Cuba estará presente pela primeira vez em uma reunião da Cúpula das Américas, evento promovido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) que congrega os governantes do continente, desde que os encontros passaram a ocorrer, em 1994. O sétimo encontro ocorrerá nos dias 10 e 11 de abril no Panamá.
O comparecimento da ilha socialista acontece em um momento de alterações nas relações diplomáticas na região. Quando criada, com o objetivo formal de estabelecer uma agenda comum de cooperação entre os países americanos, a Cúpula, reunida em Miami, foi marcada pela proposta dos Estados Unidos de criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), ideia que expressamente excluía Cuba, que não estava presente, já que havia sido expulsa da OEA em 1962, por iniciativa dos EUA.
A suspensão de Cuba foi levantada em 2009, através do apoio de Bolívia, Equador, Honduras, Nicarágua e Venezuela. Em 2012, durante a última Cúpula realizada, na Colômbia, os países da América Latina se recusaram a participar do próximo encontro caso Cuba não fosse convidada. A posição do bloco foi atacada pelos Estados Unidos e pelo Canadá.
O governo do Panamá, mesmo com as objeções inicias dos norte-americanos, fez o convite à Cuba, que o aceitou. Nesse meio tempo, entretanto, a política externa dos EUA sofreu uma grande alteração em relação à sua posição quanto à ilha. No final de 2014, os presidentes dos dois países anunciaram o início de um processo de reaproximação. Obama demonstrou o desejo, inclusive, de acabar com o embargo econômico ao país vizinho, considerando-o uma "política equivocada".
Hoje, já se especula um possível encontro entre o estadunidense e Raúl Castro durante a Cúpula. A Casa Branca indicou que ainda não existe uma decisão sobre a questão. A subsecretária de Estado Roberta Jacobson, entretanto, já garantiu que Obama irá "interagir" com o presidente cubano, ainda que uma reunião formal entre os dois não esteja programada.
Outros encontros
Antes dos chefes de Estado se reunirem na Cúpula, um espaço voltado para organizações da sociedade civil está previsto para os dias 8, 9 e 10. Os chamados Fóruns Hemisféricos se dividiram em grupos de trabalho para formularem recomendações aos governantes dos países.
Um outro encontro está sendo articulado por movimentos sociais. Ele ocorrerá paralelamente à Cúpula das Américas. Batizada de Cúpulas dos Povos debaterá diversas questões a partir do tema: América Latina, uma pátria para todos, em paz, solidária e com Justiça Social.
Parte das organizações que farão parte desse evento integram a Articulação dos Movimentos Sociais da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), ideia surgida para se contrapor a proposta de integração via mercado simbolizada na Alca. Durante a Cúpula dos Povos no Panamá, será lembrado justamente o aniversário de dez anos da derrota do projeto norte-americano.
Os chefes de estado de Bolívia, Equador, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Haiti, cujos governos encampam a proposta da Alba, foram convidados a discursar para os participantes da Cúpula dos Povos. O presidente boliviano Evo Morales já confirmou presença no encontro.