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Narciso Isa Conde

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Arrasou a abstençom na Colômbia: Zuluaga e Santos minorias precárias

Narciso Isa Conde - Publicado: Sexta, 30 Mai 2014 11:02

 A abstençom na Colômbia atingiu a percentagem recorde de 63%.


A isso há que somar umha percentagem significativa de votos em branco e outros expressamente nulos, que chega a 6 ou 7 % dos votos depositados, arredor de 3% do eleitorado.

63%, mais esses 3%, colocam a rejeiçom a essas eleiçons e regime colombiano em níveis recorde, agravando a ilegitimidade das eleiçons colombianas e do regime político estabelecido.

O total depositado (correspondente só a 37% do total dos eleitores inscritos) repartiu-se da seguinte maneira:

-Oscar Iván Zuluaga (extrema-direita uribista) 30%.

-Manuel Santos (Presidente em Procura da reeleiçom) 25%.

-Martha Ramírez (Partido Conservador) 15%.

-Clara López (Pólo Democrático, centro e centro-esquerda) 15%.

-Enrique Penaloza (Partido Verde) 8%.

-Votos nulos 2%.

-Votos em branco 5%.

Nesse contexto eleitoral a votaçom de Zuluaga mal atinge 12% dos eleitores e a do presidente Santos 10%.

A ilegitimidade de ambos evidencia-se extremamente elevada no quadro desse processo pseudo-democrático, que também revela umha maior deterioraçom da confiança da sociedade a respeito do modelo neoliberal imperante e à institucionalidade corrupta, militarizada e subordinada aos EUA, e em relaçom à partitocracia, a burguesia dependente e as narcos-máfias que o sustentam.

As esquerdas revolucionárias e os movimentos políticos e sociais trasformadores representado/as polas Forças Armadas de Colômbia (FARC-EP), Exército de Libertaçom Nacional (ELN), Marcha Patriótica, Congresso dos Povos, e por um basto arco-da-velha de organizaçons populares, operárias, camponesas, juvenis, profissionais, indígenas e de mulheres, denunciárom essa realidade e coincidiram em nom coincidir nessas condiçons a essas degradadas eleiçons; fazendo questom da necessidade de umha prévia saída política ao conflito social armado; ligando seu concreçom à posta em andamento de umha Assembleia Constituinte, que assuma o debate dos temas nom consensualizados na Mesa de Diálogos de Havana e referende os acordos atingidos.

Todo isto, claro está, em direçom a definir novas bases jurídicas, políticas e institucionais, e regras democráticas claras para o exercício do sufragio e da oposiçom; bem como umha nova estratégia para o desenvolvimento integral da sociedade colombiana.

Inclusive a insurgência guerrilheira chegou a propor formalmente a posposiçom dessas eleiçons até atingir a prazo curto esses objetivos.

Estes resultados dérom-lhe a razom.

Nom terá maiorias fora da abstençom, só minorias precárias

O alto grau da ilegitimidade do regimem político, dos processos eleitorais e dos partidos tradicionais está à vista de todo mundo.

Com esses resultados de primeira volta, é claro que na segunda volta fixada para 15 de junho nom será possível eleger um presidente nem constituir um governo com o apoio mínimo necessário que garanta legitimidade imprescindível e o grau de confiança política para gerir esse Estado, de resto, em processo de putrefaçom.

Tanto Zuluaga como Santos representam minorias precárias, sensivelmente desacreditadas no meio de um conflito espúrio polo património do país e o Estado, entendido como negócio de fraçons burguesas e lumpen-burguesas.

Zuluaga e Uribe representam ademais a intensificaçom iminente e descarnada da guerra suja e do terrorismo de Estado, a qual nom tem cessado durante a atual Administraçom de Manuel Santos (ainda que este certamente tenha aceitado utilitariamente os Diálogos de Paz).

As eleiçons 2014 e a paz

O facto de que a força neofascista-uribista tenha superado com um 5% à outra fraçom de direita que encabeça o Presidente Santos, nom significa em absoluto que o povo colombiano se tenha inclinado por votar pola contra a paz, por alentar a guerra e desprezar os diálogos de Havana, como pressionam certos ideólogos das direitas. Essa é umha visom miope desses resultados.

As próprias votaçons indicam todo o contrário.

Na abstençom maioritária há um enorme contingente pró-paz. Igual no voto polo Pólo Patriótico e polo Partido Verde.

Está presente esse anseio também em boa medida no voto por Manuel Santos, que usou oportunistamente essa bandeira e no voto polo Partido Conservador, que também apoiou os diálogos de paz.

A imensa maioria do povo colombiano é pola paz, arredor de 80%.

O presidente Santos nom tem sido o suficientemente conseqüente com esse anseio popular, pois se negou a um cessar-fogo bilateral e tem bloqueado importantes demandas democráticas; enquanto Uribe e Zuluaga, conseqüentes com o seu extremismo, conseguíroam erodi-lo em primeira volta, propondo-se atingir na segunda umha vitória pírrica que persegue –entre outros objetivos- seguir fazendo negócio com a guerra e a narco-corrupçom, abandonar de imediato a Mesa de Diálogos, desconhecer os limitados avanços conseguidos em Havana, boicotar UNASUR E CELAC e tratar de sumir a Colômbia numha tenebrosa etapa de saque e caos a tom com os desígnios dos falcons de Washington. Todo isto no meio dum profundo desgaste e de umha rejeiçom em massa ao que eles representam, que poderia conduzir a esse tipo de gestom fascistoide à ingovernabilidade em consequência do levantamento popular generalizado.

Se Santos  for reeleito, há quem pense que a médio prazo poderia inclinar-se também por abandonar a mesa dos diálogos de paz para se reconciliar com a extrema-direita que o debilitou, sintonizando mais com Washington, ainda que operando com menos rigidez.

À insurgência, às esquerdas de todas as vertentes, aos grandes movimentos sociais e políticos-sociais, às forças conseqüentemente democráticas e pró-paz… tocaria impor nas ruas, cidades e campos o caminho da paz e a democracia com justiça social e soberania, via poder constituinte.

Nom esqueçamos, além do mais, que por trás da guerra está o decadente imperialismo estado-unidense e as suas ambiçons sobre a Amazónia, que aliás conta já com 7 bases militares e numerosas unidades, a tutelarem o exército regular e a apadrinhar as direitas de todas as cores.

Por isso, só o discurso do clamor pola paz, a liberdade, a autodeterminaçom e pola vida em movimento multitudinário que reclame liquidar as raízes do conflito social armado, propiciando profundas mudanças estruturais e impondo a partir de baixo a nova democracia e a paz com dignidade humana, poderia derrotar esses nefastos desígnios.

Por isso, Manuel Santos, polo tipo de burguesía que encarna e polo uso oportunista que tem feito do tema da paz, tem mais difícil que Zuluaga desprezar de repente esse clamor popular. Mas nom menos certo é que está também atado ao império (ao extremo de meter a Colômbia na NATO) e a interesses que lhe impedem aceitar a mudança democrática via acordos de paz, limitando-se ao seu uso politiqueiro e à ilusória pretensom de atingir a rendiçom condicionada das forças insurgentes via concessons menores.

A trajetória, a perfídia, a batota e essa condiçom do presidente que aspira a se reeleger nom o tornam, acho eu, merecedor do apoiio das forças do campo popular e revolucionário.

Esse é um pleito de cans entre duas fraçons de poder de um capitalismo e um regime político decadentes; um conflito pola hegemonia no seu interior, que a essas fraçons malvadas e a suas neo-caudilhos, corresponde livrar só com as suas próprias forças, sem a ajuda de os/as bons/as.

Ao heroico povo colombiano e às forças leais a seus interesses coletivos corresponde derrotar ambas fraçons e seus perversos desígnios. A tese de apoiar “o menos mau”, quando a mesma maldade se expressa com matizes, estilos e interesses diferentes, é bem conhecida. Tam conhecida como os seus efeitos divisionistas e dispersantes do campo revolucionário. A independência de classe, propósitos e linhas impom-se. Só o povo salva o povo.

28 de maio, 2014, Santo Domingo, RD.


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