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colher semear interior2Portugal - Jornal Mapa - A associação Colher Para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais (CPS) foi formalmente criada em Março de 2006 por um grupo de pessoas preocupadas com a perda desastrosa de biodiversidade agrícola.


Desse grupo inicial de dezoito membros faziam parte agricultores e pessoas com outras profissões que se dedicavam à horticultura. Tem a sua sede na Quinta do Olival, situada na aldeia do Olival, concelho de Figueiró dos Vinhos, distrito de Leiria, onde José Miguel Fonseca e Graça Pinto, co-fundadores da CPS, praticam agricultura orgânica há trinta anos, reproduzindo-se nos terrenos desta quinta a maior parte das variedades de plantas hortícolas e fruteiras que a CPS mantém, protege e propaga.

Desde o início, o objectivo principal da CPS tem consistido em preservar e dar a conhecer o património vegetal cultivado em Portugal, ou seja, as variedades autóctones, hortícolas e fruteiras, cultivadas nas diversas regiões do país, do que resultou a constituição de um banco de sementes cuja lista é publicada anualmente no seu Catálogo de Variedades. Esse objectivo pressupôs desde o início o conhecimento factual de tais variedades, que não se encontrava documentado. Para isso, foi necessário organizar levantamentos, que consistem em investigações agro-botânicas sistemáticas, efectuadas numa determinada área do país, com vista a recolher informação segura e fidedigna sobre as variedades (transmitidas pelos antepassados e também recriadas pelos contemporâneos) que continuam a ser efectivamente cultivadas na zona eleita para estudo. Este trabalho, cuja realização costuma abarcar oito a nove meses, entre o fim do Inverno e o Outono seguinte, tem sido feito em colaboração, sobretudo logística, com autarquias (por duas vezes foi-o também com associações locais afins) e, obviamente, com os agricultores, homens e mulheres, que continuam a cultivar as variedades locais na área em questão, constituindo estes os informadores privilegiados e indispensáveis do material vegetativo a coligir e analisar.

A obtenção de uma tal informação subentende vários requisitos prévios: uma abrangente capacidade dialogante, de igual para igual, com os agricultores entrevistados, espírito de solidariedade, bons conhecimentos botânicos e agrícolas, não só teóricos mas sobretudo práticos, disponibilidade de tempo, paciência e capacidade de improvisação.

O trabalho de investigação e recolha anual (a CPS fez até agora oito levantamentos 1) é publicado em livro, com vista a que esse registo contribua para um conhecimento mais exacto do património agrícola local e, ao expô-lo, sublinhe as potencialidades produtivas que contém, tendo em mira a autonomia e a soberania alimentares. O fim do levantamento coincide com a realização, também anual, da iniciativa intitulada Ao Encontro da Semente, encontro este, de três dias (sexta, sábado e domingo), que inclui palestras ou comunicações de pessoas que desenvolvem na zona actividades de âmbito agrícola, debates, oficinas práticas de diversa índole destinadas a fomentar aptidões (sobre recolha e preservação de sementes, podas, cultivos, processos de trabalho agrícola, etc.), apresentação de filmes, exposições (a começar pela exposição do património vegetal recolhido nesse ano e nessa área), bancas para troca de sementes, venda de produtos agrícolas, livros e outras publicações, e, naturalmente, convívios e trocas de ideias, de que fazem parte as refeições colectivas, sempre confeccionadas com produtos locais, e o baile das colheitas, animado também por agrupamentos musicais da região.

Além deste encontro anual, a CPS organiza um outro, de um dia, por ocasião da sua assembleia-geral, que costuma ser em Fevereiro. Estoutro realiza-se também todos os anos num local diferente, na quinta de um sócio, e consta, além da assembleia-geral propriamente dita, de um programa de actividades em que se integram oficinas práticas de aprendizagem, bancas para troca de sementes e venda de produtos (incluindo publicações), bem como um piquenique partilhado por todos.

Por outro lado, a CPS promove regularmente oficinas de recolha, limpeza e conservação de sementes, oficinas de guardiões de sementes, oficinas de fabrico de sumos e outras, quer na Quinta do Olival, quer noutros locais. E participa em feiras de biodiversidade agrícola ou em encontros de associações congéneres, em Portugal e no estrangeiro. Além do já referido livro relativo ao levantamento anual e do também anual Catálogo de Variedades, a CPS publica um boletim trimestral, de distribuição gratuita aos sócios e aberto à colaboração de todos os interessados, O Gorgulho, em que se abordam temas relativos a práticas agrárias, ao conhecimento das plantas cultivares, bem como a iniciativas de luta em prol da autonomia e da soberania alimentares. E editou, de autoria de José Miguel Fonseca, o seu Manual Prático para a Colheita e Conservação de Sementes.

A CPS constitui uma corrente minoritária entre as entidades agrícolas portuguesas. Na sua defesa da agroecologia e concomitante oposição à agronomia industrial (agroquímica, agronegócio), procura promover uma visão da agricultura como a mais essencial e vital de todas as actividades humanas, que não deveria estar sujeita ao critério único do lucro e a exclusivas considerações mercantis.

Júlio Henriques

Contactos: Quinta do Olival – Aguda
3260-044 Figueiró dos Vinhos
Telefone 236 622 218
Telemóvel 914 909 334
colherparasemear@gmail.com
colherparasemear.wordpress.com

Notas:

Os levantamentos já efectuados foram os seguintes: Sesimbra, 2006; Odemira, 2007; Sendim,
2008; Melgaço, 2009; Montemor-o-Novo, 2010; S. Brás de Alportel, 2011; Arouca, 2012; Vimioso, 2013.


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