Não por acaso, as mobilizações de protesto tiveram início nas indústrias têxteis dos Estados Unidos.
Mas é preciso observar que temos dois dias para a mesma mulher trabalhadora (seja uma operária, uma camponesa, uma mãe que trabalha cuidando exclusivamente de sua casa e seus filhos, uma empresária, uma alta executiva de empresa privada ou órgão público).
O primeiro dia diz respeito ao sentido coletivo da luta emancipacionista das mulheres por direitos igualitários, para que ela possa, junto aos trabalhadores homens, buscar uma libertação coletiva do jugo do capital, da opressão político-ideológica e social que uma sociedade dividida em classes tenta naturalizar.
O segundo dia é produto de uma ideologização da luta legítima por aqueles direitos. Essa leitura trata de isolar as mulheres em face da luta dos homens explorados e humilhados pelo mesmo sistema social e econômico; trata de colocá-las como antagonistas sociais deles à medida em que joga, ideologicamente, para vender a ilusão de que cada sexo no seu nicho de luta vai vencer com suas batalhas específicas e pontuais, igualando-se em direitos e deveres na sociedade.
Esse é o grande embuste ideológico que opera a ideia de uma libertação do sexo em si, separando-o da luta coletiva do todo frente a um mesmo inimigo social, político e econômico. Não é por acaso que a publicidade desses dias coloca a luta da mulher por direitos iguais como um produto que ela pode comprar ali, no supermercado.
A mulher realmente emancipada será a mulher de uma sociedade emancipada. Faço aqui, na pessoa dessa grande mulher que foi Olga Benário, minha homenagem às mulheres.