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310114 vianaPortugal - Esquerda - Convidada pelo grupo que integra as eurodeputadas bloquistas, a Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros de Viana foi a Bruxelas contar a história do desmantelamento da empresa.


A delegação da Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) contou em Bruxelas aos eurodeputados da Esquerda Unitária (GUE/NGL) a história de um ataque à economia portuguesa realizada através do processo de desmantelamento da empresa e que nada tem a ver com pretensos encaixes nos cofres do Estado.

"Estamos parados mas temos trabalho", declarou José Pereira, um dos membros da delegação, durante a reunião organizada pelos eurodeputados do GUE/NGL. E revelou a história da encomenda de dois navios asfalteiros feita pela Venezuela e que totaliza um valor de 128 milhões de euros, 18 vezes mais do que os sete milhões que o Estado vai receber, em prestações mínimas, até 2031.

"Encomendámos o aço necessário para a fabricação", continuou José Pereira, mas o governo e a maioria de deputados negaram sempre a autorização para importação da matéria prima.

"Agora, depois de o ministro da Defesa ter assinado, em 10 de Janeiro, a subconcessão dos estaleiros à Martifer – "que nada tem a ver com a construção naval" – "chegaram 3800 toneladas de aço aos estaleiros", denunciou José Pereira.

A construção destes dois navios daria trabalho aos estaleiros para três a quatro anos, envolvendo direta ou indiretamente cerca de três mil trabalhadores e animando a economia de toda a região de Viana do Castelo.

No entanto, o governo pretende desmantelar os estaleiros invocando uma suposta exigência de 180 milhões de euros, que Bruxelas já negou pelas vozes do presidente da Comissão Europeia e do comissário da Concorrência.

"Não podemos dissociar este processo de tudo o que se passa no nosso país", advertiu Abel Viana, outro membro da delegação. "Há a intenção de punir os trabalhadores pela forma como lutam, resistem e mantêm a unidade perante este ataque ultraneoliberal", acrescentou. O governo pretende dar "um exemplo" a todos os trabalhadores, denunciaram, a propósito, a eurodeputada Marisa Matias (Bloco de Esquerda) e João Ferreira (PCP), os dois eleitos que convidaram a delegação da Comissão de Trabalhadores a deslocar-se a Bruxelas.

"Destrói-se uma empresa com 70 anos, onde já passaram três gerações de trabalhadores, que fabricou 220 navios de alta qualidade" como é reconhecido principalmente pelos armadores estrangeiros", continuou Abel Viana.

"Infelizmente o nosso trabalho tem sido reconhecido mais pelos armadores estrangeiros do que pelos armadores portugueses" e, se calhar, este processo é também uma "distribuição de favores entre amigos", denunciou António Costa, coordenador da Comissão de Trabalhadores da empresa.

"Podemos estar perante uma grande armadilha", advertiu, "a de esta subconcessão não servir para a construção naval mas para uma plataforma logística que se destina à empresa Mota Engil".

No entanto, prosseguiu António Costa, a nossa luta "não é por mais salário ou mais regalias sociais".

"O que pedimos é trabalho", esclareceu. "Muitos dos trabalhadores dos estaleiros, com pouco mais de 50 anos, têm 42 e 43 anos de empresa, entraram com 12 e 13 anos, passaram a adolescência nos estaleiros".

"Hoje são trabalhadores vítimas de terrorismo psicológico", vítimas de um governo ultra neoliberal "que fala, tal como as instituições europeias, em reindustrialização e age contra esse objetivo", acrescentou António Costa.

"A empresa é viável", garantiu o coordenador da CT, "e além disso é estratégica para Portugal, não apenas pela sua localização mas também pelo desenvolvimento do Canal do Panamá".

"Uma história seguramente absurda, talvez criminosa", concluiu o eurodeputado João Ferreira comentando o relato feito pelos trabalhadores.

Uma dedução natural. As contas da "gestão ruinosa" do processo feita pelo governo foram resumidas por Marisa Matias, "sem que sejam precisos grandes conhecimentos de Matemática": o governo vai encaixar sete milhões de euros até 2031 em prestações de 430 mil euros anuais; só em encargos sociais decorrentes do desmantelamento da empresa dos estaleiros o governo poderá ter de pagar 30 milhões já este ano. Além disso, as encomendas venezuelanas valem 128 milhões de euros.

Estamos perante "um processo intencional de destruição, como prova esta gestão danosa", concluiu Marisa Matias.


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