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250412 ugtPortugal - Política Operária - A UGT tem sido um parceiro ordeiro e submisso aos "interesses nacionais". Desde que nasceu, após o 25 de Abril, com a missão de "quebrar a espinha á Intersindical", todos os governos contaram com a sua prestimosa colaboração para convencer os trabalhadores das vantagens da moderação e da colaboração destes com o patronato, de abrirem mão de regalias e direitos, que furar greves é razoável e, mais importante, legalizar com a sua assinatura todas as medidas anti-laborais postas em marcha pelos governos do PS, PSD e CDS ao longo de trinta anos de democracia.


 Agora o "interesse nacional", eufemismo usado para justificar todas as malfeitorias cometidas pela nossa classe dominante, é aquele que convém à Merkel e a Sarkozy. Rebatizado de "imperativo patriótico" foi consensualizado no "concelho de concertação social" pela UGT, o governo e as associações patronais. O resultado é o novo Código de Trabalho, uma lei que não tem uma única alínea a favor de quem trabalha e reduz os trabalhadores a gente de segunda, sem outros direitos que não sejam o de "comer e calar".

O frete saiu caro à UGT e a Proença, tornados alvos da crítica de boa parte do PS e motivo de asco dos trabalhadores e sindicalistas, incluindo os da sua central. Depois das desculpas esfarrapadas com que tentou justificar o frete à direita, Proença acaba de descobrir que foi enganado, que o governo não está a cumprir a parte do acordo que – segundo ele, e só ele – é favorável aos trabalhadores, que o desemprego não para de crescer e os rendimentos do trabalho de baixar, que a pobreza está a tomar proporções assustadoras. Coisas que todos viam, mas que a UGT fingiu não ver quando se comprometeu com o plano de austeridade da troika, apesar de semanas antes ter promovido com a CGTP uma greve geral contra aquilo que depois acordou com o grande patronato e o governo.

Sentindo-se cada vez mais isolado e desacreditado, com a UGT dividida e em sérias dificuldades, Proença, como bom oportunista, achou que era altura de fazer algo. Descobre que o governo está de fé, e vai daí, com estrondo, ameaça denunciar o acordo tripartido. Foi o facto político da semana, depois de com um ar bisnau atarantado ter aparecido na televisão zangado com o governo por este não estar a cumprir o compromisso. Como se fosse isso a sua real preocupação e não o facto de a UGT ter feito um mau negócio, tendo sido posta de lado pelo governo como coisa sem utilidade depois de obtida a sua assinatura. Obtido o comprometimento da UGT com as medidas anti-trabalhadores do FMI, BCE e Comissão Europeia para dar a ideia de que há um consenso nacional em torno da necessidade do esbulho que lhe está a ser imposto e assim tranquilizar "os mercados", e alentado pela mansidão dos protestos de rua e das greves gerais, Passos Coelho sentiu que não tinha de se mostrar reconhecido ou de cumprir seja o for. À ameaça de rutura da UGT respondeu Passos Coelho com humilhante desprezo de quem sabe que nada daquilo é para levar sério: "A ameaça de João Proença deve-se à aproximação do 1º de Maio". Não foi preciso esperar muito para se ver que tinha razão e que era infundado o alarme apressado dos que no seu partido o criticaram por não "andar com a UGT nas palminhas" e não cuidar do "diálogo social". Bastou começar a ser recebido nos ministérios para que João Proença se "acalma-se" e fizesse mais uma das suas habituais piruetas, voltando a garantir que está fora de questão a UGT romper o "consenso nacional" em torno do acordado com a troika ou fazer algo que possa por em causa a aplicação.

O sobressalto do chefe da UGT vem tarde e não é sério. Apenas reflecte as dificuldade de um oportunista que quer estar simultaneamente a favor e contra a troika com a desculpa de que o mal não está nas medidas mas no excesso de zelo na sua aplicação por Passos Coelho.


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