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230511_obama_netanyahuEstados Unidos - Revista Fórum - [Robert Fisk] Netanyahu e os assentamentos israelenses continuarão como antes – autorizaram-se mais, apenas horas depois do discurso de Obama. E quando o presidente dos EUA terminar de jurar lealdade eterna a Israel, os árabes já terão esquecido a pose de ontem.


Foi a mesma velha história. Os palestinos podem ter um estado “viável”, Israel um estado “seguro”. Israel não pode ser deslegitimado. Os palestinos não devem tentar pedir à ONU a condição de Estado em setembro. Não se pode impor a paz a nenhum dos dois lados. Houve momentos ontem em que se poderia transformar isto no discurso de Obama para os lobistas pró-israelenses neste fim de semana. Ah, sim, e o Estado palestino não pode ter arma nenhuma para se defender! Então é isso que significa “viável”!

Era uma espécie de Segunda Vinda, suponho, o discurso do Cairo repactuado, mais uma tentativa com o Oriente Médio, tão tediosa e injusta como todas as outras, com muita retórica sobre as revoluções árabes, as quais Obama não faz nada para ajudar. Havia partes positivamente delirantes. “Quebramos o embalo do Talibã”, disse o grande pontificador. O quê? Ele acha isso mesmo – mesmo?

Claro, havia o banho retórico de sempre para a Líbia, a Síria, o Irã, os suspeitos usuais. E havia as palavras. Coragem. Paz. Dignidade. Democracia. Uma criatura de Marte pensaria que o homem tinha ajudado as revoluções no Oriente Médio a acontecerem, ao invés de ficar sentado, arrumadinho, de lado, na esperança de que os miseráveis ditadores talvez sobrevivessem.

Houve uma palmadinha no Barein (revolução nenhuma lá, claro) e não houve uma palavra sobre a Arábia Saudita, apesar de que, imagino, seu idoso rei dará uma telefonada para Obama nos próximos dias. O que é mesmo essa história toda de mudança no Oriente Médio? 

Tivemos uma tímida referência à “atividade dos assentamentos israelenses”, uma pancada no Hamas (naturalmente), muitas lágrimas para o verdureiro tunisiano, Mohamed Bouazizi, que iniciou as revoluções – a Tunísia sendo um Estado que Obama, na realidade, jamais mencionou até que Ben Ali já ter fugido. A “humilhação da ocupação” para os palestinos – repetição direta do discurso do Cairo de dois anos atrás – e o relato do palestino que “perdeu três filhas para bombas israelenses” em Gaza. Entendi, claro. O homem só “perdeu” suas filhas para bombas que aconteceram de cair sobre elas; nenhuma sugestão de que alguém na verdade as tivesse atirado.

Será que Obama está simplesmente falando demais? Temo que sim. Ele capitalizava, banhando-se em suas próprias palavras, como fez em sua miserável apresentação quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz por Falatório.

E aí, e eu adivinhei antes de que ele dissesse, ele comparou as revoluções árabes com a revolução americana. Tomamos como auto-evidentes estas verdades etc. etc. O fato de que muito mais árabes lutaram e morreram para ficarem livres de nós que para se parecerem aos americanos foi um detalhe que ele não percebeu. E aí tivemos que ouvir qual seria o “papel” dos Estados Unidos no novo Oriente Médio. Não ouvimos nada sobre se os árabes queriam que eles tivessem um papel. Mas aí está Obama para vocês. Sempre procurando um papel.

Bem, este é o fim de semana de Netanyahu e os assentamentos israelenses continuarão como antes – autorizaram-se mais, apenas horas depois do discurso de Obama. E quando Obama terminar de jurar lealdade eterna a Israel, os árabes já terão esquecido a pose de ontem. A referência ao “estado judeu” tinha a óbvia intenção de agradar Netanyahu. Na última vez em que fui lá, havia centenas de milhares de árabes que moravam em Israel, todos eles com passaportes israelenses. Eles não receberam referência nenhuma de Obama. Ou talvez eu estava só imaginando.

Original aqui.   Tradução de Idelber Avelar.


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