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Marcus Eduardo de Oliveira

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Economia Social e Humana

Realidade socioeconômica dolorosa

Marcus Eduardo de Oliveira - Publicado: Quinta, 17 Julho 2014 15:04

Enquanto escrevo estas linhas, oito crianças menores de cinco anos de idade estão morrendo na Argentina e, dez, no Brasil, vítimas da desnutrição. Simplesmente, 14% da população mundial sofre de fome ou insegurança alimentar, termo usado pela FAO (Agência para a Alimentação e Agricultura, da ONU) para caracterizar a falta de acesso a alimentos suficientes para manter a vida.


A realidade socioeconômica, em âmbito mundial, é perversamente dolorosa. Os números que mostram essa ignomínia são revoltantes: a cada dia que passa mais de 16 mil crianças com menos de cinco anos morrem por fome ou problemas a esta associados. Isto apesar da agricultura mundial estar produzindo 17% mais de calorias por pessoa, por comparação ao que se produzia há três décadas, e mesmo tendo em conta que a população mundial aumentou 70% nesse período.

Há um problema enorme de distribuição de alimentos, como há um mercado de alimentos extremamente concentrado, em poucas mãos. O setor de alimentos é o mais concentrado e cartelizado da economia mundial, mais até do que o petróleo. Há apenas dez grupos multinacionais que controlam 85% dos alimentos comercializados no mundo. Isso significa que eles têm o controle do transporte, dos silos, dos depósitos, de todo o mecanismo que cerca a produção e distribuição de alimentos, além, obviamente, de definirem os preços. Esses dez grupos têm um poder sobre a Humanidade que ninguém no passado teve, contextualiza Jean Ziegler, sociólogo suíço.

É fato que o desenvolvimento desigual dos países e regiões da economia capitalista se aprofundou com mais intensidade nesses modernos tempos de economia globalizada, cujos ganhos na escala financeira se avolumam à medida que a precarização das relações de trabalho (exploração, subemprego, informalidade) se tornam mais constantes, á medida que a desigualdade social grassa em larga escala.

Inequivocamente, o processo conhecido por “globalização” tem manifestado sua face de desigualdade em todos os níveis da economia impactando numa sociedade cada vez mais desigual e mais injusta socialmente.

Os números dessa desigualdade com reflexos explícitos nas condições de vida dos mais necessitados são, como afirmamos anteriormente, perversos e dolorosos. Vejamos isso em detalhes, com base na argumentação de Ziegler: “Hoje não existe falta de alimentos, o que existe é falta de acesso. As cifras são as seguintes: a cada 5 segundos, uma criança de menos de 10 anos morre de fome. No mundo, 56 mil pessoas morrem de fome por dia. E 1 bilhão de pessoas são permanentemente subalimentadas. O relatório da FAO mostra que o número de vítimas cresce, mas que a agricultura mundial poderia alimentar normalmente, com uma dieta de 2,2 mil calorias por dia, 12 bilhões de pessoas. Então, uma criança que morre de fome hoje é assassinada. Fome não é mais morte natural. É massacre criminoso, organizado. O número de mortes no mundo, por ano, corresponde a 1% da população do planeta. Desses 70 milhões, 18,2 milhões morreram de fome ou de suas consequências imediatas”.

Segundo o Banco Mundial (dados de 2011), 1,100 bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia e 2.800 bilhões vivem com menos de dois dólares/dia. Projeções para 2015 indicam que 750 milhões de pessoas estarão em uma posição de completa degradação social – 15% da pobreza global em comparação aos 28,3% calculado em 1990.

Atualmente, existem mais de 55 milhões de latino-americanos e caribenhos vivendo em extrema pobreza. Só no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a fome afeta mais de 15 milhões de pessoas.

Desse modo, perpetuam-se as indecentes linhas de pobreza relativa (quando uma pessoa é considerada pobre a partir do momento em que sua renda é inferior a uma determinada magnitude de poder de compra) e absoluta (quando a quantidade de dinheiro recebida não é necessária para alcançar um nível mínimo de vida).

Urge, portanto, buscar alternativas para a superação dessa realidade social perversa. Na essência, o que todos almejamos é a criação de outra economia que seja capaz de criar um “mundo” em que caibam todos “os mundos”, com a participação ativa de todos, priorizando o “ser” e não o “ter”; um mundo em que a fome seja, definitivamente, varrida do mapa.


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