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Foto Joao Pedro RodriguesPortugal - Opera Mundi - [Fabíola Ortiz] Uma das soluções é a implementação de parcerias com cineastas de outros países, diz João Pedro Rodrigues.


A diversidade e a liberdade do cinema em Portugal estão ameaçadas, admitiu ao Opera Mundi o cineasta João Pedro Rodrigues, de 46 anos, em razão da avassaladora crise financeira que atinge a zona do Euro e, especialmente, Portugal, que enfrenta profundos cortes na área da cultura.

O português que dirigiu a “A Última Vez que Vi Macau”, exibido no Festival de Cannes deste ano, foi um dos convidados de honra do Festival de Cinema do Rio, que terminou na última quinta-feira (11/10) e apresentou sete filmes de Rodrigues.

Fazer cinema hoje em Portugal é “sobreviver e viver a custa de empréstimos”, lamentou. Ele disse ainda que 2012 é tido por produtores e realizadores lusos como o “ano zero” do cinema português sem qualquer incentivo, edital ou fomento para a indústria cinematográfica.

Fundos congelados

Em Portugal, todos os fundos de financiamento estão congelados. “Estamos numa situação de bloqueio em que não se sabe o que vai acontecer”, destacou. Segundo o realizador, deve haver vontade política para que a cultura exista em Portugal. “E eu acho que, neste momento, não há vontade política. A cultura não é prioridade”.

No final de junho, foi aprovada no país a Lei do Cinema, que estabelece novas formas de financiamento do cinema. Rodrigues se diz crítico à nova legislação que tem dificuldades para ser implementada. A lei regulamenta os financiamentos em que o cinema português passará a ser pago pelas emissoras de televisão privadas.

“Estamos num momento em que há uma Lei do Cinema aprovada, mas está a demorar a ser posta em prática. Deveria haver uma obrigação em Portugal de as operadoras, tanto as públicas quanto as privadas, exibirem o cinema português”, defende.

Rodrigues reivindica uma política de protecionismo à produção cinematográfica nacional nas grades de programação dos canais de televisão. “Não há nenhuma política de protecionismo em relação ao cinema. Vem quase tudo de fora”.

A ausência de uma  indústria cinematográfica em Portugal faz com que a sua produção seja “mais caseira e artesanal”, caracterizou.

Vazio de filmes

Perguntado se o país pode viver, nos próximos anos, um vazio na produção de cinema, Rodrigues teme que sim. “Como há um bloqueio dos financiamentos, as pessoas vão deixar de filmar. Isso compromete a existência do cinema”.

Uma esperança é fazer co-produções internacionais, especialmente com o Brasil. Esta tem sido a saída para muitos produtores lusos. “Eu ainda penso em fazer um filme no estrangeiro completamente com dinheiro de fora”, admitiu.

O próximo longa de João Pedro Rodrigues, “O Ornitólogo”, já está em fase de captação e deve custar 1,5 milhão de euros (quase R$ 4 milhões). A ficção será uma co-produção com o Brasil e deve começar a rodar em 2013 para estrear no Festival de Cannes, em 2014.

O cineasta foi contatado pela organizadora do Festival do Rio, Ilda Santiago, em maio deste ano. “Fiquei muito contente quando ela foi ter comigo em Cannes e dizer que queria homenagear-me, ao mesmo tempo que Manuel de Oliveira. Sinto-me um bocadinho pequeno. Manuel de Oliveira já fez tantos filmes”, brincou.

Para comemorar o Ano de Portugal no Brasil, o Festival do Rio exibiu a mostra “Imagens de Portugal”, com 17 longas e 15 curtas. Entre eles receberam destaque: “O Filme do Desassossego”, de João Botelho inspirado no Livro do Desassossego de Fernando Pessoa; “Tabu”, de Miguel Gomes, vencedor do prêmio da crítica do Festival de Berlim 2012; “A Última Vez que Vi Macau”, de João Pedro Rodrigues, exibido nos festivais de Locarno e de Vancouver 2012; e “Aniki-Bobó” de 1942, o primeiro filme de ficção do realizador Manoel de Oliveira.

O festival teve como objetivo mostrar as várias facetas do cinema português que, segundo Rodrigues, se caracteriza precisamente pela diversidade. “Apesar de não sermos muitos os realizadores, nós fazemos filmes bastante diferentes uns dos outros. Esta diversidade e liberdade que agora se encontram ameaçadas”, lamentou.


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