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270912 policia ptPortugal - SOS Racismo - No seguimento do contacto de uma comunidade cigana de Vila de Prado, Vila Verde, Braga, sobre uma actuação policial deslocamo-nos ao local para averiguar os factos e contactar com a população.


Assim, na passada segunda-feira, dia 24 de Setembro, ao fim da tarde, uma operação composta de cerca de oitenta agentes de várias forças policiais entrou pelo espaço da referida comunidade cigana. Nesta comunidade habitam cerca de trinta pessoas que compõem seis agregados familiares.

Segundo informações de meios de comunicação social, a operação estaria a cumprir a execução de três mandados de busca em consequência de vários delitos. Pelos relatos da população soubemos que nenhum documento foi mostrado ou entregue. Segundo testemunhos de vários elementos da comunidade a actuação das forças policiais fica marcada por vários actos que a comprovarem-se verdadeiros, condenamos veemente.

Dos relatos destacamos acções de violência extrema que não podem ser justificados como mera actuação policial, tais como:

- Molhar alguns dos detidos com uso de mangueira e em seguida aplicar choques eléctricos através do uso de "taser";

- Revistas aleatórias a membros da comunidade incluindo despir uma mulher em frente a agentes do sexo masculino;

- Uso de pontapés, socos, armas brancas, bastões, tiros de balas de borracha de forma indiscriminada atingindo vários elementos, num espaço onde se encontravam crianças e menores obrigadas a assistir ao que se passava;

- Vários elementos da comunidade foram agredidos verbalmente com conteúdos racistas e obrigados a comportamentos humilhantes;

Resulta de todo este processo a detenção de cinco adultos e três menores, que segundo relato dos mesmos continuaram a ser agredidos nas carrinhas até à esquadra da GNR de Amares. Dois dos menores foram largados das carrinhas a cerca de três quilómetros do local da ocorrência, sendo obrigados a percorrer o caminho de volta a pé.

Esperamos ver averiguados estes factos, fundamentando a nossa posição pelo testemunho das agressões visíveis e documentadas mais tarde no Hospital de S. Marcos, em Braga. Também nos fundamentamos no facto de não ter sido constituída nenhuma acusação aos detidos para além de um elemento que ainda se encontra detido sob acusações prévias ao sucedido.

Toda esta operação aparenta contornos de desproporção do uso da força na relação do número de agentes e pessoas no local tratando-se de habitações familiares, para além do aleatório na selecção dos detidos, a falta de respeito ao obrigar uma mulher a despir-se em público e uma óbvia discriminação por se tratar de uma comunidade cigana.

Repudiamos totalmente este comportamento por parte das forças policiais, que esperamos vir a resultar numa condenação pública e clara após apuradas as devidas responsabilidades. Denunciamos e seremos pró-activos para que estes acontecimentos não possam passar impunemente e apoiaremos todas as acções judiciais que a comunidade venha a instaurar em sua defesa.

Porto, 27 Setembro


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