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Alexandre Araújo Costa

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Corporações petroquímicas versus países: quem manda em quem?

Alexandre Araújo Costa - Publicado: Segunda, 29 Dezembro 2014 18:12

A Forbes atualizou a lista das maiores companhias. E nenhuma surpresa.


Das 11 maiores em faturamento, 7 são do ramo petroquímico (Shell, Sinopec, Exxon, BP, Petrochina, Total e Chevron), 2 do ramo automobilístico (Volkswagen e Toyta), uma do comércio (Wal-Mart) e uma de mineração (Glencore). Das 6 maiores, 5 são petroquímicas.

As petroquímicas, ramo predominante nessa lista, são um caso a parte, pois está claro e evidente o quão destrutivo, danoso, nocivo, deletério é o seu negócio. Explorar petróleo, com vazamentos e outros acidentes devastadores e, principalmente, com a desestabilização do sistema climático terrestre é algo que já deveria fazer parte do passado da humanidade.
 
Mas ao contrário, elas se mostram muito poderosas, algumas mais poderosas do que nunca, como as empresas chinesas. Se fossem países, elas estariam entre as principais economias do mundo: Shellândia, Sinopécia, Exxon-Mobilândia, Bepéia, República PetroChinesa, Totália e Chevrônia...

Mesmo tendo a anglo-holandesa Shell perdido o 1° posto absoluto para o Wal-Mart, ela continua sozinha, uma verdadeira potência mundial, ao movimentar mais de U$ 451 bilhões. Se fosse um país, a Shell ocuparia o 26° PIB do mundo, batendo a Áustria e seus U$ 415 bilhões de PIB em 2013.

O faturamento da China Petroleum (Sinopec), de U$ 445 bilhões também ultrapassa o PIB austríaco. Ao aparecer como o terceiro maior faturamento mundial, ela demonstra a força do capitalismo de Estado chinês, havendo boas chances de essa empresa se converter na maior petroquímica já no ano que vem.

Em seguida, aparece a sempre poderosa norte-americana Exxon-Mobil, com U$ 394 bilhões. Esse faturamento é ligeiramente inferior ao PIB dos Emirados Árabes (U$ 396 bilhões) e colocaria a Exxon-Mobilândia na 28ª posição do PIB mundial.

A britânica BP, que cinicamente ostenta um logotipo insinuantemente pseudo-ecológico, responsável por um dos maiores acidentes de toda a indústria do mundo, sendo considerado um Chernobyl no Golfo do México, não parece ter sido afetada e segue, ao longo da década, como uma das mais fortes empresas a nível mundial. Seu faturamento de mais de U$ 379 bilhões tornaria a Bepéia um país com economia das dimensões da Colômbia, cujo PIB ano passado foi de U$ 381 bilhões...
 
Outra gigante chinesa, a PetroChina (CPNC), que faturou quase U$ 329 bilhões nos últimos 12 meses, já aparece como a 6ª da lista. Juntamente com a Petrobrás, a Shell e a Total e outra companhia chinesa, especializada em exploração "off-shore", faz parte do consórcio vencedor (bem... o consórcio competiu sozinho...) do leilão do Campo de Libra, ou seja, o primeiro grande ato de privatização do petróleo do pré-sal. Juntas, Sinopec e PetroChina, somam um faturamento de U$ 774 bilhões. Se as duas fossem um País, ficariam com o 19º maior PIB, ironicamente arrancando desse posto a Arábia Saudita.

Essas cinco maiores petroquímicas resultam num faturamento conjunto de quase U$ 2 trilhões de dólares ao ano, o que é maior do que os PIBs de Austrália, Canadá e Índia, este último um país de 1,252 bilhões de pessoas. Juntemos Total e Chevron e a soma dos valores movimentados por apenas 7 empresas é de nada menos que U$ 2,44 trilhões, algo muito próximo do PIB do Reino Unido, de U$ 2,54 trilhões e maior que o PIB do Brasil, de U$ 2,24 trilhões. Por fim, unindo as 16 empresas de petróleo e gás cujo faturamento nos últimos 12 meses ultrapassou a casa de U$ 100 bilhões (incluindo a Petrobrás e a Gazprom russa), chega-se a U$ 3,79 trilhões. superando o PIB alemão e assegurando às gigantes fósseis o posto de 4ª maior economia do mundo.
 
Ao perceber o quanto essas companhias se impõem como centros de decisão capazes de influenciar governos nacionais, organismos, foros e convenções internacionais, percebe-se que por mais aparentes que sejam as liberdades democráticas no mais democrático dos países, globalmente vivemos sob uma plutocracia: uma plutocracia fóssil-financeira. Com tamanha soma de dinheiro concentrada em somente um punhado de empresas, controladas por meia dúzia de acionistas (muitas vezes, bancos!) e diretores multimilionários, a circulação atmosférica e a economia globalizada, a dinâmica biogeoquímica dos oceanos e os mecanismos de decisão e pressão políticas se entranharam de tal modo, que o destino da espécie humana e de grande parte da biota terrestre ficou com o pé preso à bola de chumbo do grande capital.
 
A solução é libertarmo-nos desse peso, ou melhor, vencer a "guerra entre mundos", como diz a filósofa e pesquisadora da PUC, Déborah Danowski. A limitação do aquecimento global, a contenção do desequilíbrio termodinâmico e biogeoquímico dos nossos mares, o restabelecimento a longo prazo de condições climáticas estáveis e as futuras gerações de seres humanos (e não-humanos) dependem de quão fortemente sejamos - cientistas, formuladores de políticas, ativistas sociais, indígenas, trabalhadores/as, jovens etc. - capazes de nos opor ao mundo fóssil.

Fontes:
 

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