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Helena Embade

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Novas crónicas feministas

Burocratizar o nosso corpo e banalizar sobre as agressons sexuais é terrorismo machista

Helena Embade - Publicado: Segunda, 23 Dezembro 2013 13:37

O bombardeio mediático ao que estamos sendo submetidas desde o anuncio da reforma da lei do aborto bem poderia ter sido considerado um dos motivos de risco para a saúde psíquica dos que fala Gallardón.


No entanto, nom podemos dizer que o anuncio nos colha por supresa a quem levamos meses preparando este momento, ou mais bem preparando a nossa resposta a umha ameaça que se previa iminente.

A simples ideia de que o Partido Popular, da mao da Conferência Episcopal, exerça controlo absoluto sobre os nossos corpos com total impunidade resulta-me repugnante, mas há algo que me preocupa especialmente e que leva vários dias dando voltas na minha cabeça, trata-se da banalidade com que, em geral, se está tratando o chamado "suposto por violaçom". Esta preocupaçom vem em primeiro lugar pola hipocrisia do Partido Popular, que aceita o suposto por violaçom com a boca pequena, consciente de que isto nom agrada nem ao fundamentalismo católico nem ao setor mais reacionário do próprio partido. No caso das organizaçons antiabortistas, o seu discurso sempre estivo pleno de barbaridades, que ignoram por completo o mais grave e importante do assunto e só vem um problema no referente a que nom se tenha em conta a "presunçom de inocência" ou "que se castigue ao inocente". Nem sequer me vou molestar em fazer comentários ao respeito.

Esta preocupaçom é também estendível aos meios de comunicaçom, e nom falo necessáriamente dos que tenhem umha marcada ideologia de direitas. O certo é que, como vem sendo habitual, o tratamento informativo referente a questons que atingem às mulheres está deixando bastante que desejar. A maneira em que estám transmitindo a notícia da reforma e a absoluta frivolidade com que se refirem a algo tam grave como umha agressom sexual com resultado de gravidez fai que diretamente sejam cúmplices e evidencia que se trata de algo que consideram que de algumha maneira está normalizado na sociedade e sobre o que nom tenhem que fazer nengum fincapé, ignorando conscientemente todo o que tem por trás umha agressom sexual.

Fazendo referência de novo à hipocrisia do governo; gostaria de saber que pretendem exatamente com o "assesoramento" que recebirám as mulheres após ter sido violadas. Outra dúvida que tenho é para que terám que passar um período de reflexom de sete dias antes de conseguir que lhes permitam abortar após, insisto, ter sofrido umha violaçom. Acaso é que Gallardón e os expertos que redatárom a reforma da lei acham que o facto de ser vítima de umha agressom sexual nom supom umha vexaçom suficientemente traumática e dolorosa para as mulheres, mas que ademais tem que ser meditada, examinada, analisada, verificada e supervisada por nom umha nem duas, mas até quatro, cinco ou quem sabe quantas pessoas diferentes? A que se deve tanta bucrocracia? Quantas das mulheres nessa situaçom poderám verdadeiramente abortar sem que por mor das irregularidades sofridas no proceso tenham como única soluçom recurrir à consulta privada ou assumir umha maternidade forçada no mais amplo sentido da palavra? Pretendem por acaso culpabilizar às mulheres de umha violaçom e fazer da sua vida um tormento ainda maior do que supom ser agredida sexualmente? Se todo isto é o que di o governo que fai para proteger as mulheres nom quero nem imaginar o que fariam se a intençom fosse ir contra nós.

Nom vou negar que sempre pensei que a sociedade na que vivemos, devido aos "valores" que fomenta, tinha sérias dificuldades para empatizar e pôr-se verdadeiramente no lugar de outras pessoas, mas o que está a fazer o governo do Partido Popular a dia de hoje com as mulheres sobrepassa qualquer tipo de lógica e o mais grave é que, por muito clima de indignaçom que percise perciba ao nosso redor, está conseguindo que a sua mensagem patriarcal se propague pouco a pouco por todas as canles da sociedade e que por tanto seja assimilada como algo contra o que nom se pode luitar.

Um governo que nos tem mais que demostrado o seu interesse nulo por erradicar o terrorimo machista e transformar a sociedade é evidente que nunca nos representou e que nom merece qualquer confiança ou respeito pola nossa parte. Nom há tempo que perder, há que deitar abaixo este governo fascista e retrógrado e fazer que paguem por todo o dano que nos levam feito, o que nos estám fazendo e o que nos querem fazer.

Gallardón, Feijó, Rajói, Rouco Varela e muitos outros tenhem declarada a guerra às mulheres. Fica um duro caminho por percorrer cara algo que achamos que já tínhamos mais ou menos conquerido, mas que resultou nom ser real. É momento, por tanto, de reivindicar bem alto o FEMINISMO, porque nom podemos aceitar a realidade que marca o patriarcado, temos que luitar por conquistar a nossa prória, aquela que nos permite ser livres.

Quero, por último, fazer apologia explícita do direto ao aborto, e a fago mui conscientemente, pola minha dignidade como mulher, porque nom consinto que ninguém mande no meu corpo, e porque tenho plena capacidade de decidir por mim mesma o que quero ou nom fazer com ele.

A luita feminista é aqui e agora, sem demora.

Helena Embade

Vigo, 23 de dezembro de 2013


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