderna". Esta é a modernidade que busca a "esquerda institucional", a moderna a exploração de homens e recursos naturais. A modernidade da reprodução da repressão, desaparecimento e assassinatos para amedrontar, para desorganizar, para desmobilizar. Nada mudou, apesar que existir uma mudança.

Denunciamos a repressão, o desaparecimento forçado e os assassinatos contra o povo trabalhador e suas organizações sociais, contra os estudantes, operários, camponeses e colonos. Exigimos do governo do estado uma investigação rápida, clara, transparente, porém não confiamos nele, assim como não confiamos na legalidade burguesa que engana, oculta e protege os assassinos do povo trabalhador.

Chamamos a aumentar e fortalecer a resistência, as mobilizações, o apoio solidário de companheiros e organizações irmãs. Chamamos a resistência em cada colônia, povo e comunidade, em cada centro de trabalho, em cada fábrica. Não nos amedrontarão, não nos desmobilizarão, pelo contrário aumentaremos nossas ações para impulsionar a organização dos trabalhadores e assalariados do campo e da cidade, à margem dos partidos do sistema de dominação.

A repressão, desaparecimento e assassinato de nossos companheiros estudantes de Ayotzinapa e de nossos camaradas não ficarão impunes. Continuaremos a organização independente, para construir o partido revolucionário da classe operária, retomaremos as bandeiras que nossos companheiros e camaradas levantaram e as que foram sacrificadas pela repressão de um sistema capitalista irracional e assassino.

Proletários de todos os países, uni-vos!

Comitê Central do Partido Comunista do México.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB).


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