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 MG 2828 2Portugal - Diário Liberdade - [Com entrevista e galeria] Na tarde da terça-feira 13 de outubro o centro da cidade do Porto foi tomado por umha marcha de mulheres feministas dispostas a mudar o mundo num acto que, no contexto do primeiro Festival Feminista do Porto, levou às ruas a denúncia da violência machista.


Passadas as 15h00, várias dezenas de mulheres, muitas delas vindas de diferentes pontos do mundo na Caravana Feminista que chegou ao Porto na segunda-feira, reuniam-se na Praça dos Leões com o objetivo de visibilizar e denunciar a violência machista em Portugal. Assim, o acto começou com umha homenagem simbólica às 44 mulheres assassinadas em Portugal em 2014 polos seus companheiros e ex-companheiros. A exibiçom dum estendal com 44 peças de roupa vermelhas em representaçom das vítimas anónimas, cuja ‘história de morte’ se encontrava escrita num pequeno cartaz, deu passo a umha performance em que as mortas pola violência machista recuperárom momentaneamente a voz através das participantes.

Posteriormente, a marcha feminista deslocou-se à Avenida dos Aliados para denunciar frente à Câmara Municipal do Porto que o machismo mata, e finalmente dirigiu-se à Praça dos Poveiros onde foi novamente realizada a homenagem às 44 assassinadas em 2014, dando feche à manifestaçom. Durante o percurso, as manifestantes nom deixárom de mostrar em todo momento o seu rechaço à violência machista, de reivindicar o respeito e igualdade para as mulheres e de lembrar que o movimento feminista seguirá em marcha “até que todas sejamos livres”.

Após a marcha tivemos oportunidade de falar com Sara Leão em representação da organização do Festival Feminista, quem nos contou como está a decorrer a experiência.

Diário Liberdade - Qual é o objetivo desta Marcha contra a violência machista?

Sara Leão – Esta marcha foi organizada como parte dos eventos de acolhimento à Caravana Feminista. Quigemos aproveitar esta oportunidade de termos aqui companheiras de vários países para dar visibilidade ao feminicídio e a violência contra as mulheres que acontece em Portugal. A Marcha começa por ser esta homenagem às mulheres que fôrom apagadas da história, assassinadas polos companheiros e ex-companheiros mas pretende também dar-nos voz a nós, porque é muito raro aqui no Porto e em Portugal ter manifestaçons feministas.

Para mim, pessoalmente, esta Marcha era o centro do festival, porque aquilo que me preocupa muito é a dificuldade que as mulheres tenhem, mas os cidadaos em Portugal em geral, em sair à rua e manifestarem-se. Considero que nós ainda temos umha dificuldade, e sobre tudo as mulheres, de nos apropriarmos do espaço público e nom sermos discretas, de sermos visíveis, de termos voz, de estarmos juntas, de nom funcionar enquanto indivíduos apenas, mas indivíduos que se apoiam e tenhem luitas comuns.

Por isso ainda nom consigo muito bem avaliar, mas estou muito satisfeita e emocionada também por vários motivos: polo tema em si, porque esta performance para assumir o papel dumha mulher que foi assassinada é um bocado pavoroso, mas também por ver que tivemos umha cousa grande, e que foi um evento bonito.

DL – Como foi a experiência do recebimento à Caravana Feminista?

SL – Foi muito bom. Figemos um evento no Contrabando, que é umha associaçom daqui do Porto, onde recebemos a Caravana e as companheiras figérom umha apresentaçom do que é que era a Caravana, de várias histórias e lutas com que se tinham deparado no caminho...

Tivemos também momentos de discussom a seguir em que outras companheiras pudérom pôr questons e tivemos em primeira mao testemunhas, por exemplo, dumha companheira da Turquia que contextualizou como os eventos recentes do atentado de Ankhara estavam relacionados com a luita do povo curdo na Turquia. As luitas do povo curdo também fôrom muito visibilizadas pola própria Caravana, porque a Caravana começou no Curdistám da Turquia a dia 6 de março deste ano devido a que a Marcha Mundial das Mulheres decidiu apoiar e mostrar-se solidária com a luita das mulheres curdas.

Acho que foi bom ter a oportunidade de falar com pessoas que trabalham todos os dias nesses contextos e poder ter esse feedback direto, e também desconstruir um bocado daquilo que vamos lendo, porque às vezes acabam por nos dar apenas umha leitura da realidade e é bom podermos aceder a outras ideias e pensar e ver por nós próprias aquilo que nos parece.

DL – Além das mulheres participantes na Caravana Feminista houvo também outras presenças internacionais, como a colaboraçom galega para a oficina de autodefesa feminista.

SL – Também foi muito importante: esgotou! Acho que nunca tinha havido umha formaçom em autodefesa feminista aqui no Porto, era umha cousa que nós já tínhamos falado há muito tempo que gostávamos de fazer e agora, com o Festival, surgiu essa oportunidade e elas propugérom-se para vir cá. Éramos um grupo de cerca de 25 mulheres, no dia seguinte eu fui falando com mulheres que tinham participado e estavam todas muito satisfeitas. Esperamos ter oportunidade de voltar a vê-las cá, falamos dessa possibilidade, elas mostrárom-se interessadas e nós gostávamos muito, porque a autodefesa é todo um processo e é preciso dar-lhe continuidade, e já vimos que há muito interesse aqui. Aos pouquinhos estamos a tornar o Porto mais feminista.

 MG 2696 2DL – O Festival tem um programa muito variado, que vai desde tertúlias e concertos a filmes e exposiçons...  

SL – Sim, ontem tivemos um filme que se chamava Lesbiana, que era sobre a comunidade lésbica no Canadá nos anos 80, e que também foi bom por permitir esse debate entre mulheres de diferentes geraçons e para discutir a realidade de entom e a realidade de agora.

Temos tido sempre exposiçons, ainda vamos ter leituras encenadas... mas o importante é que, em cada evento que tem lugar, vai-se criando espaço de convivência.

DL – Era esse entom o objetivo do Festival?

SL – Exatamente. Eu já conheci muitas mulheres que nom conhecia que som também ativistas e que se calhar trabalhávamos separadamente, e começas a criar, através da convivência e dos afetos, umha rede mais próxima. Isso é muito importante, porque é isso que dá continuidade e que dá futuro para o movimento feminista.

DL – Ainda estamos ao meio do Festival, mas acham que haverá umha próxima ediçom do Festival Feminista do Porto? Poderia ficar consolidado?

SL - Eu espero que sim, gostava muito, mas o que nós estamos a pensar a curto praço é talvez organizar umha atividade mensal, tentar manter um calendário mensal de atividades para criar um certo ritmo. Se houver umha equipa interessada, eu gostava que se tornasse mais umha referência no Porto que todos anos haja um festival feminista.

DL – No contexto dessas atividades mensais podemos esperar entom a realizaçom dalgum acto para o 25 de novembro – Dia Internacional contra a Violência contra as Mulheres –?

SL - Sim, e espero que também se reforcem todas essas datas simbólicas, que se tornem mais fortes e mais marcadas na cidade. Talvez o 25 de novembro seja um bom primeiro ‘pós-festival’.

O primeiro Festival Feminista do Porto está em andamento até o dia 31 de Outubro. O programa e outras informaçons podem ser consultadas aqui ou aqui.

  


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