Reagindo às declarações de Alberto da Ponte, que, em entrevista à Notícias TV, afirmou que "há gente na RTP que não trabalha puto", a Comissão de Trabalhadores acusou o presidente da empresa pública de "faltar à verdade" e de atacar os profissionais da empresa "de uma forma desbragada, desrespeitosa, indecente e infundada".
"A um gestor de uma empresa pública tão escrutinada como a RTP é exigido um mínimo de decoro e pudor, características indispensáveis que Alberto da Ponte já deu bastas provas de nunca ter ouvido falar", avança a Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa pública no comunicado publicado na sua página de facebook.
A CT lamenta que Alberto da Ponte não meça as palavras. "Depois de dizer que a RTP precisa de sossego e de não estar permanentemente nas páginas dos jornais, encarrega-se ele próprio de o fazer, numa estratégia que apenas revela sede de protagonismo, mas que utiliza uma estratégia de comunicação ultrapassada e trauliteira de muito mau gosto", lê-se no documento.
"É inédito que um presidente de uma empresa pública fale dos seus trabalhadores nos termos em que Alberto da Ponte falou à Revista Notícias TV", avança a CT, esclarecendo que não pede a sua demissão porque considera que Alberto da Ponte, "como qualquer ponte de alicerces frágeis, um dia vai cair".
"Pena é que o mal que está a fazer à RTP seja uma herança que nos vai custar caro: aos trabalhadores e ao Serviço Público de Rádio e Televisão", afirma a CT.
Transcreve abaixo, na íntegra, o comunicado da Comissão de Trabalhadores da RTP:
"LAMENTÁVEL!
Tomar uma posição sobre a entrevista do presidente do CA, Alberto da Ponte, à revista Notícias TV, é algo doloroso para a CT. E não vamos rebater as afirmações do presidente do CA porque os trabalhadores da RTP – é para eles que a CT existe – sabem interpretar a dita entrevista e sabem quanto ela falta à verdade.
Infelizmente, Alberto da Ponte, não mede as palavras. Depois de dizer que a RTP precisa de sossego e de não estar permanentemente nas páginas dos jornais, encarrega-se ele próprio de o fazer, numa estratégia que apenas revela sede de protagonismo, mas que utiliza uma estratégia de comunicação ultrapassada e trauliteira de muito mau gosto.
É inédito que um presidente de uma empresa pública fale dos seus trabalhadores nos termos em que Alberto da Ponte falou à Revista Notícias TV.
E não venham agora dizer que a CT está a fazer um ataque pessoal a Alberto da Ponte. Não! Alberto da Ponte é que atacou os profissionais da RTP, de uma forma desbragada, desrespeitosa, indecente e infundada, num nível de linguagem a que esta CT não vai descer.
A um gestor de uma empresa pública tão escrutinada como a RTP é exigido um mínimo de decoro e pudor, características indispensáveis que Alberto da Ponte já deu bastas provas de nunca ter ouvido falar.
Nem sequer pedimos a demissão de Alberto da Ponte. O presidente do CA, como qualquer ponte de alicerces frágeis, um dia vai cair. Dizemos apenas que gostaríamos de ver o Serviço Público de Rádio e Televisão servido por alguém de referência na gestão de um bem que é de todos os portugueses. Se o país quer um Serviço Público de excelência que seja referência nos órgãos de comunicação em Portugal, terá que ter gestores de excelência.
Pena é que o mal que está a fazer à RTP seja uma herança que nos vai custar caro: aos trabalhadores e ao Serviço Público de Rádio e Televisão.
Convidamos desde já Alberto da Ponte a retirar o pin RTP da lapela porque não lhe reconhecemos legitimidade para o usar.
A única coisa que sentimos resume-se numa palavra: vergonha!
O Secretariado da Comissão de Trabalhadores da RTP
comissao.trabalhadores@rtp.pt
Lisboa, 31 de janeiro 2014"