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040615 mexicoMéxico - A Verdade - O Estado mexicano vem se degenerando, ano após ano, em um Estado policial onde os narcotraficantes fortalecem seu domínio e se associam ao poder público na repressão aos trabalhadores.


O assassinato de lideranças populares se tornou regra e o armamento da população para autodefesa uma realidade em várias províncias do país.

O caso dos 43 estudantes desaparecidos na cidade de Ayotzinapa é o principal exemplo do processo de fascistização que está em curso nas instituições estatais mexicanas.

Diante desse quadro, o país vai para mais uma eleição federal e a grande maioria dos movimentos sociais, de trabalhadores, das mulheres, dos camponeses e indígenas decidiram por boicotar as eleições, realizando ações de protesto em todo país.

A Verdade entrevistou Florentino López, presidente da Frente Popular Revolucionária do México, que explicou o ponto de vista das organizações que estão organizando o boicote eleitoral. Florentino explicou que "O objetivo do nosso movimento é demonstrar ativamente, mediante diversas ações, o rechaço da população ao processo eleitoral. Em várias regiões do país onde a força e organização do povo está mais consolidada, foi tomada a decisão de não permitir a realização de campanhas eleitorais, retirando a propaganda eleitoral e impedindo a instalação de urnas, mediante o bloqueio de rodovias e a vigília permanente da população. Ocorreram também ocupações de escritórios do Instituto Nacional Eleitoral (INA)".

A Verdade: Que ações o movimento popular está tomando para impedir a realização das eleições?

Florentino López: As ações que estão sendo realizadas há várias semanas para boicotar o processo são decididas em assembleias e é levado em conta a correlação de forças que existe em cada ponto do país. O objetivo do nosso movimento é demonstrar ativamente, mediante diversas ações, o rechaço da população ao processo eleitoral. Em várias regiões do país onde a força e organização do povo está mais consolidada, foi tomada a decisão de não permitir a realização de campanhas eleitorais, retirando a propaganda eleitoral e impedindo a instalação de urnas, mediante o bloqueio de rodovias e a vigília permanente da população. Ocorreram também ocupações de escritórios do Instituto Nacional Eleitoral (INA). Essas ações estão concentradas, principalmente, nos estados de Chiapas, Oaxaca, Guerrero e Michoacán. No dia 7 de junho, o movimento irá impidir a instalação de urnas eleitorais, e promover ações de incineração de material eleitoral. Em outras regiões, onde o movimento é mais débil, estamos concentrados na agitação contra o processo, combinando com o chamado para anular o voto e não comparecer às urnas no dia 7 de Junho.

A Verdade: Por que o movimento social no México decidiu boicotar as próximas eleições?

Florentino López: Por que consideramos que as eleições que se realizam no próximo domingo (7 de Junho) buscam legitimar um regime decadente e apodrecido; por que a maioria da população mexicana não crê que mediante a via dessas eleições seja possível alcançar uma transformação social que melhores suas condições de vida. Também por que dos 500 integrantes da Câmara de Deputados que poderão ser votados, não há nenhum escolhido através de um procedimento democrático. São todos representantes dos partidos que representam os diferentes setores da burguesia mexicana.

A Verdade: As eleições no México são democráticas? Como funcionam as eleições mexicanas?

Florentino López: Temos um sistema eleitoral totalmente antidemocrático e corrupto. Essa é a razão principal do boicote. A cada 3 anos são eleitos 500 deputados e presidentes muncipais (prefeitos). A cada 6 anos são eleitos 128 senadores, 32 governadores de Estados e o presidente da República. As eleições são organizadas pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE). As leis privilegiam a participação eleitoral mediante os partidos políticos com registro, os quais são financiados com recursos públicos. Estes recursos são distribuídos de acordo com o número dde postos públicos e a votação alcançada anteriormente, de tal maneira que os três principais partidos burgueses do país recebem a maior parte do financimento. Estes são: O Partido Revolucionário Institucional (PRI), o Partido Ação Nacional (PAN) e o Partido da Revolução Democrática (PRD). Estes partidos não têm diferenças essenciais entre si. Há outros 7 partidos que são apêndices dos 3 anteriores, exceto o Movimento de Regeneração Nacional (MORENA), de Andrés Manuel López Obrador, que busca se converter no partido da social-democracia mexicana. Nas últimas reformas ao código eleitoral, se permitiu a participação de candidatos independentes dos partidos políticos. No entanto, esses candidatos têm enormes obstáculos para seu registro, para seu financiamento, de tal maneira que se faz quase impossível a participação das massas de maneira independente. O órgão eleitoral é nomeado pelos próprios deputados, não é independente. A eleição é organizada e a apuração dos votos ocorre, então, através de uma acordo entre PRI, PAN e PRD. O Instituto Nacional Eleitoral não é uma organização imparcial.

A Verdade: Como se relacionam os partidos da ordem com o narcotráfico e os paramilitares?

Florentino López: O narcotráfico, como fruto do precesso de decomposição da sociedade capitalista, como um novo e poderoso ramo da economia nacional, intervêm igualmente a qualquer outra forma de capital. Os traficantes buscam a continuidade de seus negócias, o lucro máximo, e o controle político, econômico e social do povo explorado e oprimido. Em várias regiões do país, o narcotráfico contrala a todos os partidos poíticos e estes partidos, por sua vez, buscam o financiamento do narcotráfico para garantir suas campanhas eleitorais e a compra de funcionários e consciências. Ambos mantêm uma relação de negóciose proteção mútuas. Os traficantes não controlam apenas os partidos, controlam áreas estratégicas do governo federal e dos governos locais, especialmente os altos funcionários encarregados do exército e das forças polciais. Essas são as áreas favoritas dos cárteis da droga. Tudo é feito com o beneplácito dos governantes. É por isso que, em muitas ocasiões, quando ocorrem os massacres contra a população civil, é muito difícil determinar onde terminou a ação do narcotráfico e onde começou a ação do Estado, por que muitas vezes não há uma linha que os divida. O narcotráfcio se converteu em uma extensão das forças repressivas do Estado, em grupos paramilitares, que são ilegais, mas atuam coordenamente com as forças legais da burguesia. É o mesmo que ocorre na economia. Não há um limite claro entre a economia legal do narcotráfico e a economia regulada pelas leis, mas ambas atuam e o Estado e a oligarquia as permitem e as promovem.

Sandino Patriota, São Paulo


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