E não estou a pensar agora no que defendem hoje ultramarginais grupos neo-nazis. Penso, antes bem, na realidade, cada vez mais tangível, de como os grandes poderes políticos e económicos, conscientes da escassez que se adivinha, parecem dispostos a ficar com esses recursos escassos e a alentar, para isso, um ativíssimo e militarizado darwinismo social.
E é que tenho a impressão de que nos encontramos ante as primeiras manifestações claras dessa conduta. Assumem, se assim o queremos, três modulações. A primeira é a invenção cristalina, amiúde estrambótica, de presumíveis condutas delitivas. A segunda é a demonização pública dessa condutas inventadas. A terceira, enfim, fala-nos da repressão direta dos protagonistas.
Não há que viajar muito para identificar a pegada desses três inapresentáveis fenómenos que venho de mencionar. Aquí, entre nós, na Galiza é fácil perceber nestas horas -o fenómeno, bem é certo, não é novo- uma arrepiante invenção de condutas delitivas, que curiosamente não tiveram concreção material nenhuma, uma demonização assentada na manipulação mais grosseira e, para terminar, o desenvolvimento de níveis de repressão que obrigam a concluir que os serviços de 'segurança' precisam com urgência tarefas que permitam justificar a sua existência.
Por isso nada é mais importante nestas horas que demandar a liberdade imediata, e sem cargos, de Carlos Calvo e dos outros companheiros que padecem os efeitos dessa nova repressão que vai crescendo. E já não só por eles: também por nós.
Fonte: De volta para Loureda.