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Laerte Braga

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Lição de casa para Dilma – Copiar até aprender

Laerte Braga - Publicado: Domingo, 09 Dezembro 2012 21:15

Samuel Pinheiro Guimarães foi ministro de Assuntos Estratégicos no governo de Luís Inácio Lula da Silva e Comissário do MERCOSUL. No ministério de Dilma Rousseff foi substituído por Wellington Moreira Franco (não vale cair na gargalhada, o fato é real) e pediu demissão desse cargo quando do golpe contra o presidente Fernando Lugo, no Paraguai. Percebeu que o governo Dilma é de fancaria e segue à risca o receituário neoliberal.


Samuel Pinheiro Guimarães foi ministro de Assuntos Estratégicos no governo de Luís Inácio Lula da Silva e Comissário do MERCOSUL. No ministério de Dilma Rousseff foi substituído por Wellington Moreira Franco (não vale cair na gargalhada, o fato é real) e pediu demissão desse cargo quando do golpe contra o presidente Fernando Lugo, no Paraguai. Percebeu que o governo Dilma é de fancaria e segue à risca o receituário neoliberal.

Mais vale um Bolsa Família na mão, que contrariar os interesses de Eike Batista, um dos grandes acionistas do Brasil S/A e controlador do estado do Rio de Janeiro (está prestes a virar dono do novo Maracanã).

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, autor de vários livros e um dos nomes de maior prestígio na diplomacia brasileira (foi Secretário Geral do Itamaraty no período de Celso Amorim), em artigo publicado na revista FÓRUM confirma a marcha batida do Brasil rumo a sua transformação em posto de troca dos cavalos das diligências da Wells Fargo (sem descanso para os passageiros).

Fala da “desindustrialização e a desnacionalização” da indústria brasileira, que “têm forte impacto sobre o desenvolvimento econômico e social brasileiro em geral e sobre temas como emprego e salários, violência urbana, tráfico e o consumo de drogas e saúde da população”.

Em 2012 os índices de “desindustrialização e desnacionalização” estão batendo recordes.

Samuel Pinheiro Guimarães aponta os riscos que esse fenômeno traz para “integração sul-americana, a partir de sua base necessária que é o MERCOSUL, para a posição do Brasil no mundo e, em conseqüência, para sua política externa”.

Há dias um relatório apontou que o Brasil perde sua influência na América Latina como um todo pelas opções equivocadas do governo Dilma Roussef, mas que, em determinadas situações, são restos do governo Lula, no desastre chamado “capitalismo a brasileira”.

Todo o esquema de transferência do Brasil para o controle externo, logo de dependência, montado durante o governo FHC, permanece intocado e Dilma substituiu a palavra privatização por concessão. Quer privatizar com eufemismos de uma estatal de direito privado, inclusive, a administração dos hospitais universitários. O que, por baixo, significa além de exclusão social, precarização dos cursos de medicina em todas as universidades federais.

Dizem que a presidente é de esquerda.

Em 20 itens claros e precisos o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães mostra o precipício no qual se atirou o governo Dilma. As conseqüências serão entre elas a volta do esquema neoliberal original, ou seja, nada de cópia disfarçada.

O artigo do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães pode ser visto em

http://revistaforum.com.br/blog/2012/07/os-riscos-da-desindustrializacao-e-desnacionalizacao/

Uma das políticas praticadas pelo atual governo dentro do espectro traçado no artigo do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, o desmanche dos serviços públicos e o choque de poderes (Executivo versus Judiciário), com ênfase também para as políticas de alianças que chegaram a Dilma pelas mãos de Lula, se encaixa no que diz respeito às agências de fomento do Poder Público, voltadas hoje para privilegiar o capital estrangeiro, ou o capital nacional associado ao de fora.

E tudo isso é capitalismo. A análise de Samuel Pinheiro Guimarães não arranha a mudança de estruturas econômicas do País na sua base (capitalismo/socialismo), tão somente mostra a falência da concepção lulista de “capitalismo a brasileira” – conceito de Ivan Pinheiro, secretário geral do PCB –, até porque, às voltas com a crise que dissolve a União Européia e coloca os EUA na posição de urso ferido (acuado e beligerante, com um estoque de armas nucleares capaz de dissuadir qualquer adversário), sinaliza com dificuldades para o Brasil em futuro não tão distante.

“Um país com uma indústria atrasada e não-integrada é um país fraco econômica e politicamente, um país com sua economia desnacionalizada é um país com menor capacidade de fazer política econômica e de fazer política externa”.

O trabalho cita algumas causas da desindustrialização, como “política cambial e monetária que resulta, na prática, na valorização do real que estimula as importações e prejudica as exportações, uma política comercial que não combate com firmeza o dumping de produtos importados, o baixíssimo preço e o subfaturamento das importações, a ausência de políticas firmes de conteúdo nacional em áreas estratégicas como motores. A questão competitividade (sistema de transportes, educação, tributos, etc) como causa da desindustrialização é complexa e suas soluções são de longo prazo e, ainda que importantes, não evitariam o perigo que se corre, que é atual, urgente”.

O trabalho do embaixador não toca especificamente na questão da reforma agrária, mas deixa implícito que o modelo que nos leva de volta a idade dos produtos primários, digamos assim (mineração e agricultura), mostra a submissão do governo aos interesses seja de latifundiários, como de grandes corporações estrangeiras. É o caso dos transgênicos e do nióbio brasileiro.

Breve, se cuidados não houver, é possível a revogação da Lei Áurea, atingindo indistinta e explicitamente todos os trabalhadores, na esteira dos privilégios concedidos ao capital internacional e ao desleixo em relação a América do Sul.

Um alerta sobre as relações Brasil/China, os preços baixíssimos oferecidos pelos chineses e a forte procura por produtos primários, para chegar à conclusão que a não instalação de novas unidades produtivas e, óbvio, o não desenvolvimento de tecnologias próprias e fundamentais, coloca o Brasil a reboque dos países do BRIC, o que se configura na declaração do primeiro-ministro da Índia, que “o Brasil não sonha”.

Significa que o gigante continua adormecido e pior, indolente perdendo forças.

As dificuldades políticas de Dilma Rousseff decorrem das escolhas de Lula. As políticas de alianças, quando dispunha de instrumentos e força para reverter um quadro contra o qual os brasileiros se manifestaram com clareza em 2002.

E aumentam na incapacidade da presidente em superá-las, na sua visão técnica, até quando o ministro da Fazenda, Guido Manteca tenta manter o dólar em um patamar que torne as exportações lucrativas.

O desmanche dos serviços públicos, a política voltada para as universidades públicas, geradoras de tecnologias, impede transformar conhecimento em patentes e em “investimentos produtivos”.  “Decorre do fato que as empresas estrangeiras querem adquirem empresas brasileiras são, em geral, mega empresas multinacionais. Essas mega empresas já têm centros de pesquisa no exterior, em especial em países de sua sede, o que leva muitas vezes ao fechamento dos laboratórios de pesquisa que existiam nas empresas por elas adquiridas no Brasil.”

O fim de tudo isso?

“O Brasil corre o risco simultâneo de uma especialização regressiva na produção agropecuária e de minérios, acompanhada de uma contração do setor industrial e de atrofia de sua capacidade tecnológica de desenvolvimento, e de vir, assim, a se tornar uma mera plataforma de produção e de exportação das mega empresas multinacionais, inerme objeto de suas estratégias globais”.

Devia ser a lição de casa para Dilma ler e copiar até aprender, do contrário vai ser preciso construir celeiros com feno para os cavalos da Wells Fargo.


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