Foto de Supermariolxpt (CC by-nc-nd/2.0)
"Em coerência com a apreciação feita sobre o mecanismo – uma praxe injustificável a que o MEC continua a querer submeter os docentes e a profissão – é, hoje apresentado um pré-aviso de greve conjunto, incidindo sobre todas as atividades que tenham a ver com a imposição em que o MEC/governo insiste", referem as sete estruturas sindicais em comunicado.
"O MEC teve em vista uma primeira data para fazer regressar a PACC, sábado, dia 20 de dezembro, tentando envolver na concretização dos seus intentos instituições de ensino superior a quem pediu colaboração. Acabou por reagendar para dia 19, sendo de relevar a pouca seriedade e a falta de rigor que transpiram da teimosia do ministro Nuno Crato na imposição de uma prova que, conhecidos os anteriores enunciados da componente comum e a anulação das componentes específicas, se confirmou como uma exigência injusta e absurda", avançam.
FENPROF, ASPL, SEPLEU, SINAPE, SIPE, SIPPEB e SPLIU afirmam ainda que "pouca seriedade e falta de rigor não são acusações gratuitas", sublinhando que o ministro da Educação, "Nuno Crato, e a sua equipa, depois de terem chumbado rotundamente no arranque do presente ano letivo, voltam à carga com a prova, sobrecarregando inutilmente as escolas, jogando com o futuro de muitos professores e educadores e mantendo uma condenável suspeição sobre as instituições do ensino superior que formam para a docência".
Os sindicatos recordam os problemas decorrentes da realização da primeira edição da prova, "que o MEC não foi capaz ou não quis resolver", e condenam a exclusão de quase 8.000 professores profissionalizados dos concursos, que apelidam de "repugnante ato de revanchismo, cuja "ilegalidade já tinha sido denunciada pelas organizações sindicais e que o Senhor Provedor de Justiça confirmou sem margem para dúvidas na interpelação que dirigiu, recentemente, ao Ministro da Educação e Ciência".
"A PACC de Nuno Crato cria e arrasta problemas e injustiças graves, uns sobre os outros; numa autêntica bola de neve, surgem uns sem que os anteriores estejam debelados. O capricho parece ser uma das componentes da teimosia do governante em relação a esta matéria, bem expressa nas reações públicas ao ofício do Provedor de Justiça", criticam os sindicatos.
Prova "apenas para provocar a classe docente"
A Associação Nacional de Professores Contratados (ANVPC) considera que a greve "é bem-vinda" e que é válido "qualquer evento legal que coloque a prova na ordem do dia para discussão".
"Continuamos todos a considerar que a prova não faz sentido, é um braço-de-ferro entre professores e ministério que não faz sentido, e que parece servir apenas para provocar a classe docente", afirmou o presidente da ANVPC, César Paulo, em declarações à agência Lusa.
O responsável associativo frisou que esta "é uma prova humilhante, e ainda mais quando é aplicada a professores que, por não terem encontrado emprego nas escolas apostaram na sua formação, concluindo mestrados e doutoramentos, um nível de formação muito acima do legalmente exigido para dar aulas".
"Este ano, vamos ter uma desigualdade entre os professores que a fizerem e aqueles que a fizeram o ano passado, uma vez que quem fizer este ano tem que fazer a componente comum e a componente específica da prova", avançou César Paulo, lembrando que, face aos protestos e boicotes que marcaram a primeira edição, somente foi realizada a componente comum.
"Acredito que vai haver mais uma vez uma grande adesão à greve por parte da classe docente, que vai voltar a dar uma grande resposta contra uma prova que não é só uma humilhação para os contratados, mas para todos os professores", referiu.