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4656119776 96b62aebee zColômbia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A queda dos preços das matérias primas tem atingido em cheio as economias dos países atrasados e parte da especulação financeira. Os mais afetados são os países cujas economias dependem do petróleo.


Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia. Foto: Globovisión (CC BY-NC 2.0)

A Colômbia produz um milhão de barris de petróleo diários que representam a quinta parte do orçamento público. No primeiro semestre deste ano, a queda das exportações, na comparação com o mesmo período do ano passado, foi de US$ 28 bilhões para US$ 20 bilhões. A expectativa de arrecadação com o petróleo para este ano caiu dos quase US$ 7 bilhões do ano passado para pouco mais de US$ 1 bilhão. Os preços das demais commodities (matérias primas) que fazem parte das exportações colombianas também caíram, como aconteceu com o café, o níquel e o carvão. A Colômbia tem sete milhões de pessoas vinculadas à economia cafeeira.

A dívida externa (oficial) disparou de 25% do PIB para 33%. O peso colombiano perdeu 40% do valor na comparação com o dólar, o que tem aumentado a dívida pública e a inflação por causa dos produtos importados. A inflação (oficial) tem se acelerado e superado o teto da meta dos 4%. A economia tem reduzido a marcha de maneira contínua.

A América Latina tem sido atingida em cheio pela crise capitalista. A grandes economias da região entraram no olho do furacão do colapso capitalista do qual tinham conseguido escapar em 2008, quando enormes volumes de capitais especulativos foram direcionados da especulação imobiliária para a especulação com matérias primas.

A crise do regime político

O governo de Juan Manuel Santos representa os interesses dos monopólios que buscam ampliar a exploração de matérias primas em territórios que hoje são controlados pela guerrilha. Os setores liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe são ligados aos grandes latifundiários e ao narcotráfico.

As negociações de paz com as FARC-EP e, agora, com o ELN tendem a ser colocados em xeque por causa da queda dos recursos para financiar as políticas acordadas, principalmente, para o campo.

Os novos programas deveriam consumir algo em torno ao 5% do orçamento público. A queda dos investimentos públicos esteve na base da crise entre os governos centrais de vários países da região e os movimentos camponês, operário e social. Isto pode ser visto entre 2009 e 2013 na Bolívia, onde até a COB (Central Operária Boliviana) e duas das cinco centrais camponesas romperam com o governo de Evo Morales. Recentemente, o mesmo aconteceu no Equador e no Peru.

O governo Santos tenta apertar as políticas fiscais para aumentar as receitas. A redução dos investimentos públicos também está contemplada, principalmente nos setores imobiliário, agricultura, minério e energético. Essas medidas e o aumento dos impostos têm dado novo fôlego à extrema direita liderada por Álvaro Uribe.

Aos vários protestos e greves rurais dos últimos dois anos, agora se somam o surgimento de protestos dos latifundiários.

O "Israel latino-americano" pode avançar?

O governo da Colômbia tem assumido um novo papel na América Latina nesta década devido à política do imperialismo norte-americano de repassar o peso da crise sobre a América Latina, de maneira mais forte, devido às perdas sofridas por causa das derrotas nas demais regiões do mundo e do aprofundamento da crise capitalista.

A Colômbia foi um dos mais importantes signatários dos tratados de livre comércio com o objetivo de fortalecer a Aliança do Pacífico, imposta pelo imperialismo, que busca reeditar a fracassada ALCA (Aliança para o Livre Comércio nas Américas), na década passada, que tem como objetivo se opôr aos blocos nacionalistas, como a Alba (Aliança Bolivariana), a Unasul (União dos Países do Sul), a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) e o Mercosul.

Os tratados de livre comércio começaram a prejudicar os camponeses. Os preços da batata, banana, milho, algodão e sorgo também entraram em queda.

Neste momento, a Colômbia é o melhor aliado dos Estados Unidos, que pretendem convertê-la no Israel da América Latina. Ali eles têm bases militares que ameaçam os vizinhos, entre eles o Brasil. Desde essas bases militares os Estados Unidos podem controlar a América do Sul, o Caribe e influenciar rapidamente qualquer situação na África. Portanto, a Colômbia é um ponto estratégico da política imperialista para a América Latina. A Colômbia é um pais rico, existe um investimento dos Estados Unidos muito grande. Os monopólios precisam do petróleo, ouro, prata, platino e de outros produtos que temos. Além disso, há a questão do etanol, dos recursos pesqueiros e da órbita geoespacial.

O aprofundamento da crise capitalista tem enfraquecido a base material para colocar em pé o “Israel latino-americano”, mas a presença imperialista no país é determinante. Nos últimos anos, tem predominado a política “democratizante” influenciada pela Administração Obama. Mas o golpismo avança na América Latina, especialmente na vizinha Venezuela. Apesar do fracasso do chamado Plano Patriota, a Colômbia continua sendo uma arma fundamental do imperialismo para o controle da região. O papel da Colômbia poderá tornar-se ainda mais determinante no próximo período com a provável vitória de setores mais direitistas nas eleições norte-americanas que acontecerão no próximo ano.

Do Plano Patriota à OTAN

O Plano Patriota representou a desculpa intervencionista dos Estados Unidos na Colômbia. Com o pretexto de combater o narcotráfico, passou a realizar uma guerra contrarrevolucionária.

As FUDRA (Forças de Deslocamento Rápido), estruturadas no contexto do Plano Colômbia, têm como objetivo lançar operações militares rápidas inclusive em outros países. Nas operações helitransportadas podem participar 50 ou mais helicópteros. Tudo encoberto sob a demagogia do suposto combate ao narcotráfico, mas que, na realidade, tem como objetivo realizar operações de contra-insurgência ou contra movimentos guerrilheiros, como ficou claro no caso da operação contra Sucumbios, Equador, onde foi assassinado o comandante das FARC, Reyes, o principal articulador do processo de paz na época e mais duas dúzias de guerrilheiros que o acompanhavam. Sob o comando indireto do imperialismo norte-americano essas forças têm capacidade de intervir militarmente não somente no Equador, mas também na Venezuela.

O suposto combate ao narcotráfico resultou num profundo fracasso. Os Estados Unidos investiram mais de oito bilhões de dólares na última década na tentativa de liquidar as guerrilhas e abrir caminho para uma entrega ampla do país aos monopólios. As guerrilhas receberam golpes de caráter militar que afetaram parcialmente as estruturas, mas conseguiram se adaptar à guerra moderna e dos drones, da alta tecnologia, dos microchips para ter mais precisão nos bombardeamentos. A guerra de guerrilha com base de massas é difícil de ser derrotada militarmente, como todas as experiências revolucionárias o tem demonstrado. Uma das primeiras medidas do governo Santos foi buscar as negociações de paz com as FARC.

Em 2013, assinou um acordo de livre comércio com os sionistas israelenses, com o objetivo de facilitar as importações de produtos de alta tecnologia, principalmente tecnologia militar e de segurança, além de serviços de inteligência militar, como a conhecida participação do Mossad (disfarçada por trás de empresas controladas por israelenses ou nas bases norte-americanas) no treinamento dos esquadrões da morte e na luta contra os guerrilheiros. Israel é o segundo maior fornecedor de armas da Colômbia, após os Estados Unidos, de equipamento militar, de inteligência, detecção de voos, movimento de tropas e análise de informação.

O presidente Santos chegou a declarar que o governo tinha a intenção de ingressar na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

As relações do governo da Colômbia com a OTAN vêm de longa data. O imperialismo norte-americano contratou militares colombianos que atuam na guerra do Afeganistão, na Turquia e que também atuaram no Iraque, devido à experiência em operações de contra-insurgência.

Perante as dificuldades para colocar em pé novos mecanismos agressivos para controlar a América Latina, o imperialismo tenta revitalizar os mecanismos existentes. Há poucos anos reativou a VI Frota. Agora, considera incluir a Colômbia na OTAN.

Conforme a crise capitalista se aprofunda, a base material do imperialismo se enfraquece, mas a agressividade tende a aumentar. A única maneira de enfrentar o imperialismo é a mobilização das massas. O aprofundamento da crise capitalista mundial e regional tende, justamente, a colocar as massas latino-americanas em movimento.


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