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Ramiro Vidal

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A república do verbo

Eu estava ali… e outros, onde é que estavam?

Ramiro Vidal - Publicado: Segunda, 22 Outubro 2012 15:45

No dia 23 de Outubro decorre em Compostela um julgamento em que estám encausadas onze pessoas pertencentes a diferentes coletivos e organizaçons, por terem cometido o delito de nom calar perante a provocaçom do supremacismo lingüístico espanhol, que no dia 8 de Fevereiro de 2009 se manifestava nas ruas de Compostela, claramente para reclamar a liquidaçom do galego da vida pública.


Essa é a meta que marcou Galicia Bilingüe desde a sua fundaçom e, de facto, a reivindicaçom central é a derrogaçom da Lei de Normalizaçom Lingüística, o que supom a demoliçom de todo o corpus legal existente que (teoricamente) garante a presença pública da nossa língua, atacando-o pola sua espinha dorsal.

Que quer Galicia Bilingüe, cada dia está mais claro, e portanto quem aparecer na mesma foto com Gloria Lago fica irremediavelmente marcado como inimigo declarado da nossa língua. Ainda que a alguns dos que se deixárom ver polo desfile que para esse dia organizou o Kuk Klux Klan lingüístico, nom lhes figesse falta tal gesto; bem lhes supúnhamos o lado de que fumavam.

A questom é que alguns e algumhas dos que nos dizemos defensores e defensoras da língua (e portanto dos direitos de quem usa essa língua) aquele dia decidimos saír à rua também. E responder àquela manda de fascistas doentes que nom eram bem vindos na capital da Galiza, nem estávamos dispostos e dispostas a permitir que utilizassem as nossas ruas e os nossos espaços para insultar a língua galega e quem a utiliza e a sente como própria.

Nom me arrependo de ter participado num ato de contra-manifestaçom e, além disso, o tempo vai dando a razom aos que decidimos responder a quem chegou para passear a sua sede exterminadora polo coraçom da nossa naçom. Poderia respeitar, e de facto formalmente respeitei, a opçom daqueles que ficárom na casa nesse dia, cousa que eles nom figérom comigo; outra cousa é que deixe de tirar as pertinentes conclusons. Diziam que ir ali tentar rebentar-lhes a manifestaçom era "seguir-lhes o jogo", dar-lhes o que queriam. Mas qual era o jogo realmente? Eu acho que o jogo era um passeio dominical dos fascismos hispánicos polas ruas de Compostela, e depois... depois "nom acontece nada". Os "aguerridos" defensores da língua cervantina iriam ao Franco brindar pola vitória conseguida, sem que o "sempre pacífico", tolerante e amável povo galego lhes dixesse nada nem figesse nada, apesar de que um exército de carpetovetónicos com um falsíssimo verniz "progre-moderno" os estivesse insultando, dizendo-lhes que som inferiores em origem porque os seus antergos criaram umha língua inferior da que ainda nom renegaram de tudo.

A marcha supremacista nom podia ficar sem resposta, porque nom era um inocente exercício de livre expressom; porque era umha demonstraçom de força muito calculada. Nom é umha questom aleatória nem casual que se escolhera Compostela para a orgia fascista. Se assim fosse, já me diredes porque Compostela e nom Bilbau. A pergunta responde-se por si própria. Fôrom à catolicíssima Compostela, a conservadora, apracível e blindadíssima Compostela, para que as pedras, os cregos, a omnipresente polícia, os pelegrinos e turistas, as beatas e todos os elementos da paisagem típica da cidade "do Apóstolo" fossem testemunhas bem entusiastas, bem silentes da sua "parada militar". Isso queriam, e nós iamos-lhes dar a razom? Venhem à Galiza "porque nom acontece nada", e nós iamos-lhes confirmar os pronósticos?

Estou orgulhoso de ter estado ali para lhes recordar que nom vai ter a festa em paz quem vinher insultar esta minha língua, na qual tantas geraçons sonhárom, sofrêrom, trabalhárom, criárom e, em definitivo, existírom. Estou orgulhoso de ter ido defender a nossa Compostela, alma mater das nossas elites, dos nossos criadores e pensadores, luz para tantos e tantas galegas e galegos que se assomárom desde lá ao mundo do conhecimento superior, lugar onde descansam Prisciliano e os reis galegos, a Compostela do Batalhom Literário, onde se fijo forte o General Solís, a dos Irmandinhos, a dos galeguistas... a Compostela que ficou impingida em cada umha das suas ruas dos sonhos de Murguia, Castelao, Rosalia de Castro, Pondal, Ricardo Carvalho Calero, Alfonso Fandinho Ricart, Maria e Corália, José Pasím... a Compostela das revoltas estudantis e dos primeiros Vinte e Cinco de Julho, do primeiro sindicalismo... antifascista, culta e galega, galeguíssima.

Quem se arrepujo naquele dia ao desafio fascista de Galicia Bilingüe defendia a memória dessa Compostela, a que contém esse pedaço tam prezado da nossa identidade coletiva e, com eles, com elas, revoltava-se o espírito daqueles inquilinos da Compostela rebelde. Ou pensam os canalhas fascistoides que aqueles que cultivárom a criaçom e o pensamento na nossa língua haviam de permanecer em plácida e cadavérica passividade perante o seu exabrupto xenófobo? Ou pensam que quem desafiou a morte fazendo frente ao fascismo em 36 havia de calar perante a patética exibiçom de umha Gloria Lago flanqueada por Ricardo Sáenz de Ynestrillas, Rosa Díez e Alfonso Rueda entre outros conhecidos fachas?

Essas onze pessoas que vam ser julgadas no dia 23 de Outubro som a pátria viva, mais alô de tópicos, símbolos, ou frases grandiloqüentes para encher a boca e nom dizer nada, e justificar o injustificável... que se somos um povo de paz, que se somos tolerantes; já resulta cansativa tanta ladainha choromicas. Nom pode haver paz para os traidores e renegados, que trazem ao mais granado do fascismo espanhol de excursom polas ruas da nossa capital. E é umha questom de dignidade apoiar as pessoas imputadas neste julgamento.


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