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Ramiro Vidal

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A república do verbo

Elogio do Demo

Ramiro Vidal - Publicado: Quinta, 07 Março 2013 15:55

Ontem íamos para a cama aqui na Europa com a notícia amarga da morte do Comandante Hugo Chávez Frías.


O Comandante em chefe da Revoluçom era um dos personagens mais odiados polo imperialismo, provavelmente em dura competência com o Fidel Castro ou com o Yaser Arafat. Era criticado e duramente escarnecido todos os dias polo establishment mediático do "mundo livre", às vezes com lógicas mais além da razom, simplesmente instintivas. A manipulaçom dos atos, das palavras, das vontades e das intençons era permanente e em todas as chaves e registos. Cada vez que o Hugo Chávez era notícia por algumha cousa, quer umha intervençom nalgum foro internacional, quer algumha decisom governamental, era atacado em espaços informativos, tertúlias, programas de humor...

A realidade de Hugo Chávez Frías é bastante diferente da que nos querem fazer ver. O seu uniforme militar recordava, nestas latitudes, épocas nom demasiado pretéritas nas quais um general pequeninho e com mau génio dirigiu os destinos do Estado espanhol. O paralelismo (falso) é demasiado fácil de estabelecer num contexto em que a imagem dos militares metidos na cousa pública nom costuma ser bom sinal. A questom é que nem o Hugo Chávez do levantamento militar de 92 nem o Hugo Chávez que ganhou as eleiçons de 98 seriam possíveis sem um movimento popular que o apoiasse. A diferença fundamental entre o General Francisco Franco e o Comandante Hugo Chávez é que no primeiro caso a ascensom de Franco é mediante umha sublevaçom militar contra o povo e na defesa dos privilégios de classe de umha oligarquia que se divorciava da II República, partidária já de soluçons de mao de ferro ante um estado claramente avançado da luita de classes. O Comandante Hugo Chávez lidera um movimento de derrubamento do regime anterior, regime dirigido por umha burguesia vendida ao imperialismo ianque, sanguinária e corrupta.

O fracasso do levantamento dos militares bolivarianos é seguida de um acontecimento que pom início ao atual regime político na Venezuela; a vitória eleitoral de 98. Aqui fago minhas as palavras do Eduardo Galeano (quem dixo que a retranca era um traço exclusivamete galego?) num encontro que tivo no meu concelho, Oleiros, com os seus leitores e admiradores: dizia o genial escritor uruguaio que com efeito o Hugo Chávez era um ditador, mas um ditador muito curioso, porque continuamente ganhava eleiçons, referendos de reforma constitucional e mesmo referendos revogatórios promovidos pola própria oposiçom. Assumo essas palavras e ponho sobre o tapete a evidência de dous pesos e duas medidas: o que se usa com Chávez e o que se usa com o resto do mundo. O chefe do Estado espanhol, já agora militar também, nom ganhou eleiçom nengumha; no máximo, ganhou dous referendos: o que atou o seu papel sucessor de Franco e o da Constituiçom Espanhola, claro que este segundo nom o revogava como chefe de Estado se o perder: ele ia no pacote de todas a todas; se a constituiçom ficava referendada, ele seria chefe de Estado em virtude da nova lei e se nom, continuaria a ser em virtude do seu juramento de fidelidade aos princípios do Movimento Nacional, portanto, nem ponto de comparaçom.

Hugo Chávez era umha estridência estética, ideológica e política entre a constelaçom de mandatários mundiais. A camisa vermelha ou o uniforme militar destacavam de mais entre os fatos elegantes dos demais dirigentes. Mas nom era o único que rompia a monocordáncia mortecina entre os líderes. Também o faziam o seu verbo sincero, visceral, descarnado, pedagógico, rigoroso. E como amolava entre a tecnocracia fascistoide que, no meio de um debate sobre qualquer tema económico, ele citasse Marx ou Jesus Cristo, ou Simón Bolívar! Isso era o que de verdade amolava, e nom os tiques personalistas que sempre se lhe botárom em cara. Porque, de qualquer maneira, em que regime presidencialista nom há traços "caudilhistas"?

Eu gosto de Hugo Chávez na medida que ele foi revoluçom bolivariana, e nom se explica ele como fenómeno social e mediático, nem muito menos como líder político e vulto de Estado sem o movimento e a revoluçom bolivariana. Porque ele é nacionalizaçom dos recursos naturais, porque ele é universalizaçom da educaçom e a sanidade, porque ele é descentralizaçom da gestom local e desenvolvimento comunitário, porque nem Hugo Chávez era possível sem a revoluçom, nem é possível já conceber a revoluçom sem Hugo Chávez.

Porém, o mais importante é que eu gosto de Hugo Chávez na medida que ele estivo aí por vontade popular e contra a vontade do imperialismo e os seus esbirros. Muito mais importante do que a pessoa de Hugo Chávez é o que expressa o facto de que o povo numha maioria muito esmagadora depositasse a confiança no seu projeto. Este facto expressa que o povo venezuelano nom quer desviar-se da senda da libertaçom. Sorte nessa travessia a todo o povo trabalhador venezuelano.


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