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211114 dfMéxico - Opera Mundi - [Vanessa Martina Silva] Protestos pedem que o governo dê respostas sobre o sumiço dos 43 estudantes de Iguala e mobilizaram mais de 30 países e 230 cidades mexicanas.


A indignação diante da falta de respostas do governo para o desaparecimento dos 43 estudantes da escola de Ayotzinapa, em Iguala, no estado de Guerrero, no México, impulsionou a realização de uma das maiores mobilizações da história recente do país. Na quarta jornada de protestos, realizados nesta quinta-feira (20/11), quando se comemorou o aniversário de 104 anos da Revolução Mexicana, familiares dos jovens denunciaram que as valas comuns e o desaparecimento forçado de pessoas são uma realidade em todo o país. Em comunicado, a Anistia Internacional fez coro às denúncias e ressaltou que a situação revela que o México vive uma "crise humanitária".

Pelo menos 150 universidades públicas e privadas paralisaram as atividades nesta quinta para participar das mobilizações realizadas em 237 cidades mexicanas. Autoridades locais disseram que 30 mil pessoas participaram do protesto na capital Cidade do México. Também foi convocada uma jornada internacional de manifestações, com atos em mais de 30 países, entre eles Brasil, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, França e Japão.

Ao fim de uma campanha por todo o país, que durou uma semana, os pais dos jovens desaparecidos afirmaram, diante de centenas de milhares de pessoas, que "não é só em Guerrero: em todo o México existem fossas clandestinas, executados extrajudicialmente e desaparecimentos forçados".

A resposta que ouviram da multidão foi: "Não estão sozinhos. Não estão sozinhos". Os presentes, além de reivindicarem o aumento da procura pelos estudantes, na esperança de eles ainda estarem vivos, também pediram castigos aos responsáveis pelos atos e a renúncia do presidente Enrique Peña Nieto.

Os familiares dos estudantes voltaram a contestar a versão oficial para o desaparecimento dos jovens apresentada pelo procurador-geral do país, Jesús Murillo Karam, de que eles teriam sido mortos e os restos mortais queimados. Para os parentes, o governo sabe onde os garotos estão.

"Graças às caravanas que fizemos, nos demos conta de que fossas clandestinas e desaparecidos existem em todo o país. Hoje, 20 de novembro, não festejamos o 104º aniversário da Revolução Mexicana. Se estamos aqui parados é porque os governantes mutilaram nossa Constituição em benefício próprio", afirmou Felipe de la Cruz, pai de um dos jovens.

Eles também afirmam que, ao invés de realizar uma investigação séria, o governo tem "ameaçado os pais e quem está na manifestação popular".

Desestabilização

O presidente Peña Nieto, que recém chegou da viagem que fez à China e à Austrália, afirmou que usará a força, se necessário, para conter atos violentos presentes nas manifestações. "Se o que demandamos é Justiça e que os responsáveis por esses atos paguem, que a lei seja aplicada em todos os seus termos, não pode ser através de atos de vandalismo".

Para o mandatário, a mobilização é uma "tentativa de desestabilização" de seu governo e advertiu que "atentar contra as instituições é atentar contra os mexicanos". Ele ressaltou ainda, em discurso feito diante de militares, que fará com que o Estado de Direito impere no país.

No mesmo sentido, o secretário da Defesa Nacional, o general Salvador Cienfuegos Zepeda, pontuou que a insegurança e o crime organizado "são problemas do Estado e não do governo".

Crise Humanitária

A Anistia Internacional, por sua vez, fez coro aos pais dos estudantes desaparecidos e afirmou que os fatos ocorridos em setembro, que deixaram seis mortos, 43 desaparecidos e 25 pessoas feridas, revelam um "grave contexto de violação dos direitos humanos no país nos últimos anos e não é um caso isolado". Para o organismo, Peña Nieto não reconhece a crise humanitária que seu país atravessa e ressaltou que "nos últimos anos a falta de acesso à Justiça e a impunidade diante de graves violações aos direitos humanos têm sido uma constante".

Além disso, o comunicado emitido pela Anistia Internacional aponta que as declarações do presidente parecem ignorar "o elevado número de pessoas desaparecidas no país que, de acordo com dados oficiais, chegam a 22 mil e que a tortura no país aumentou 600%". Na visão do organismo, o presidente demonstra "falta de compromisso para fazer frente à situação vivida pelo país, marcando uma tendência de criminalização das demandas por justiça e a manifestação de ideias".

Violência

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF), 31 pessoas foram presas e 18 policiais ficaram feridos após a jornada de protestos desta quinta.

Segundo as autoridades, um grupo de pessoas foi encontrado com bombas molotov, pedras, foguetes e fogos de artifícios.

Os incidentes mais graves ocorreram próximo ao Aeroporto Internacional do México, onde um grupo de jovens encapuzados tentou impedir a passagem que dá acesso ao terminal.

Não houve interrupção dos voos, nem foi registrado qualquer incidente grave, embora o governo acuse o grupo de tentar sequestrar um caminhão de paz com a intenção de explodi-lo. tentativa que teria sido contida pela força policial local.


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