Na contracorrente da intelectualidade cujo pensamento não consegue se mover para além da superfície e da produção de banalidades, cumprindo a função conservadora de manter o status quo, algo muito comum dentre os pensadores que, na contemporaneidade, nada mais fazem do que alimentar a resignação política e o conformismo, sem falar naqueles que abertamente defendem sem prurido algum os princípios burgueses em favor da ganância do lucro, Galeano sempre soube representar a fala dissonante, a rebeldia e a contraposição ao sistema dominante. Além de ter sido um historiador erudito, profundo conhecedor do drama histórico do continente americano, soube denunciar como ninguém, em sua obra máxima "As Veias Abertas da América Latina" e em outras produções literárias, a dor dos oprimidos e explorados, das comunidades indígenas, dos negros, dos trabalhadores, das mulheres e de todos os povos submetidos à lógica da dominação colonial e das determinações capitalistas em tempos de imperialismo.
As palavras, textos e livros de Galeano, valiosos instrumentos para a compreensão da realidade que nos cerca e das causas das atrocidades que campeiam no mundo capitalista, configuram-se também como um poderoso estímulo para a mobilização e a luta dos oprimidos. Sua clara identificação com o projeto de transformação política e social proposto pela Revolução Bolivariana e pelas ideias socialistas nos levam a reverenciar sua memória e sua prática inteletual militante em favor de uma alternativa anticapitalista e anti-imperialista na América Latina e em todo o mundo. A obra e o pensamento de Eduardo Galeano continuarão reverberando, mais vivos do que nunca, nas lutas dos trabalhadores e dos movimentos populares latino-americanos contra a exploração imperialista e por um mundo sem desigualdades.
Comitê Central do PCB