"Um terço dos médicos deixam de prescrever medicamentos com frequência no SNS devido à incapacidade financeira invocada pelos doentes", avançou ainda o bastonário da Ordem dos Médicos.
No que respeita à qualidade dos serviços prestados no SNS, 65% dos médicos afirmam que, nas respetivas instituições, existem "faltas recorrentes de material para o exercício da profissão". Cerca de 60% dos profissionais consideram, por outro lado, que a qualidade do SNS foi afetada pelo "menor acesso a atividades de formação" e 80% afirmam ter "menos tempo para orientação de internos".
Já 80% dos médicos inquiridos "consideram que os cortes já aplicados no financiamento do SNS" comprometeram "a qualidade e acessibilidade dos cuidados", salientou.
"Não vale a pena discutir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, quando não há sustentabilidade do país", enfatizou José Manuel Silva.
"Temos a classe política menos bem preparada e menos honesta da Europa", criticou, considerando que é necessário mudar essa classe para que "o país e o SNS tenham futuro".
Os resultados do inquérito realizado em parceria entre o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e a Ordem dos Médicos (OM) foram divulgados durante a cerimónia de comemoração dos 35 anos do SNS em Coimbra.
Responderam ao questionário 3448 médicos, sendo que os resultados apresentados reportam-se aos 1631 inquéritos "já validados".