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Andoni Baserrigorri

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Feijoada no ponto

Algumhas liçons da África do Sul

Andoni Baserrigorri - Publicado: Terça, 09 Abril 2013 01:10

No anelo de estudarmos e aprendermos doutros procesos revolucionários e dalgumhas experiências que se desenvolvêrom e desenvolvem noutros países com terríveis conflitos que estám a causar dor e sofrimento, umha das experiências para a qual temos obrigaçom de olhar é a da África do Sul e neste caso nom, com certeza, polas suas ensinanças positivas.


Porque da África do Sul é possível falarmos de todo menos do processo revolucionário. É possível falarmos dumha saida à terrível situaçom de apartheid (saída falsa), é possível falarmos dum novo governo em que participam pessoas de cor (pretos como dizia Malcolm X) mas do que nom é possível falarmos é de libertaçom da populaçom preta nem quer da instauraçom dumha autêntica democracia no país.

Com certeza, o Congresso Nacional Africano é quem governa, partido do Nelsom Mandela. Com certeza CNA possui un aval de luita que tem de ser reconhecido pola entrega e sacrificio da sua militáncia, mas nom temos de obviar que a saida negociada à situaçom da República Sul-africana nom foi mas que umha deceçom às ansias de liberdade e justiça social das massas pretas e das classes populares do país.

Enquanto se desenvolve proceso de paz na África do Sul e com ele finaliza o vergonhoso apartheid, em que os cidadaos e cidadás pretas estavam a ser considerados quase como animais no seu próprio país por umha oligarquia branca em que o racismo e exploraçom era o único que se oferecia aos pretos e pretas, CNA acorda com a "comunidade internacional" encabeçadas polos Estados Unidos e a Uniom Europeia que nom seria questionada a liberdade de mercado. Para comerçarmos a utilizar umha linguagem mais apropriada, CNA comprometeu-se a nom tocar o capitalismo e que a "economia de mercado" continuaria a ser o modelo económico do país.

Com esta claudicaçom, permite-se às oligarquías brancas o poderem respirar tranquilas na confiança de que os seus intereses económicos nom seriam tocados e às multinacionais a seguridade de que poderiam seguir explorando as classes populares e roubando as imensas riquezas do país. CNA sempre foi partidario do socialismo, mas temos a partir destas negociaçons um partido que falava de socialismo, mas que está disposto a gerir o capitalismo.
As consequências som inevitáveis. Às classes populares, na sua maioria pretas andam a ser exploradas polas elites económicas brancas, além de se somar a isto também, os setores mais corruptos e desvergonhados dumha nova oligarquia preta.

Com um Nelsom Mandela a cada dia mais envelhecido pola sua idade e com um posto que se tornou em simbólico o poder real na República da África do Sul, o poder económico e político é distribuído sem qualquer um tipo de pejas, oligarcas brancos e cidadaos pretos arranjistas que com o partido no poder e o partido despido do propósito de construir a justiça social (nom falemos já do socialismo) além de estar disposto ao enriquecimento e a se constituir numha elite que reprime as inevitáveis protestos da classe operária.

Ainda podemos olhar nas nossas retinas o assassinato de parte da polícia dumha trintena de mineiros no passado agosto e que o governo sudafricano tentou de ocultar como confrontos entre setores dos mineiros. Os polícias que baleavam e que executárom com sangue-frio aos mineiros fôrom quer brancos quer pretos.

Ainda estám também nas nossas retinas as terríveis imagens da policía sul-africana levando detido um cidadao moçambicano atado à bagageira da carrinha da polícia e que mais tarde morreu.

A nova policía sudafricana, uns brancos, outros pretos tornou-se numha policía repressora que espanca e mata em defensa dos intereses da classe das elites político-económicas. Enfim estamos perante um feito mais velho que "mejar contra o muro" e é a dinámica de luita de classes, a dinámica de oligarquías defendendo seus intereses e trabalhadoras e trabalhadores luitando por umha vida melhor.

A desigualdade medra na África do Sul ao tempo que os governantes do ANC. A corrupçom é comum a diário e a cada vez están mais longe daqueles días em que a ANC era umha referência mundial de resistência e luita. O ANC, nos dias de hoje, é um partido corrupto e que tem como funçom a gestom do capitalismo, cheio de arranjistas e submetido aos mercados e diretrizes internacionais.

Com certeza é possível encontrar nele posiçons internacionais de interesse, mas apenas isso, por sí próprio nom pode ter validez. É exigível ainda mais a um partido como o ANC ser conseqüente com a sua história e nom atraiçoar milhares de mártires que oferecêrom a sua vida na luita contra o apartheid e por umha vida melhor. Que oferecêrom as suas vidas polo socialismo, já que é a única que garante a liberdade em letras maiúsculas e ausência de racismo e exploraçom.

Graca Machel, mulher do Nelsom Mandela nom tem pelos na lingua e expressa com clareza. Hoje a República Sul-africana é um país zangado e frustrado. É a frustraçom dumha luita por quase nada, agregaríamos, de oferecer a vida para que os donos sejam outros e acima sejam amigos dos antigos donos. É a frustraçom das massas pretas que continuam a ser exploradas e marginalizadas enquanto olham como determinadas elites do partido andam a se enriquecer enquanto os seus filhos morrem nos bairros marginais. É o capitalismo.

Ensinanças? Mais umha. A "Comunidade Internacional" chega até onde chega e dará seu aval até onde quer. O primeiro que vai exigir é que garantas o capitalismo e com isto a exploraçom do ser humano polo ser humano. Nom vai oferecer mais e se o teu comportamento é o que aguardar, pois bem, é possível ofereceres o aval e te apresentares na sociedade, dizendo que já estás fora do "eixo do mal".

Mais umha ensinança? Se renunciares ao socialismo, hás de condenar o teu povo a continuar os rigores da exploraçom e a um futuro de miséria. Se para governares estás disposto a esta renúncia, nom deves ser denominado "movimiento revolucionário". Serás outra cousa, mas polo menos nom enganes a tua gente.

Se para governar tés de garantir o sistema económico com que se enriquecem teus opressores... o teu único desejo é fazer parte do banquete, esquecendo-te dos setores que mais dérom a sua vida e sofrido na luita. Se fores capaz de admitir no teu movimiento gente que tem umha decidida intençom arranjista, mal andamos.

Enfim, um movimento de libertaçom deve possuir na sua agenda a construçom do socialismo, porque fica demonstrado que qualquer libertaçom que nom se dotar dum programa inequivocamente socialista está condenada a repetir experiêmcias como a da República da Irlanda ou da África do Sul. O capitalismo nom liberta. James Connolly assim o cria e assim deixou por escrito. Se nom se construir o socialismo na Irlanda, o único que faremos vai ser um troco na bandeira do explorador.

Após um século das suas palavras, a história deu-lhe a razom.


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