1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 Votos)
Belém Grandal

Clica na imagem para ver o perfil e outros textos do autor ou autora

Em coluna

Trabalho e dignidade

Belém Grandal - Publicado: Sexta, 28 Dezembro 2012 00:07

É costume escuitarmos falar do trabalho como umha espécie de religiom que nos eleva aos altares, e mais ainda nesta época de crise em que escasseia para a imensa maioria das pessoas, e se nos di que o trabalho, seja qual for a tarefa a realizar, tem de encher-nos de dignidade.


Mas é isto assim...? Podemos fazer a afirmaçom “todos os trabalhos som dignos...”? É digno ou nos dignifica o trabalho capitalista...?

A esta última questom apenas é possível responder com um NOM. E as demais questons propostas no parágrafo anterior responderei umha a umha, analisando primeiro os termos e conceitos que intitulam este escrito e a sua inter-relaçom.

Com certeza, finalizarei esta dissertaçom oferecendo a resposta também à última questom a respeito da dignificaçom do trabalho e dos sujeitos que desenvolvem dia após dia estas tarefas integradas à força neste sistema que sementa injustiças e desigualdades e colheita destruiçom da vida, das sociedades e da própria dignidade humana.

Primeiro preciso de fazer umha análise a cada um dos conceitos propostos no título para depois expor a sua inter-relaçom.

Ao falarmos de trabalho apenas imaginamos o trabalho capitalista, pois é sequer o único a predominar e dominar na sociedade atual, exceto algumhas experiências cooperativistas que se desenvolvêrom e desenvolvem em casos concretos, mais também muitas destas com o tempo venhem em degenerar e em se tornarem empresas de todo adaptadas e enquadradas dentro deste sistema capitalista e consumista, e enchida só de valores económicos homogeneizadores, em que estamos imersas e imersos à força sendo integradas/os em cheio nele, deixando à margem e deitando polo chao os valores humanos de solidariedade, igualdade, repartiçom equitativa da riqueza na procura do progresso e da emancipaçom humana.

Emancipaçom que tem como esteio fundamental a procura dum equilíbro no desenvolvimento das três naturezas: individual, social, natural. Contemplando assim, a existência dumha categoria e condiçom humana em que só seria possível a criaçom de sociedades justas, a categoria em que o “sujeito pessoa”, tem como único objectivo a mudança de rumo da, até agora, “desumanidade” abrindo todo o seu ser a umha expansom máxima de todas as capacidades, condiçons e potencialidades, medrando em riqueza moral, social, cultural, lingüística, e inteletual por sí e para sí, quer dizer, no ser individual conjugado com a diversidade do ser social e o progresso das sociedades humanas.

Esta categoria do ser humano que se torna pessoa com consciência de sí, para sí e para a sociedade, nom é atingida por todas e todos os entes, sujeitos, ou tipos que moram e se desenvolvem nesta ditadura burguesa capitalista, homogeneizadora e aculturadora. É assim que polo momento, a categoria de pessoa, com consciência de sí e para sí, e aberta face o alvo do progresso da humanidade, nom tem a possibilidade de provocar umha mudança na construçom de novas sociedades, senom é atingida por umha imensa maioria de seres humanos. Será nessa altura em que exista a possibilidade viável de construirmos um novo mundo.

Falo cá de sociedades justas e nom de sociedade, já que a sociedade capitalista com sua ditadura burguesa homogeneizadora é apenas umha só, além de tentar destruir qualquer tipo de diversidade enriquecedora impondo todo o tipo de atrancos na consecuçom do equilíbrio entre estas tres naturezas, individual, social e natural ou física com o alvo de inocular a tese mercantilista em que todo se reduz a mercadoria, mesmos os próprios seres humanos somos apenas considerados como mercadorias. Nom há nada a fugir das leis do mercado, e vinculado a isto desenvolve-se um fenómeno denominado cousificaçom .

Quer a cousificaçom, quer o fetichismo som duas faces dumha mesma moeda, a económica capitalista, neoliberal e imperialista que patrimonializa todo o que acontez nas nossas vidas, nas relaçons humanas e sociais, no devir da nossa existência enquanto nom mudemos isto de vez.

A que denominamos cousificaçom ou objetificaçom?

Denominamos cousificaçom ao atribuimos um valor de cousa aos os seres vivos e animados, mesmo as pessoas e as suas relaçons humanas e sociais, para inclui-las no sistema mercantilista de compra e venda. É assim que lhes som atribuidos valores de cousas dispostas na ordem determinada dum circuito mercantil, onde o objetivo supremo é, extrairem destas cousas o máximo lucro capitalista.

Tudo, mesmo a própria pessoa, está imersa nesse circuito mercantil, cujo objectivo e extrair um lucro que tem de recair nos proprietários dos meios de producçom e nos possuidores do capital económico e financeiro, quer dizer, numha elite de poderosos e opressores capitalistas. Assim, as pessoas se tornam em objetos a venderem a sua força de trabalho, enquanto estes últimos se apropriam da mais-valia explorando a classe trabalhadora.

No processo homogeneizador da sociedade imbuida dos valores económicos capitalistas se invertem os termos e as qualidades, de tal jeito, que também aos objetos se lhes atribuem valores humanos. E com esse motivo muitas vezes falamos da dignidade do trabalho ou realizam-se afirmaçons do tipo: “todos os trabalhos som dignos”.

Mas isto nom é mais que um recurso do sistema capitalista-mercantilista-imperialista para evitarmos que a força de trabalho adquira consciência da sua opressom e exploraçom. A dignidade é umha qualidade apenas referida às pessoas, e nom é possível atribuirmos qualidades humanas às coisas, como também nom é possível cousificar as pessoas. E isto produz umha grande confusom, além dum processo homogeneizador que degenera numha alteraçom do ciclo vital que caminha face a destruiçom.

Qualquer trabalho que tenha como objetivo a acumulaçom do máximo lucro económico, baseado na opressom e na exploraçom da classe trabalhadora impedindo e coartando assim qualquer um desenvolvimento das capacidades, condiçons e potencialidades humanas para se abrirem, expandirem, e se enriquecerem através da sua expressom criativa e doses imaginativas, criando e construindo para progressar como pessoas além de se envolverem na diversidade social humana, nom é possível denominá-lo “digno”.

A dignidade apenas podemos encontrá-la no nosso próprio ser, na aquisiçom da consciência vinculada muito diretamente com a luita precisa para erradicar as injustiças, a opressom e a exploraçom mantendo o equilíbrio individual, social e natural e conjugando isto com a disposiçom para construirmos entre todas e todos um novo mundo novo sem qualquer diferença que venha dada pola existência das classes sociais.

Portanto o trabalho capitalista nem é digno, nem dignifica. A relaçom existente entre trabalho capitalista e dignidade na sociedade homogeneizadora mercantilista nom existe, ou existe apenas para justificar a exploraçom da classe trabalhadora por parte dumha minoria poderosa face umha imensa maioria trabalhadora. A única diferença existente no sistema capitalista é a que cria classes sociais dispostas hierarquicamente por umha minoria burguesa propiretária dos meios de produçom e do capital económico e financeiro face a classe trabalhadora despossuida de todos estes meios. Enquanto todo o demais se torna homogéneo com o objetivo de manipular e controlar a consciência de classe por sí e para sí e impedir, nom apenas, qualquer um tipo de resistência mesmo também umha resposta contundente que tombe de vez o sistema atual em que moramos destruindo um sistema injusto que acobilha nas suas entranhas umha violência imanente.

Embora sim seja preciso a existência da diversidade sem qualquer um tipo de hierarquias, umha biodiversidade natural, cultural e social, com um progresso que implique o equilíbrio entre as tres naturezas individual, social e natural, a desembocar na emancipaçom total do ser humano, na construçom criativa e imaginativa das sociedades baseada na horizontalidade e cooperaçom entre todas e todos e, baseada também na igualdade de direitos para desenvolvermos de cheio nossas capacidades e potencialidades. Umha sociedade pois, enchida da categoria mais elevada, a de “sujeito pessoa” que produz consciência de sí, para sí e para o progresso de toda a sociedade. Onde do trabalho constante, dia após dia, obtenhamos como resultado um trabalho digno e dignificador.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.