No Bairro de Santa Filomena vivem centenas de pessoas, a maioria das quais são trabalhadores/as imigrantes, e 84 das famílias de moradores estavam em risco de ficaram sem casa, na total vulnerabilidade. Estas famílias são compostas por 285 pessoas, incluindo 105 crianças e jovens com menos de 18 anos (dados apresentados pelo colectivo Habita). A Câmara Municipal da Amadora ameaçava estas famílias de despejo há meses, sem lhes apresentar qualquer alternativa viável. Esta ameaça foi hoje concretizada da pior maneira, e estas pessoas, que trabalham na sua maioria na construção civil e nas limpezas, em condições de enorme precariedade, foram deixadas sem tecto.

O despejo de hoje acontece depois da Câmara já ter realizado algumas incursões selectivas, num processo que se arrasta há 20 anos, e também depois de manifestada a vontade dos moradores, em conjunto com outros grupos de activistas, de encontrar soluções que tenham em conta o respeito pela dignidade dos seres humanos. A única resposta por parte da Câmara Municipal da Amadora é o desalojamento sem escrúpulos da população. Os habitantes do bairro, juntamente com os activistas do Habita, foram ontem ouvidos pela Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, e apresentaram uma queixa ao Provedor de Justiça contra a violação dos direitos humanos e pedindo a suspensão dos despejos “massivos e forçados” na Amadora.