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Xurxo Martiz Crespo

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Porto Rico

Xurxo Martiz Crespo - Publicado: Quarta, 22 Julho 2015 16:13

Os portorriquenhos completaram mais de 100 anos de situação colonial, sob vários eufemismos.


Na primeira guerra do Golfo (1990-1991), os soldados que serviam[i] sob a bandeira dos Estados Unidos (EUA) bebiam Perrier.

Uma jornalista latina entrevistava as centenas de latino-americanos que se alistavam com a promessa de conseguir a sua permissão de residência nos EUA, dominicanos, hondurenhos, salvadorenhos, venezuelanos. Junto a eles outras centenas de portorriquenhos que fugiam de desemprego e alistavam-se para poderem enviar dinheiro «à mãe».

O popular cantor portorriquenho Daniel Santos (1916-1992), alcunhado O chefe, O inquieto anacobero, foi recrutado pelo exército dos EUA em 1941. Daniel grava o tema «Despedida[ii]» em que se pergunta quem cuidará a sua mãe doente.

A canção impressionou a sociedade portorriquenha da época e a sua difusão foi proibida por antiestadounidense. Daniel, anos mais tarde, militará no Partido Nacionalista de Porto Rico e gravará um disco com temas a favor da independência[iii].

Mas nem a imensa popularidade de Daniel Santos, superior à de Sean Connery na sua defesa da independência da Escócia, nem a recente petição do governador, Alejandro García Padilla, de declarar a falência de Porto Rico, diante a imposibilidade do pagamento dos 72.000 milhões de dólares de dívida pública, vai fazer com que os 3.6 milhões de residentes optem pela independência da ilha.

O recente anúncio do governador é um exemplo mais da falácia, repetida em diferentes lugares como a Irlanda, Escócia, Catalunya, Euskal Herria etc, que assegura que a pertença a entidades maiores, ou mais ricas, assegura um nível económico que a independência não dá.

O povo portorriquenho observa inerte como a metrópole não reconhece o resultado do plebiscito de 6 de novembro de 2012, no qual a maioria da população, 44,61%, quis ser um estado mais dos EUA face a 4,4% que quer a independência, ou 24,32% que quer o status quo actual baixo o eufemismo de Estado Livre Associado, quando na realidade são uma colónia dos Estados Unidos.

Entretanto, o preso político mais antigo do mundo, 34 anos, Óscar López Rivera, podrece na corrente nos Estados Unidos. Condenado a 70 anos por ser membro das Forças Armadas de Libertação Nacional de Porto Rico, em 1999 Óscar rejeitou uma «oferta» para sair livre em 2009 sob verdadeiras condições. Óscar foi recrutado à força pelo exército estadounidense no Vietnã e lembra a carta de alistamento: «Recibí una carta del gobierno de EE.UU. diciendo y yo lo que menos queria era ir a la cárcel, así que fui».

Repetindo a história de Daniel Santos, Óscar toma consciência da situação do seu povo na guerra. Os portorriquenhos fizeram mais de 100 anos de situação colonial, sob vários eufemismos. Alienados com um falso bem-estar, sem visto em Nova York ou vivendo a «Vida loca» de Ricky Martin, seica está próxima batalha da falència sirva para acordar consciências.

[i] Como consequência dos maciços protestos pela guerra de Vietnã, o serviço militar não foi obrigatório nos EUA desde 1973.

[ii] Da autoria de Pedro Flores.

[iii] Yanki, go homem era um dos temas.

Fonte: Terra e tempo.


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