Uma delas é a primeira vez que se Lê/assiste O Auto da Compadecida. Chicó, João Grilo, o padeiro e sua mulher, o Padre João...são personagens que se leva para sempre na vida e surgem nos momentos mais propícios. Um amigo questiona a veracidade de sua história e você responde : "Não sei, só sei que foi assim.". Ou aquele casal que vive em pé de guerra, mas que como Odorico e Dora demonstram o amor nas horas esseciais. Principalmente , quando alguém como Ariano Suassuna parte e só nos restam as palavras de Chicó como consolo : " Porque tudo que é vivo morre".
Esta semana , Suassuna se foi e não há gaita do padim Ciço que dê jeito na nossa solidão. O que fez pelo Brasil e pelo Nordeste, poucos imitaram: retratou toda a sua dor e pobreza, mas sem tirar suas cores tão próprias, a esperança e a coragem do nordestino. Pintou homens comuns, com defeitos e qualidades, mas donos de uma fantasia que faz nosso peito bater mais forte e nosso olhos brilharem. Como a Compadecida, que salvava pela misericórdia, "porque se fosse pela justiça, estávamos todos fritos!". Ariano ria e criava, enchendo o mundo com seus "passarinhos",enchendo nossa vida de encanto. Agora, enche nosso coração de saudades.
Até a próxima, Ariano. Quem sabe a gente ainda se encontra pelas curvas desse sertão.