Trata-se da primeira vez que o líder da revolução cubana comenta publicamente as relações entre Havana e Washington desde o anúncio da reaproximação, em 17 de dezembro de 2014. Para introduzir a temática, ele recorda o simbólico aperto de mãos entre seu irmão e atual presidente cubano, Raúl Castro, e o chefe de Estado norte-americano, Barack Obama, durante o funeral do líder sul-africano Nelson Mandela, em dezembro de 2013."
Defender a paz é um dever de todos. Qualquer solução pacífica e negociada para os problemas entre os Estados Unidos e as pessoas ou quaisquer povos da América Latina, que não impliquem força ou o uso da força, deve ser tratado de acordo com os princípios e as normas internacionais", prossegue Fidel. "Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo, incluindo os nossos adversários políticos", acrescenta.
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Na carta divulgada pela imprensa cubana, Fidel ainda relembra seus tempos na Universidade de Havana, onde foi estudante 70 anos atrás. Ele também aproveitou a oportunidade para comentar questões como injustiça social e má distribuição de recursos financeiros ao redor do mundo.
"Os graves perigos que ameaçam a humanidade de hoje deveriam ceder a regras compatíveis com a dignidade humana. De tais direitos não está excluído nenhum país. Neste espírito, lutei e continuarei a lutar até o último suspiro", finaliza.
Desde o anúncio do reestabelecimento de relações diplomáticas entre os governos cubano e norte-americano, esperava-se que Fidel fornecesse declarações públicas. O silêncio do ex-presidente cubano por mais de um mês alimentou rumores sobre sua atual condição de saúde. A última aparição do líder cubano de 88 anos aconteceu há mais de um ano. Mas, em agosto de 2014, a imprensa cubana noticiou o encontro de com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.